#Pequenos pecuaristas aprendem a conviver com a seca e produzir mais leite com qualidade

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Maceió/AL – A presença constante de zootécnicos nos pequenos sí­tios e fazendas do Semiárido alagoano vem mudando a antiga forma de produzir leite na região. Eles foram inseridos no Programa Alagoas Mais Leite, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), que utiliza a metodologia Balde Cheio.

Assim, os produtores aprendem técnicas simples, como balancear a alimentação do gado e o plantio da palma de forma adensada, que podem fazer a diferença no perí­odo da seca.

Hoje, em povoados de vários municí­pios da Bacia Leiteira de Alagoas, a vida de pequenos produtores de leite vem passando por uma grande mudança. Acostumados a produzir leite da mesma forma que seus pais e avós faziam por gerações e gerações, os criadores desconheciam técnicas mais avançadas de produção e ficavam sempre na mão de atravessadores, pela comodidade de entregar o leite na porta do sí­tio ou fazenda.

O resultado dessa prática ancestral todos conhecem: baixa produtividade, condições de higiene precárias, dependíªncia eterna dos intermediários. Na época da seca, a difí­cil situação dos produtores se complicava ainda mais. Sem silagem de forrageiras e com baixo aproveitamento da palma, plantada de forma incorreta, o pecuarista via a produção despencar, quando não era obrigado a vender suas matrizes por qualquer preço.

Entre os municí­pios de Monteirópolis e Jacaré dos Homens, acompanhamos o trabalho dos zootécnicos da Cooperativa de Produtores de Leite da Agricultura Familiar da Bacia Leiteira de Alagoas (Coopaz). Fundada em 2008, a Cooperativa incentivou os produtores a formar pequenas associações. A partir daí­, eles começaram a receber o apoio do governo, através do programa Alagoas Mais Leite, que utiliza o Balde Cheio – uma metodologia criada pela Embrapa.

Emanuel Fontes Melo, 26 anos, casado e pai de uma filha, é um desses pequenos produtores que hoje utilizam os avanços do Balde Cheio. Com seis vacas em seu pequeno sí­tio, Emanuel consegue produzir cerca de 80 litros de leite por dia, o que dá uma média de 13,33 litros por animal (a média nacional é de 3,78 litros).

O zootecnista Douglas Menezes, da Coopaz, conta que a juventude de Emanuel ajudou muito a receber e entender as mudanças. “Encontramos nele muita receptividade para mudar a lida com o gado. Alguns produtores resistem í s inovações; já os mais jovens aceitam melhor a mudança”.

Douglas Menezes explica que Emanuel seguiu todas as orientações técnicas. Passou a anotar todas as informações numa planilha cedida pela Coopaz. “Quantidade de alimentação, vacinas, perí­odo fértil e de secagem do leite, bem como a produção leiteira, sem esquecer de incluir o leite consumido pelos bezerros e pela famí­lia. Tudo passou a ser anotado”.

Seguindo as orientações técnicas, Emanuel passou a dar leite diretamente aos bezerros, começou a ter cuidado com a higienização dos animais antes da ordenha e equilibrou a alimentação com adição de sal mineral í  ração e í  forragem. “Emanuel passou a respeitar o perí­odo de secagem do animal (são necessários 50 a 60 dias entre o fim da lactação e o parto), e produziu mais leite depois, recuperando o tempo de descanso fundamental para a recuperação da vaca”, afirma o zootecnista.

Inseminação artificial

Emanuel levou tão a sério as mudanças que hoje participa de um concurso de qualidade do leite. Todos os dias, amostras são coletadas e enviadas í  Universidade Federal Rural de Pernambuco para análise. O concurso é fruto de uma parceria com a Seagri e o Sebrae.

Outro ponto importante é o melhoramento genético do rebanho. “Todas as vacas mestiças do Emanuel receberam síªmen de touros das raças Gir, Girolando e Holandíªs. Dentro de um ano e tríªs meses, uma bezerra, fruto da inseminação já poderá produzir leite. Isso é o que pretendemos. Representará um aumento ainda maior da produção”.

Conví­vio com a seca

Mesmo depois do último e difí­cil perí­odo de estiagem, os animais de Emanuel estão em boas condições. “Sofremos muito com a seca, mas não perdemos um único animal. Comprava ração e bagaço de cana. O mais difí­cil foi mesmo a água”, conta Emanuel.

Para garantir forragem em quantidade suficiente para o gado, o produtor aprendeu a técnica de plantio ‘super adensado’ de palma. “Plantando desta forma, a produtividade será bem maior. A colheita poderá ser feita em apenas um ano e meio, diferente da forma antiga de plantio, onde eram necessários quatro anos para a utilização da palma”, ensina Douglas Menezes.

“Nos tanques de resfriamento de dois mil litros, instalados nos povoados, os pequenos produtores armazenam o leite, mantendo a qualidade por mais tempo. Outra vantagem é garantia de compra da produção. Antes, o leite era entregue a 65 centavos. Hoje a Cooperativa compra o leite por 1 real e 12 centavos, e tríªs centavos por litro ficam para a manutenção dos tanques de resfriamento”.

Diferente de Emanuel, o vizinho dele, Milton Alves, 60 anos, fez parte um dia do programa. Seu Milton, como é conhecido, insistia em usar os antigos métodos de produção e não seguia a recomendação dos técnicos, preferindo o velho modo. “Estou meio desanimado, gastei muito nesta seca e agora vou diminuir a quantidade de vacas”.

Para Emanuel, a história é bem diferente. “Penso em aumentar o rebanho e ampliar a área plantada de palma. Estou muito satisfeito agora”, conclui.

Alagoas Mais Leite

O programa Alagoas Mais Leite é coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento (Seagri) e foi iniciado em 2009. Hoje, atende a cerca de mil famí­lias. Segundo o gestor do programa, o engenheiro agrí´nomo Renato Carvalho, são trabalhados cinco eixos: organização dos produtores, planejamento forrageiro, qualidade do leite, gestão da pequena propriedade e melhoramento genético.

“A pecuária de leite é a atividade que mais gera renda para as famí­lias do campo. Para apoiar esses produtores, o Governo reuniu uma série de ações no Programa Alagoas Mais Leite. Dessa forma, ajudamos os criadores a fazer a ordenha manual higiíªnica, gestão da unidade produtiva, inseminação artificial, produção de forragens para alimentação animal e, com isso, ganho de mercado. Mas o principal objetivo é o estí­mulo ao cooperativismo e ao associativismo, pois dessa forma se muda a cultura, o modo de produzir e de enxergar a atividade. Assim, os resultados são permanentes e teremos a reestruturação da pecuária de leite em Alagoas”, enfatizou o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, José Marinho Júnior.

Renato Carvalho explica que, se no Brasil 50% da produção leiteira vem da agricultura familiar, em Alagoas esse número chega a 80%. “A pecuária leiteira é uma atividade forte no Semiárido alagoano, gera muita renda e emprega muita gente”.

No Estado, 500 produtores já utilizam a metodologia do Balde Cheio. Em Alagoas, o foco dado foi na preparação para o conví­vio com a seca. “Quando os produtores estão organizados e assistidos, eles se desenvolvem”, afirma o gestor do Alagoas Mais Leite.

“Todos os dias são comprados 80 mil litros de leite pelo Programa de Aquisição de Alimentos – Modalidade Leite (PAA), ao preço de 1 real e 9 centavos, acima do valor pago pelos atravessadores. Outro ponto importante é que os produtores podem armazenar o leite nos tanques de resfriamento cedidos pelo Programa, garantido a qualidade do produto por muito mais tempo”, destacou Renato Carvalho.

Fonte: Revista Leite

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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