Piá e outras cooperativas investem em estrutura e na qualificação do produtor

Em 2002, a Cooperativa Agropecuária Petrópolis (Piá) colocou no mercado o iogurte grego junto com multinacionais como a Nestlé. Repetiu a dose em junho deste ano, com o lançamento de novos conceitos para o produto: a versão sobremesa – sabores banana caramelizada e apfestrudel (este, exclusivo da empresa) -, além da linha de iogurte grego zero lactose.
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Em 2002, a Cooperativa Agropecuária Petrópolis (Piá) colocou no mercado o iogurte grego junto com multinacionais como a Nestlé. Repetiu a dose em junho deste ano, com o lançamento de novos conceitos para o produto: a versão sobremesa – sabores banana caramelizada e apfestrudel (este, exclusivo da empresa) -, além da linha de iogurte grego zero lactose. Até o fim de 2015, chegarão às prateleiras os leites infantis fortificados, as geleias premium com pedações de frutas e a manteiga extra. Não à toa, a Piá coleciona prêmios ininterruptamente desde 2007. No ano passado, foi considerada a marca preferida na categoria lácteos por dirigentes de outras cooperativas, empresários e jornalistas gaúchos.

A pequena cooperativa de Nova Petrópolis, cidade da Serra Gaúcha, cumpre os objetivos do cooperativismo de organizar a produção, dar assistência técnica a seus associados, manter vínculos com órgãos de pesquisa, trabalhar na difusão das boas práticas e das novas tecnologias, inclusive no que se refere à administração da propriedade agrícola, receber e armazenar a produção, verticalizar os negócios, agregando valor aos produtos por meio da industrialização. Com isso, gera mais renda e melhora a qualidade de vida dos cooperados e de toda a comunidade.

No Brasil, 1597 cooperativas agropecuárias abrigam 1105956 cooperados e 164320 trabalhadores. Elas respondem por 48,5% dos empregos oferecidos pelo setor e por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio nacional. “ O cooperativismo, responsável por 48% da produção agropecuária brasileira, colabora na geração e distribuição igualitária da riqueza. E ainda serve como colchão de amortecimento da sociedade nos momentos de crise”, comenta Renato Nobile, superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

O “colchão de amortecimento” continua funcionando bem, a despeito da complicada conjuntura econômica nacional. “As cooperativas do Paraná e de Santa Catarina cresceram em média 15,9% ao ano nos últimos cinco anos e devem registrar uma nova expansão de 10% a 12% em 2015”, afirma Nobile. O colchão vai dobrar de tamanho a depender das 228 cooperativas do Paraná. No ano passado, o setor faturou R$ 50,9 bilhões e, agora, começa a definir estratégias para chegar aos R$ 100 bilhões até 2020.

A Piá também lança olhares cobiçosos para a região Sudeste, que consome 45% dos lácteos brasileiros. A estratégia de conquistar este mercado, delineada há dois anos, começa a ser colocada em prática em São Paulo. A Piá participou pela primeira vez da feira realizada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), uma das maiores do mundo, e cadastra clientes na Baixada Santista, Campinas e cidades da região metropolitana de São Paulo. A cooperativa já negocia com uma grande rede de supermercados a colocação de 13 linhas de produtos, bem conhecidas na região Sul.
Com atuação apenas no Rio Grande do Sul, industrializa toda a produção de leite e frutas de 3500 associados. Aproximadamente 40% do produto recebido é beneficiado e comercializado em caixinhas. O restante é transformado em produtos lácteos. “O objetivo é aumentar o índice de industrialização para 60% nos próximos cinco anos”, revela o presidente, Gilberto Kny.

Além de industrializar, grande parte das cooperativas investe na verticalização das atividades. A Agroindustrial Lar tem um programa específico para a área. “É uma forma de criar novas alternativas de renda e distribuí-la melhor ao longo do ano. O agricultor tem uma renda anual com a produção de soja e milho, um rendimento a cada dois meses com a comercialização de aves, e outro mensal, com leite e ovos”, explica Jair José Meyer, gerente de alimentos e compras. A verticalização começa com a produção de sementes, frangos, leitões e rações e termina com a venda dos produtos industrializados.

Os 9799 cooperados da Lar produzem soja, milho, trigo, mandioca, leite, ovos, frangos e suínos no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. A cooperativa obteve faturamento de R$ 3,09 bilhões em 2014, crescimento de 13,18%. A expectativa é fechar esse ano com R$ 3,5 bilhões. Uma pequena parte dos produtos da Lar é comercializada em 14 supermercados próprios. Os grandes clientes são os três Estados da região Sul, embora os artigos cheguem a praticamente todo o país pelas mãos de atacadistas. Agora, o grande alvo é o mercado paulista.

A C.Vale, com sede em Palotina, no oeste do Paraná bateu, em 2014, faturamento de R$ 4,65 bilhões, aumento de 11,24% e, para este ano, a meta é uma expansão de 13%. Com 15562 associados e 115 unidades de negócios no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai, a C.Vale produz soja, milho, trigo, mandioca, leite, frango e suínos. Na área industrial, fabrica amido modificado de mandioca e rações. “Diversificar as atividades é a fórmula encontrada pela cooperativa para gerar mais benefícios sociais e econômicos e tornar-se mais competitiva. Acreditamos que essa estratégia vai nos garantir competitividade em novos segmentos de negócios e melhorar a qualidade de vida de nossos associados”, diz Alfredo Lang, presidente da C.Vale.

A competitividade está diretamente relacionada à qualificação dos associados, inclusive na administração da propriedade rural, uma preocupação constante das cooperativas. Assim são cada vez mais estreitos os vínculos com centros de pesquisa agropecuária e universidades. Os resultados aparecem. Na Cocamar, que atua nas regiões noroeste e norte do Paraná, sudoeste do Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo – seus produtores se dedicam ao cultivo de grãos – a parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) levou à implantação do sistema integrado lavoura-pecuária-floresta, que está recuperando vastas áreas de pastagens degradadas. “O faturamento dos produtores nos locais onde o sistema foi implantado há mais tempo aumentou dez vezes e está hoje na casa dos R$ 6,7 mil por hectare. Na região noroeste do Paraná, 1,5 milhão de hectares, dos quais 70% estão degradados, devem começar a produzir em larga escala em dois ou três anos”, diz Luiz Lourenço, presidente do conselho de administração da Cocamar.

Produção

A qualificação dos produtores de leite da Piá resultou em um expressivo aumento da produtividade. Hoje, as vacas produzem uma média de 12,5 litros/dia, bem próximo aos 14 litros/dia da Nova Zelândia e 15 litros/dia da Austrália. Detalhe: a média brasileira é de 4,5 litros/dia e a do Rio Grande do Sul, de 7,5 litros/dia. No ano passado, foram 180 milhões de litros, aumento de 18,42%. A meta é chegar a 200 milhões de litros em 2015. A tendência é que a crescente profissionalização da atividade rural resulte no afastamento gradativo dos mais ineficientes. A Cooperativa espera chegar a 2020 com dois mil produtores – hoje são três mil – e 22 litros/dia.

Em um momento em que a queda dos investimentos é um dos grandes problemas do país, as cooperativas continuam injetando recursos na área produtiva para obter resultados ainda melhores. De 2011 a 2015, a Piá fez o maior investimento de sua história na área industrial, de R$ 70 milhões, para triplicar o tamanho das câmaras frias e automatizar a unidade de processamento de frutas. “Além disso, entre 1% e 2% do faturamento anual é destinado à participação em feiras internacionais e pesquisas de mercado interno para conhecer as tendências mundiais de consumo, o uso de novos ingredientes, maquinários e tecnologias e, assim, definir a política de lançamento de novos produtos”, explica Tiago Haugg, gerente de marketing.

As outras três cooperativas mencionadas no texto investiram em 2014, juntas, R$ 781 milhões em estrutura e capacidade, e ainda há planos de investir mais R$ 1,35 bilhão no futuro.

Fonte: Revista Valor Setorial – Agronegócio.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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