As principais entidades patronais da agropecuária argentina decretaram uma paralisação nacional das atividades do campo que se estenderá da meia-noite desta terça-feira, 5, até o dia 12 de junho. O protesto deverá cessar a comercialização de todos os produtos, exceto os perecíveis. Aderiram í paralisação a Sociedade Rural Argentina, Confederação de Cooperativas (Coninagro) e Confederação Rural Argentina.
A mobilização acontece em função dos pacotes fiscais aprovados pelos governadores de Buenos Aires, Daniel Scioli, e de Entre Ríos, Sergio Urribarri, que aumentaram o imposto sobre propriedades do campo em até 350%, na semana passada.
Ao anunciar a greve, os dirigentes rurais reclamaram da inação do governo da presidente Cristina Kirchner diante do agravamento da crise com os governadores. «Podemos dizer com segurança que estas omissões estão dando curso a um processo de recessão que irá do campo para as grandes cidades. í‰ o oposto do ciclo que vivemos há alguns anos, em que a Argentina saiu do estancamento das cidades graças í força da produção rural», disse o presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, durante entrevista coletiva.
A última mobilização do gíªnero ocorreu no inverno de 2008, quando as entidades do campo reagiram í decisão do governo de Cristina de tentar aumentar as retenções sobre a soja, um imposto sobre exportações. O locaute de quatro anos atrás, que foi acompanhado de diversos protestos em Buenos Aires, levou a proposta a ser rejeitada pelo Senado argentino por um voto e foi determinante para que Cristina perdesse as eleições parlamentares de 2009.
Na semana passada, logo após a aprovação do pacote fiscal na província de Buenos Aires , houve um «cacerolazo» , protesto em que os moradores batem panelas nas varandas e janelas de sua casa, em diversos bairros da capital do país. A cidade de Buenos Aires não faz parte da jurisdição política da província de mesmo nome.
A rentabilidade do setor rural argentino este ano foi afetada pela seca no verão, que provocou queda na produção de soja estimada em 20%.
Fonte: Valor Econí´mico