Novas atividades ou migração para outro ramo surgem para viabilizar a propriedade rural

A economia brasileira em crise, mudanças climáticas castigando quem depende da natureza, estiagem ocasionando falta de recursos.
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A economia brasileira em crise, mudanças climáticas castigando quem depende da natureza, estiagem ocasionando falta de recursos. O país parece estar de cabeça para baixo. Pelo menos é o cenário que alguns produtores enfrentam. Durante anos, trabalhar apenas com um tipo de produto foi suficiente para sustentar a família e ainda ter algumas regalias, mas, atualmente, essa não tem sido uma realidade. Muitos têm que diversificar as atividades e ampliar os negócios para sobreviver.

É o caso do produtor Domingos Ferreira Rios que, desde pequeno, acompanhava o pai nas colheitas de café na Fazenda Pernambuco, em Caputira, localizada na Zona da Mata mineira. O sustento da família sempre veio da venda das sacas de café. Com o passar dos anos, os custos aumentaram e a família também. Somente a lida com o café não é mais suficiente para manter a qualidade de vida mantida até então.

“Comecei com a produção de queijo em agosto de 2013. Tirávamos leite na fazenda e, precisando complementar a renda familiar, resolvi, então, aproveitar a oportunidade e ampliar a atividade, abrindo um minilaticínio”, conta Domingos Rios.

Para iniciar a produção, ele fez um curso oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Minas). “Aprendi a fazer vários produtos e também descobri quais seriam mais rentáveis. Comecei produzindo queijo minas padrão e bebida láctea fermentada. Com o tempo, incluí a produção do queijo frescal, morbier, doce de leite pastoso e pão de queijo”.

Desafios

Domingos Rios relata que teve dificuldades na implantação da nova atividade, que precisou de investimento em equipamentos e estrutura para produção.

No início, ele conta que foi necessário fazer os queijos nas panelas e fogão que já tinha em casa. Na medida em que os produtos foram sendo aceitos no mercado, ele foi ajustando um local próprio com equipamentos específicos para a fabricação.

“Um dos momentos mais difíceis é quando você programa a produção de acordo com as vendas anteriores e não consegue vender. Além disso, a burocracia e o preço dos selos da Vigilância Sanitária dificultam muito o processo de registro para quem está começando”, afirma o produtor.

Atualmente, Domingos Rios tem um colaborador que o ajuda na fabricação e, com isso, ele consegue manter uma regularidade nas vendas. “Apesar de estar indo bem com o laticínio, não posso abrir mão do café, porque ainda é minha fonte principal de renda. Os produtos lácteos têm sido bons complementos e, quem sabe no futuro, possam representar uma fatia maior do faturamento na propriedade”, anseia Domingos Rios.

Produtor migra do gado de leite para o de corte

Em Carmo da Mata, no Centro-Oeste mineiro, a 160 km de Belo Horizonte, João Edson de Souza passa por situação semelhante. O produtor, que há oito anos trabalha com o gado de leite, está migrando para o gado de corte. São cerca de 200 cabeças, entre bezerros e vacas, distribuídas em três fazendas na região, que João de Souza pretende negociar para a troca.

Para ele, são muitas as barreiras a serem enfrentadas por quem cria o gado de leite, mantendo a esperança de que as coisas serão um pouco mais fáceis com os negócios realizados com o gado de corte.

“As principais dificuldades para quem trabalha com o gado de leite são: mão de obra cara e com pouca qualificação; custo alto de produção e preço baixo do leite; falta de acesso às tecnologias para o pequeno produtor, o que gera concorrência desleal, e o pouco incentivo do governo”, diz.

Novas atividades ou migração para outro ramo surgem para viabilizar a propriedade rural
ATIVIDADE PRINCIPAL – Mesmo com os lácteos, a produção de café na Fazenda Pernambuco é o principal sustento da família (Marcílio Martins/Divulgação)

Outra renda

Além do gado, João Edson de Souza tem outra fonte de renda que não está diretamente ligada ao campo. Há anos, o produtor escreve livros e já tem três registrados: “Sabedoria Diária”, “Inspiração de um Camponês” e “Alcance”.

O último será lançado em julho. São cerca de 5 mil exemplares confeccionados para cada publicação e distribuídos nas livrarias e bancas de Belo Horizonte.

João de Souza diz que gosta mesmo é da vida nas fazendas, e explica porque também aprecia escrever os livros: “Escrevo porque tenho um dom. Falo sobre sabedoria, justiça, honestidade, fidelidade, entre outros valores que estão faltando na sociedade”, explica. Apesar disso, em tempos de crise, uma fonte de renda a mais é sempre bem-vinda, na opinião do pecuarista.

Em meio à crise, agronegócio é a área mais otimista

Mesmo com as dificuldades do momento atual, que exige boa gestão e tomada de atitude por parte dos produtores rurais, o Fórum Leader Thinking, realizado em São Paulo, no mês de maio, mostrou como resultado de uma pesquisa que o agronegócio é uma das áreas mais otimistas, apesar da instabilidade.

A pesquisa ouviu 301 executivos de grandes empresas, a maioria com faturamento acima de R$ 1 bilhão ao ano, de segmentos como agronegócio, tecnologia, alimentação, saúde, construção e engenharia.

No encontro foi falado sobre um possível crescimento no setor de até 10% em 2015. Segundo Paulo Cesar Rovai, um dos organizadores do fórum, o agronegócio é um dos setores mais confiantes porque acumula bons resultados e tem potencial de expansão.

“Talvez o fato de estar mais familiarizado a trabalhar com fatores que não pode controlar, como o clima, por exemplo, faz com que haja maior resiliência para enfrentar melhor estes momentos de tensão”.

“As principais dificuldades para quem trabalha com o gado de leite são: mão de obra cara e com pouca qualificação; custo alto de produção e preço baixo do leite; falta de acesso às tecnologias para o pequeno produtor, o que gera concorrência desleal, e o pouco incentivo do governo” João Edson de Souza – Produtor em Carmo da Mata
“É difícil quando se programa a produção de acordo com a venda anterior e não consegue vender” Domingos Rios – Produtor em Caputira

http://www.hojeemdia.com.br/noticias/for%C3%A7a-do-campo/novas-atividades-ou-migrac-o-para-outro-ramo-surgem-para-viabilizar-a-propriedade-rural-1.325590

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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