#Mulheres que dominam o campo

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Na direção de máquinas pesadas e implementos agrícolas, trabalho feminino se destaca pelo capricho e pela qualificação

 

 

Encontrar mulheres que desempenham tarefas consideradas masculinas no mercado de trabalho não é mais novidade. Hoje, é possível dizer que não há mais reservas: elas estão cada vez mais infiltradas no “mundo dos homens”, mostrando que inteligência e sensibilidade às vezes desbancam a força física no mundo profissional. Esse é o caso de mulheres que estão descobrindo no campo novas oportunidades de fazer carreira, na lida das lavouras e da criação, operando máquinas pesadas e tecnológicas.

 

De acordo com presidente da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Luiz Humberto de Oliveira Guimarães, o capricho e a responsabilidade são os principais atrativos da mão de obra feminina para este segmento. “Os equipamentos costumam ser sensíveis, precisam de tato para serem operados e de qualificação”, comenta.

 

Segundo ele, usinas e propriedades produtoras de leite são as empresas rurais que mais contratam mulheres no Estado. “Elas são aceitas com facilidade. Todo criador quer ter certeza de que um bezerro doente vai ser tratado com cuidado para se recuperar com rapidez, ou que a ordenha mecânica será realizada com eficiência e higiene”, comenta o presidente.

 

José Humberto ressalta que a resistência na contratação das trabalhadoras é cada vez menor, uma vez que produtores e criadores estão atrás de competência e profissionalismo. “Não acredito que haja muitos preconceitos quanto a isso. O contratante busca o sucesso do empreendimento em qualquer circunstância.”

 

“Se 80% dos meus funcionários fossem mulheres, eu estaria tranquilo a respeito da qualidade do serviço”, comentou o presidente. Segundo ele, muitos outros produtores também pensam assim. O problema, no entanto, ainda está no número reduzido de mulheres que procuram o setor para trabalhar. “O segmento está receptivo”, diz.

 

 

Qualificação

 

O presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) do Estado, Marcelo Martins, concorda com esta perspectiva. Segundo ele, as contratações independem do sexo do candidato. “O que pesa para a seleção deste tipo de trabalho no campo é a qualificação”, afirma.

 

Segundo ele, historicamente as mulheres são mais dispostas a estudar. Esse ponto ajuda no destaque feminino em qualquer área de atuação. “Zelo, conhecimento técnico e, muitas vezes, a vantagem de não ter vícios de origem ajudam na escolha de mulheres para operar equipamentos avaliados em mais de R$ 1 milhão”, pontua.

 

Dados do Senar comprovam essa disponibilidade feminina em aprender e buscar uma nova carreira. Em 2011, os cursos da entidade contaram com 14.468 mulheres. Este ano, até o último dia 5, a participação das alunas já contabiliza o total de 11.429 vagas preenchidas.

 

De acordo com o presidente do Senar, os números surpreendem ainda mais com relação aos treinamentos específicos para a operação de máquinas pesadas para o trabalho no campo, como colhedoras, tratores, motosserras, entre outras. No ano passado, 966 mulheres fizeram o curso. De janeiro de 2012 até agora, 832 futuras profissionais foram matriculadas.

 

Sobre os treinamentos, Marcelo Martins acrescenta que também não há diferenciação. Ele ressalta que os cursos são realizados em turmas mistas, até porque as mulheres precisam ter o mesmo nível de preparação tecnológica e mecânica que os colegas homens. “As empresas estão em busca de bons operadores, que entendam as máquinas acima de tudo.”

 

 

Atrativos

 

Ainda conforme Marcelo Martins, ao contrário do que possa parecer, as profissionais que atuam neste segmento raramente têm origem ligada ao campo. Ele explica que a necessidade de qualificação devido aos aparatos de bordo – como computadores, GPS, entre outros equipamentos – torna imprescindível níveis de instrução acima da média.

 

Segundo ele, grande parte dessas mulheres vêm de outras áreas, atraídas pelos benefícios oferecidos pelo trabalho, como qualidade de vida e boa remuneração. “A descoberta desse nicho de mercado tem colaborado com o movimento inverso do êxodo rural. O salário oferecido é um dos fatores que mais pesam nesse sentido, podendo chegar até a R$ 3 mil por mês, dependendo do rendimento do funcionário durante a safra.”

 

Além da oportunidade de crescer na usina em que trabalha há 12 anos, o aumento salarial foi um dos fatores que estimularam a líder de frente de colheita, Marli Pereira Rosa, a abandonar o antigo cargo. Na empresa desde 2000, ela conta que começou como auxiliar de laboratório, onde pesquisava sobre controle a biologia da cana. Depois de prestar uma prova coletiva, a funcionária conta que começou a fazer um curso de máquinas e implementos agrícolas, quando passou a operar trator de transbordo.

 

“Quando assumi essa área, comecei a fazer outro curso. De 2009 a 2011, eu estudei sobre o funcionamento da colhedora, mas pulei, não cheguei a operar, porque fui direto para a coordenação do setor. Hoje administro cinco frentes, cada uma com quatro colhedoras e dois tratores”, conta Marli. Segundo a supervisora, ela foi a primeira funcionária da usina a receber esse treinamento e a primeira a se tornar uma líder de frente.

 

Marli conta que quando assumiu o posto sentiu grande resistência por parte dos outros supervisores, especialmente porque ela estava grávida. “A equipe que eu comando nunca demonstrou qualquer tipo de preconceito. Mas meus colegas me diziam que eu não conseguiria desempenhar a função pela dureza do campo e pela carga da responsabilidade. Mas eu provei o contrário e trabalhei a minha gestação inteira, até a última máquina da safra ser desligada”, comenta com orgulho.

 

Colega de Marli, a operadora de colheitadeira Maria Madalena de Oliveira comenta que passa de quatro a cinco horas por dia na direção da máquina no período de safra. Ela conta que este é o sexto ciclo que trabalha na usina, onde começou na irrigação da lavoura. “Eu fui convidada a participar do treinamento e passei a operar tratores de transbordo. Logo comecei a me preparar para conduzir a colhedora, porque sempre preferi a parte da colheita.”

 

Maria Madalena conta que ama a profissão e a ideia de fazer parte de um grupo de mulheres pioneiras. Ela especifica que ao topar o desafio, cresceu na empresa e melhorou o salário, que hoje é quase três vezes superior ao inicial. “Nunca sofri com preconceito por parte de meus colegas. Sou a única mulher da minha equipe e tenho orgulho disso. Gosto de pensar que, mesmo havendo dificuldades, nada é impossível de ser feito por quem tem interesse em aprender e dedicação para trabalhar.”

 

http://www.dm.com.br/texto/54556

 

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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