O leite em pó é considerado uma commodity no mercado internacional, assim como o petróleo, a soja, o ouro e outros minerais. Na década de 90, o produto chegou a valer menos de US$ 1.000 a tonelada; no ano passado, superou em alguns momentos os US$ 4.000 a tonelada e, atualmente, está em cerca de US$ 2.500/US$ 2.600 a tonelada.
Um alimento de primeira necessidade deve ser considerado como tal, tão emblemático e com características que serve essencialmente para o desenvolvimento, não somente físico, mas também intelectual principalmente de crianças. í‰ necessário que esse produto esteja exposto aos vaivens dos «mercados especulativos»?
Atualmente, lemos e escutamos a grande preocupação de certos setores dirigentes que questionam se o setor leiteiro corre perigo, se será substituído pela soja, se será um produto de exportação e etc. Será que em algum momento, chegou-se a planejar a produção na Argentina 20 bilhões de litros e exportação a preços mais baixos? E que China, índia e ífrica necessitam alimentar mais e melhor sua população, entre outras coisas?
São pouco os países que tem condições de produzir esse produto e a Argentina é um dos mais bem posicionados. No entanto, os produtores não são os mais indicados a armar uma política sustentável no tempo. Porém, é necessário ter consciíªncia de que para que seja «sustentável» no tempo, não se pode estar í mercíª nem de mercados, nem da falta de políticas internas sensatas.
A reflexão que se deve fazer é se não temos que divulgar em todos os í¢mbitos, nacionais primeiro e mundiais depois, que esse é um alimento fora de comparação com qualquer outro, portanto, todos os «setores econí´micos» do mundo tíªm que fornecer a segurança na produção de leite. Essa não deve estar exposta a nenhuma outra coisa a não ser o clima, que já não é pouco, e deve-se saber que, produzindo de forma eficiente em sua propriedade e com a qualidade requerida, seu futuro não é uma incerteza como é atualmente.
Esse aparente benefício para o produtor leiteiro seria muito maior para os outros «setores econí´micos» (informática, automotriz, construção, profissionais, comércios e serviços, etc.), dado que, ao aumentar a população com maior coeficiente intelectual, aumenta automaticamente as pessoas em condições de consumir produtos com alta tecnologia incorporada.
Conclusão: o leite não é uma «commodity». í‰ o único alimento que não pode ser substituído no desenvolvimento dos primeiros seis anos de vida de uma pessoa. Os produtores não podem ficar expostos ao mercado, sendo que a especulação financeira os poderão castigar pela sobreoferta do produto.
O artigo é de Victor Viotti