No decorrer dos meus 60 anos de trabalho nas cooperativas leiteiras, com passagem de 20 anos pela Cooperativa Central dos Produtores de Leite (CCPL) – pude ver e acompanhar a extensa trajetória que o produto percorre.
Atualmente, podemos dizer que o setor avançou graças à implementação de algumas mudanças. Entre elas, é possível citar como a principal a Instrução Normativa nº 51 do Ministério da Agricultura que, entre outras medidas de longo alcance, estabeleceu a obrigatoriedade da colocação de tanques de expansão ou resfriamento nas propriedades produtoras, garantindo, com isso, o envio do leite à unidade industrial com qualidade garantida.
Essa mudança foi de tal forma chocante que mexeu com a cabeça dos produtores. Os mais rebeldes e afoitos diziam: «Não vai dar certo!» Mas a realidade provou o contrário. Hoje todos reconhecem os benefícios daí recorrentes, e nem se lembram mais dos velhos e enferrujados latões.
Com relação à produção, embora os vários números com que lidamos não fechem com a exatidão requerida, sabe-se que se aproximam e se tornam confiáveis. Por exemplo, os dados compilados pela SCOT Consultoria informam que, de 2000 até 2012, a produção do país passou de 19.7 bilhões de litros para 32.5 bilhões, com crescimento significativo.
O Brasil está em quinto lugar entre os maiores produtores mundiais, e tem à sua frente Índia, Estados Unidos, Paquistão e China.
Já o Rio de Janeiro figura na décima primeira posição entre os estados produtores, com cerca de seis milhões de litros/ano, necessitando importar perto de 70% das suas necessidades. É preciso ressaltar ainda que o Rio obteve um grande incremento na instalação de unidades processadoras. Porém, a produção não acompanhou, nem de longe, esse crescimento.
Um dado que chama atenção é o grande número de produtores com fornecimento de até cem litros/dia, que, em algumas unidades receptoras, representam 70% da produção total. Logo a seguir temos cerca de 15% de produtores com até 200 litros/dia.
As estatísticas indicam que todos os esforços deveriam se concentrar no incentivo a esse grande contingente de pequenos e médios produtores que, com tecnologia já conhecida e assistência técnica, dariam, certamente, um salto importante na produção no estado. Enfim, temos um grande caminho a percorrer.
por Joel Naegele
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