Saputo mira mercados emergentes para crescer

Quando a Saputo Inc., maior produtora de leite do Canadá, venceu a disputa para adquirir uma das maiores fábricas de lacticínios da Austrália em 2014, pode ter parecido, a quem olhava de fora, que a empresa fez uma movimentação rápida de última hora, aproveitando a oportunidade de um acordo rápido.
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Quando a Saputo Inc., maior produtora de leite do Canadá, venceu a disputa para adquirir uma das maiores fábricas de lacticínios da Austrália em 2014, pode ter parecido, a quem olhava de fora, que a empresa fez uma movimentação rápida de última hora, aproveitando a oportunidade de um acordo rápido. Mas aqueles que prestaram mais atenção sabem que isso está longe da verdade: CEO Lino Saputo Jr., discretamente, fez incursões com a Warrnambool Cheese and Butter Factory Co. por mais de uma década.

Ele fez o primeiro contato com a leiteira australiana há 12 anos, e desde então foi aprofundando seu conhecimento sobre a empresa e o mercado, esperando pacientemente um momento em que um acordo poderia ser feito. «Tomou um tempo considerável», diz Saputo, que transformou seu negócio de família em um gigante do setor através de uma série de aquisições. Desde que a companhia abriu seu capital, em 1997, ele abocanhou cerca de duas dúzias de empresas menores, no valor total combinado de mais de US $ 4,7 bilhões. E, em uma entrevista recente, o CEO deixou claro que ainda não está satisfeito. Ao longo deste ano fiscal, a Saputo poderá adicionar mais três empresas ao seu portfólio cada vez maior – com destaque para a América do Norte, América Latina e Oceania como as regiões-chave que ela está de olho. Mas não espere movimentos declarados: o estilo de Saputo é ser paciente e sempre pensar três movimentos adiante.

A Saputo emergiu como a vencedora da negociação australiana, com um lance de US$ 450 milhões em dinheiro – dos maiores acordos da história da empresa, que surgiu em 1950 como uma empresa familiar que entregava muçarela fresca em domicílio. Em 1970 e 1980, a empresa comprou fábricas em todo o Canadá. Em 1988 entrou no mercado norte-americano através da aquisição de duas fábricas de queijo. Depois realizou uma série de aquisições estratégicas na década de 1990 que ajudaram a diversificar suas linhas de produtos e aumentar seu número de consumidores no Canadá e os EUA. Em seguida, expandiu suas operações para além da América do Norte na década de 2000 por meio de aquisições de duas plantas argentinas, uma série de instalações européias e, mais recentemente, a sua leiteria australiana.

Agora, com 12.000 funcionários ao redor do mundo e US$ 14,1 bilhões em valor de mercado, a Saputo é uma das 10 maiores processadoras de lácteos do planeta. Mas, para manter a sua posição e impulsionar crescimento, a empresa vai ter que ir além. O mercado de lácteos canadense torna-se cada vez mais competitivo, em especial na última década – fato que ficou evidente em junho, quando a Saputo divulgou seus resultados trimestrais mais recentes. A empresa descreveu o último ano fiscal como o mais competitivo. Uma guerra de preços começou no ano passado com Agropur e Parmalat, os dois maiores rivais da Saputo e levou a uma queda de 12% do lucro no setor canadense da empresa no terceiro trimestre comparado com o ano anterior.

O mercado interno apresentou também outro tipo de desafio: ativistas de bem-estar animal acusaram a empresa por práticas desumanas utilizadas por um dos seus fornecedores. A empresa introduziu desde então uma política de bem-estar animal em todas as suas operações no globo – um passo que a Saputo espera que lhes permita assumir um «papel de liderança» no tratamento mais humanizado dos animais.

No plano internacional, entretanto, Saputo Inc. tem visto um aumento de 42% de receita no ano fiscal corrente (em comparação com um crescimento de 5% e 18% no Canadá e nos Estados Unidos, respectivamente), e diz que busca crescer ainda mais por meio de aquisições futuras. A empresa já analisou mais de 200 possibilidades desde a abertura de capital; no momento as mais promissoras são aquelas em mercados emergentes, onde o consumo de produtos lácteos ainda está começando. «Nós estamos felizes com o crescimento de 1% a 2% nos mercados norte-americanos e em manter a nossa presença lá», diz Saputo, «mas nós estamos sondando mercados emergentes, que estão mostrando mais potencial de crescimento do que os mercados desenvolvidos».

David Sparling, professor e presidente de inovação e regulamentação agro-alimentar na Ivey Business School, diz que a estratégia de Saputo, até agora, deixou claro que quer ser relevante internacionalmente. «Eles querem construir mercados internacionais e domésticos», diz Sparling. «Quando você olha para onde eles estão: Estados Unidos, Argentina e Austrália – são mercados domésticos atraentes e ao mesmo tempo boas jogadas internacionais».

Um dos mercados mais tentadores, Saputo diz, é o Brasil, que ocupa o quinto lugar na produção de leite no mundo e foi o maior produtor de leite na América Latina em 2008, com uma quota de mercado de 46%, de acordo com um relatório do Wisconsin Internacional Trade Team. Saputo vê uma grande oportunidade porque a indústria de laticínios do Brasil ainda é muito fragmentada e, geograficamente, é perto para a Argentina, onde a empresa canadense já tem uma base. «A maior empresa pode ter US$ 1 ou 2 bilhões em vendas. Eles podem representar menos de 10% de toda a indústria e o resto dos jogadores são todos de pequeno e médio tamanho, variando de US$ 20 milhões em vendas a US$ 100 ou US$ 200 milhões. «, Diz Saputo. «Vemos um grande potencial em um consolidador no Brasil».

Saputo também vê potencial em alto teor de proteína ou leite aromatizado, queijos aromatizados e zipper-bag de queijo desfiado para atrair os consumidores. «Os consumidores no Brasil podem não estar habituados a produtos lácteos progressistas e inovadores», diz ele. «já nós estamos muito familiarizados com estes produtos e acho que podemos agregar valor ao sistema, além de serem consolidadores dentro do Brasil».

Outra área de interesse é Oceania, um prolífico produtor de leite. A Saputo vai continuar a crescer na Austrália, diz ele, e também está considerando possibilidades na Nova Zelândia, apesar de estabelecer uma base lá ser complicado, pois o mercado está fortemente concentrado.

A China é também um mercado emergente extremamente lucrativo para empresas de laticínios, dado o tamanho de seu mercado. A produção leiteira chinesa e o consumo aumentaram nas últimas três décadas, com a média de crescimento anual de 12,8% desde 2000 – como resultado da evolução das tendências de dieta, que estão mudando mais para alimentos ocidentais, de acordo com um relatório do Instituto de Política Agrícola e Comercial. O escândalo da melamina em 2008 forneceu grandes oportunidades de negócios para os produtores estrangeiros, já que os chineses já não confiavam mais em marcas nacionais. Por enquanto, porém, a Saputo não tem planos de criar operações na China, limitando o sua ligação com o país à exportação de leite em pó e UHT.

O sucesso global da Saputo não é garantido: Em seu último relatório trimestral, ela informou um lucro ajustado de 32 centavos de dólar por ação, bem abaixo da estimativa de 40 ¢ estimados. Isso ocorreu, pelo menos em parte, devido a uma queda abrupta e significativa nos ganhor do ano fiscal anterior – 28 milhões dólar mais baixo, em comparação com o trimestre correspondente. Peter Sklar, analista do Bank of Montreal, escreveu em um relatório que os ganhos também serão suprimidos em 2016, principalmente devido aos baixos preços das commodities lácteas.

Ainda assim, Saputo vê um futuro promissor para a empresa: «os mercados internacionais podem continuar a ser um desafio para esse ano e talvez em 2016, mas os nossos bases são sólidas e eu sinto muito otimista quanto ao nosso posicionamento atual».

Fonte: Canadian Business, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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