#Tecnologia para quem precisa

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Em nosso último artigo, apresentamos algumas das conclusões de um relatório organizado pela FAO e pela OCDE. Entre outros dados, o texto apresenta uma projeção de quanto a produção agrí­cola deve crescer nas próximas décadas para saciar uma demanda crescente. A resposta para o desafio, ali mesmo é encontrada: aumentar a produtividade nos paí­ses em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que é garantido o respeito a técnicas mais verdes no campo. Pois bem, nos próximos parágrafos queremos tratar da primeira parte da solução, qual seja: o aumento da produtividade nos paí­ses em desenvolvimento. Mais especificamente, queremos promover a reflexão sobre possí­veis obstáculos a tal desfecho.

A razão que nos leva a optar por um viés pessimista é simples, entretanto, quando se fala de tecnologia, o otimismo costuma predominar. í‰ recorrente a ideia de que a maioria dos problemas enfrentados pela humanidade – sejam eles médicos, ambientais ou mesmo materiais – serão, em algum momento, combatidos pela descoberta de algum cientista. Talvez este seja mesmo o caso para diversos fantasmas, como doenças graves ou as mudanças climáticas; sobre tal visão de mundo preferimos não opinar. O caminho até o desenvolvimento de uma nova tecnologia, ou a cura de uma patologia, porém, é longo e repleto de percalços.

No caso do aumento da produtividade, há diversos desafios que não podem ser esquecidos. Primeiramente, faltam recursos para o desenvolvimento de soluções aplicadas í  realidade de muitos paí­ses. Desenvolver o potencial da ífrica, por exemplo, exige investimentos que, na atualidade, estão longe do alcance daquelas sociedades. Ainda que a preocupação com a oferta de alimentos esteja na agenda de qualquer governo – ao menos na teoria -, polí­ticas articuladas de médio prazo só prosperam quando um Estado possui um ní­vel mí­nimo de organização. Infelizmente, dezenas de paí­ses no mundo carecem de tal estrutura e, por isso, pouco podem fazer para fomentar a produção agrí­cola.

Em segundo lugar, inexiste garantia de que a transferíªncia da tecnologia disponí­vel seja capaz de dar frutos no curto prazo. Os motivos são variados. Capital humano é fundamental para a operacionalização de uma tecnologia e este é um material escasso em diversas porções do globo. Pior, quando investimentos são feitos para que os seus habitantes adquiram mais conhecimento, não raramente o que se víª é a fuga destes cérebros em direção a mercados de trabalho mais bem organizados. Ademais, não raramente uma tecnologia resulta da observação de condições muito especí­ficas, estando presa ao espaço em que foi desenvolvida. Logo, é comum que um perí­odo de pesquisas e de adaptação seja necessário para que um pacote tecnológico seja útil em outro contexto.

Finalmente, quando as instituições não ajudam, é difí­cil imaginar que investimentos sejam realizados para promover o aumento da produtividade em uma determinada área. Ainda que uma empresa baseada em um paí­s desenvolvido esteja disposta a investir em pesquisa a fim de explorar economicamente a produção de determinada cultura na savana africana, só o fará se tiver garantias mí­nimas de que receberá uma remuneração adequada. Entre guerras e expropriações, inúmeros Estados oferecem incerteza demais para qualquer agente econí´mico. O resultado é conhecido de todos.

Por isso, a rota em direção ao aumento de produtividade nos paí­ses em desenvolvimento deverá vir acompanhado de inúmeras «chuvas e trovoadas». í‰ até possí­vel que, devido í s inúmeras dificuldades, tenhamos que escolher o «possí­vel», e não o «ótimo», para garantir algum resultado. Para que possamos chegar í  metade do século XXI com uma oferta de alimentos condizente com as necessidades da época, é preciso entendermos o que nos impede de termos tal realidade nos dias atuais. E aí­ vemos que, além de cientistas, precisamos de regras adequadas que os permitam trabalhar e forneçam condições de que suas descobertas sejam utilizadas.

Por Sylvia Saes e Bruno Varella Miranda

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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