#Queijo:A guerra do parmesão

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Queijo fabricado no Brasil e outros alimentos pretensamente pirateados causariam perda de 60 bilhões de euros

 

Uma nova frente de combate à pirataria foi instalada na Itália. Em 25 de setembro, a Câmara dos Deputados do país aprovou, por esmagadora maioria, a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito contra a Falsificação. Mas, enquanto em outros lugares do mundo os alvos a ser exterminados são falsos produtos tecnológicos, brinquedos e vestuário, na Itália é o setor agroalimentar o principal foco da ação antipirataria. Entre os grandes inimigos nacionais está um velho conhecido brasileiro: o queijo parmesão.

 

“O setor agroalimentar é o mais fraco e exposto ao fenômeno do italian sounding. Um dos principais objetivos da comissão será analisar o fluxo comercial desses falsos produtos e articular normas e sanções adequadas”, afirma a deputada Colomba Mongiello, ligada ao Partido Democrático (PD) e autora do projeto de criação da nova comissão. Ela se refere ao fenômeno em que produtos alimentícios possuem nome, indicação e etiqueta que remetem à origem italiana, mas na verdade são 100% estrangeiros.

 

Para a Coldiretti (Confederação Nacional dos Empreendedores Agrícolas, em português), o italian sounding é responsável pelo fechamento ou não abertura de 300 mil postos de trabalho e por um prejuízo anual de 60 bilhões de euros à Itália. O faturamento de todas as exportações italianas do setor agroalimentar em 2012 foi de cerca de 31 bilhões de euros. De acordo com a instituição, as vendas para o exterior poderiam triplicar sem o falso “made in Italy”.

 

No ranking de produtos italianos mais copiados no mundo, os dois primeiros postos são ocupados pelas denominações de queijo “parmigiano reggiano” e “grana padano”, uma vez que o parmesão está difundido em todos os continentes.

 

“Sabemos que hoje, na América, 98% do queijo em geral é um falso italiano, com destaque para o parmesão. Pretendo, em breve, me ocupar da situação do Brasil, porque é um mercado muito grande, em expansão, um país emergente que é muito interessante para nós”, diz Rolando Manfredini, responsável pelo setor de qualidade e segurança alimentar da Coldiretti.

 

 

Certificação

 

Um dos símbolos da gastronomia nacional, o queijo considerado pelos italianos como parmesão – e cujo nome original é parmigiano reggiano – é um tipo duro e curado produzido exclusivamente no norte da Itália. Atualmente, apenas 3.500 criadores de gado e 380 laticínios possuem certificação para fornecer o leite e produzir o queijo, respectivamente. Pouco mais de 30% das 125.000 toneladas produzidas ao ano são exportadas.

 

Diretor do Consórcio do Queijo Parmigiano Reggiano, Riccardo Deserti conta que, hoje, uma das principais lutas da instituição é contra o italian sounding. “Já obtivemos uma sentença da Corte de Justiça Europeia dizendo que as traduções, seja espanhola ou portuguesa, são nomes protegidos e de exclusiva referência ao parmesão original. Por isso, na União Europeia, quem quiser vender queijo que não é o parmigiano reggiano, está proibido de chamá-lo de parmesan ou parmesão. Fora da comunidade, porém, não temos essa tutela. Estamos checando a possibilidade de inseri-la em nível internacional.”

 

O que é Italian sounding

 

>>>O fenômeno é responsável pelo fechamento ou não abertura de 300 mil postos de trabalho e por prejuízo anual de 60 bilhões de euros à Itália

 

>>>Em 2012, o faturamento de todas as exportações italianas do setor agroalimentar foi de 31 bilhões de euros

 

>>>Cerca de 40% do consumo brasileiro de macarrão, molhos, mortadela, parmesão, provolone e gorgonzola está ligado ao italian sounding

 

>>>Cifra do fenômeno no Brasil foi de 1,46 bilhão de euros em 2009, sendo que 355 milhões de euros foram só de parmesão

 

 

Exportações para o Brasil

 

A Itália é hoje o quinto maior fornecedor de queijos para o Brasil, atrás da Argentina (responsável por 77% das importações), Uruguai, Países Baixos e França. Segundo levantamento feito pela ICE (Agência para Promoção Internacional das Empresas Italianas, em português), de janeiro a junho de 2013, a Itália exportou para o Brasil 2,27 milhões de euros em queijos. Desse total, 65% foram de parmigiano reggiano e gran padano. Mas, de acordo com a instituição, o percentual poderia ser muito maior. Outra análise da ICE, esta referente ao ano de 2009, mostrou que quase todo o volume de parmesão consumido no Brasil é resultado de italian sounding, num montante de 355 milhões de euros gerados só naquele ano.

 

Para Roberto Lovato, responsável pelo setor agroalimentar da agência, por ser um negócio milionário, países como o Brasil tentam transformar o conceito de parmesão de “denominação de origem” para “tipo”. “Existe nos Estados Unidos um movimento estruturado que tenta tornar genéricas todas as denominações de produtos típicos europeus. Evidentemente, existe interesse de não haver essas tutelas, de que não venham definidas a origem e a autenticidade de um produto. É uma motivação típica de quem produz imitações.”

 

As críticas são rebatidas por Maria Cristina Mousquim, consultora da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq). Segundo ela, o parmesão brasileiro é um produto consolidado, comercializado há 16 anos com esse nome. “O Brasil, como também os países parceiros, faz parte do Codex Alimentarius, que estabelece as leis dos alimentos visando uniformizar os produtos. O órgão tem representantes dos governos de quase todos os países, visando à segurança do consumidor, à qualidade e à uniformização de produção.”

 

Maria Cristina afirma ainda que, de acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), não existe hoje pedido oficial de patente da Itália para nenhum queijo nacional. Diretor executivo da indústria paranaense de laticínios Frimesa – eleita produtora do melhor parmesão do Brasil em 2013 pela Epamig –, Elias José Zydek diz acreditar que a polêmica seja descabida, pois o queijo é um produto “universal”. “O que ocorre com o parmesão equivale ao trato que se deu ao mussarela. O mussarela é um queijo conhecido mundialmente que também teve suas origens na Itália, mas é hoje mussarela no mundo inteiro.”

 

Atualmente, o parmesão é o quinto queijo mais apreciado pelos brasileiros, com 62% da população afirmando que o consome, segundo pesquisa da Abiq.

Por Patrícia Araújo, de Roma

 

http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Economia-e-Negocios/noticia/2014/02/guerra-do-parmesao.html

 

 

 

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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