«O Brasil precisa urgentemente buscar novos caminhos para o produtor de derivados de leite, pois com a crise mundial que atinge fortemente a Europa, eu acredito que teremos espaço para levar produtos produzidos daqui para lá», essa é a expectativa do médico veterinário e sócio da Asserpec (Assessoria Pecuária Ltda.), Enedi Zanchet.

Segundo ele, a busca pela qualidade do leite somente será possí­vel se houver com o produtor uma forma de parceria em que o produto chegue í  indústria com a qualidade necessária; «até porque não existe como manipular a qualidade dentro da empresa. A qualidade tem que vir do campo», ressalta. «O produtor também precisa aceitar que está produzindo alimentos, logo a matéria-prima desses alimentos tem que apresentar qualidade. Além disso, a indústria precisa reconhecer esse esforço que o produtor faz visando í  qualidade, essa é a parceria que havia dito», completa.

A Gran Mestri já é uma empresa que trabalha com padrões internacionais de qualidade dos produtos. Mas, segundo o veterinário, exigir a qualidade do leite é, em princí­pio, um grande desafio. «Acredito que em pouco tempo todos os fornecedores de leite terão essa consciíªncia de qualidade. Cada vez mais, o mercado é exigente em termos de qualidade. O poder aquisitivo sobe no Brasil e com isso sobem as exigíªncias de qualidade dos produtos. Mas sabemos que muitas empresas não estão acostumadas a cobrar do produtor qualidade. E em alguns casos, quando se chega com uma proposta diferente, num primeiro momento é difí­cil ser aceita pelos agricultores, até mesmo pelos longos anos que eles produzem sem ter essa cobrança da indústria». QUALIDADE O diretor e presidente da Gran Mestri, Acari Menestrina, diz que o Brasil tem o leite mais caro do mundo e o pior em qualidade. «Temos problemas de contagem bacteriológica, células somáticas, coliformes totais, baixa proteí­na», comenta. Para ele, a qualidade da matéria-prima também é desafiadora; «por isso estamos fazendo um trabalho muito forte nesse sentido».

A Gran Mestri, conforme Menestrina, é a primeira indústria no paí­s a ter leite no padrão internacional. «Trabalhamos com um grupo seleto de produtores, nas propriedades destes, e os animais tíªm dieta alimentar, todos os cuidados de bem-estar, de higienização e sanitização. Não é difí­cil, mas ainda falta desenvolver mais forte essa cultura europeia de higiene», destaca.

Conforme Enedi, a empresa está conseguindo isso. «Os produtores fornecedores tíªm essa visão da importí¢ncia da qualidade, então, por isso, a empresa pensa em uma forma de fidelizá-los e uma das maneiras para conseguir isso foi abrir as portas da empresa para que eles conhecessem todo o processo, facilitando o entendimento da cobrança da qualidade da matéria-prima e fidelizando o compromisso com isso».

Para garantir qualidade, uma dieta alimentar e o bem-estar animal são fundamentais, mas um boa higiene também é essencial. «Dentro deste quesito de higiene, a qualidade da água é extremamente importante. Ainda mais porque sabemos que a as condições da água no interior são consideradas muito ruins. Temos uma preocupação enorme com as águas dos centros urbanos e não temos quase nenhuma preocupação com a água do interior, isso precisa ser melhor revisto. A água para nós é um desafio muito grande no meio rural, a falta dela é prejudicial, mas a má qualidade também é», opina o veterinário.

PRODUí‡íƒO

Alguns dos produtores que participaram do programa de fidelização, realizado na última semana na Gran Mestri, ressalvaram sobre a atividade. «Eu não tinha conhecimento do processo todo para a fabricação dos produtos, e essa visita foi muito boa, deu maior segurança para nós produtores e também para os consumidores, já que tudo é feito com rigoroso cuidado», comenta o agricultor Narciso Milan, de São José do Cedro, que tem na propriedade 18 vacas.

O jovem agricultor Alexandre Rigon, também de São José do Cedro, praticamente cresceu vendo os trabalhos da famí­lia na produção do leite. Segundo ele, já são mais de 15 anos de dedicação dos pais í  atividade. Atualmente, a famí­lia tem 40 vacas da raça holandesa. «Eu comecei a ajudar de forma mais intensa há uns quatro anos, por isso hoje estou aqui conhecendo um pouco do processo da Gran Mestri, que até então não tinha conhecimento. E ao mesmo tempo aprendendo e discutindo sobre a importí¢ncia da qualidade», comenta.

Conforme Enedi, mesmo com algumas dificuldades para mudar certos conceitos, a maioria dos produtores está se mostrando aberto a produzir com mais qualidade. «Na verdade, vejo a maioria dos produtores com a cabeça aberta nesse aspecto. E também a conscientização de que todos eles tíªm em mãos uma empresa e essa empresa tem que priorizar a qualidade do que produz e também administrar aquilo que vende».

Há cerca de dez anos trabalhando com gado de leite, a famí­lia da também jovem agricultora Amabile Sevaldi, de Guaraciaba, tem 19 vacas na propriedade; segundo ela, a qualidade do leite atualmente já é um grande diferencial. «Além de ser bom, pois garante melhor qualidade na fabricação dos produtos, o leite de qualidade internacional também é garantia de mais lucro para os fornecedores».

Folha do Oeste

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