Gravidade da situação deixa São Fidélis em estado de emergência.
Em São Francisco, situação só não é pior, pois o gado está sendo vendido.
O gado que resiste parece não ter tanto tempo de vida (Foto: Cléber Rodrigues/Intertv Planície)O gado que resiste parece não ter tanto tempo de vida (Foto: Cléber Rodrigues/Intertv Planície)
Chuva é o que todo produtor rural do Norte do estado do Rio de Janeiro vem esperando nos últimos meses. Devido à estiagem, mais de mil cabeças de gado morreram em São Fidélis e cerca de 700 animais morreram em São Francisco de Itabapoana.
Na madrugada desta segunda-feira (20), choveu na região, mas a Defesa Civil considerou insuficiente a quantidade que chegou próxima dos 6 milímetros. A situação é tão grave que a prefeitura de São Fidélis decretou estado de emergência desde o dia 30 de setembro. São Francisco está levantando um estudo para avaliar o dano e também deve decretar emergência nos próximos dias.
Depois que o município decreta emergência, o pedido de ajuda é enviado à Brasília. De acordo com o Ministério da Integração Nacional, todos os processos passam por análise técnica da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O processo do município de São Fidélis está em análise para que a situação seja reconhecida pelo Governo Federal.
Em São Francisco, para onde quer que se olhe, animais mortos são vistos. O gado que resiste parece não ter tanto tempo de vida. O produtor Marcelo Crespo Gomes contou que em 100 anos esta é a pior seca que a família dele já viveu. A estiagem castiga o município e gera prejuízos consideráveis. Das 100 cabeças de gado da propriedade de Marcelo, 18 morreram. Cerca de R$ 40 mil perdidos.
Orlando Hentzy também é produtor rural e disse que fica muito triste de ver a seca e não poder fazer nada. “Já tirei 350 litros de leite por mês e hoje tiro no máximo 20. A vaca não tem nada pra comer”, contou. Nos últimos 3 meses, 40 cabeças de gado morreram na propriedade de Orlando, em São Fidélis, 13% de todo o rebanho.
No município de São Francisco, a situação só não é pior porque muitos criadores de gado estão optando em vender os animais para outras regiões, mesmo com preço abaixo do mercado. A perda total do rebanho chega a 15%. Além do gado, a lavoura está prejudicada. A produção leiteira sofreu queda de mais de 30 %. Produtor que antes tirava cinco baldes de leite, hoje tira apenas um.
Em São Fidélis, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura, a perda na olericultura é de 60% e na produção de leite, 90%. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, já são pelo menos seis meses sem chuva significativa na região. Sem comida para alimentar o gado, o produtor teme por mais perdas.
“Além da falta de chuva, também enfrentamos dificuldades para pegar cana. Às vezes, por conta das longas filas, um caminhão sai às 5h para buscar o alimento e só retorna às 21h. Se a gente tivesse 50 caminhões de cana não seria o suficiente para atender os produtores e a cana está acabando. Todo mundo busca a cana porque é um recurso mais barato, mas ela já está ficando cara”, explicou o secretário de agricultura de São Fidélis, Gilberto França.
http://g1.globo.com/rj/norte-fluminense/noticia/2014/10/seca-castiga-norte-do-estado-do-rio-e-mais-de-1700-animais-ja-morreram.html