Gado curraleiro é resgatado para cruzamentos

Animal extremamente rústico, o curraleiro foi perdendo espaço para raças com maior índice de produtividade animal, mas ainda tem lugar de honra na pecuária brasileira
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Animal extremamente rústico, o curraleiro foi perdendo espaço para raças com maior índice de produtividade animal, mas ainda tem lugar de honra na pecuária brasileira
O boi curraleiro foi o primeiro bovino introduzido no Cerrado goiano. Rústico, prescindia de pastagens artificiais

O gado curraleiro, que entrou no Brasil no período colonial, está sendo útil na atualidade nos cruzamentos de outras raças destinadas a corte e à produção leiteira. Entre os quais, o nelore, guzerá, sindi, gir, e indubrasil. Esse animal permite, ainda, o cruzamento com raças europeias destinadas à produção leiteira, como às linhagens Jersey, holandesa, parda suíça, Guernsey. Os pesquisadores e produtores chegaram à conclusão de que o curraleiro adquiriu resistência às secas, aos carrapatos e a outras adversidades. A ideia é a de que no processo de cruzamento, os animais de origens indiana e europeia possam dispor da sua resistência.

O curraleiro, reconhecido como raça pelo Ministério da Agricultura em 2012, seria descendente direta da Mirandesa e, mais particularmente, da variedade Beiroa, que, além de Portugal, é encontrada na província espanhola de León. Na Marcha para o Oeste em busca do ouro, das esmeraldas e demais pedras preciosas, o gado curraleiro ou pé duro fez o trajeto dos bandeirantes. Sua adaptação ao clima, ao carrapato e demais ectoparasitas, e à alimentação de baixa qualidade ou sem às pastagens atuais e os respectivos nutrientes. Os registros genealógicos desses animais cabem à Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Curraleiro Pé-Duro, sediada em Teresina, capital do Piauí.

Com o seu resgate, o caminho natural para a professora Maria Florinda Souza, da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), é o de promover o seu melhoramento genético. Em sua opinião, o cruzamento mais recomendável seria o curraleiro com o zebu ou ainda o bos taurus moderno. Na condição de pecuarista, José Manuel Caixeta Haum observa que o “curraleiro precisa despertar interesses econômicos para se tornar mais interessante aos criadores”. O presidente da Associação Goiana de Criadores de Zebu (AGCZ), Clarismino Pereira Júnior, pensa que o curraleiro já passou pela seleção natural desde que saiu da região ibérica. “O cruzamento seria então melhor com as raças europeias, onde a rusticidade tenderia a aparecer”, observa.

O IBGE estima que haja cerca de cinco mil animais no Brasil, disseminados pelos estados do Nordeste, norte de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Tocantins e sul do Pará. Os principais portos de entrada de bovinos trazidos pelos portugueses no período colonial foram os de Salvador, na Bahia, e de Olinda, em Pernambuco. O Vale do São Francisco é considerado o berço principal da raça curraleira no Brasil. Foi também o seu centro de irradiação. No decorrer dos anos, esses animais foram submetidos uma seleção natural rigorosa. De forma gradual, o curraleiro foi se adaptando aos pastos fracos de nutrientes, enfrentamento do calor e da seca, ataques de parasitas e de doenças. Com os séculos adquiriram notável rusticidade.

O seu extraordinário valor como recurso genético, segundo a ABCPD, é utilizável para futuras demandas. Fatores como rusticidade entram na seleção com animais de maior porte. A associação entende que para as famílias de agropecuaristas de pequeno porte o curraleiro tem grande utilidade. Pelas suas características implicam em menor despesa. Oferece razoável produção de leite, sobretudo no sertão nordestino, e nas regiões de pouco recurso hídrico e de pastagem deficiente. Para quem se dispuser a uma pecuária leiteira de maior produção, é sugerido o cruzamento do curraleiro com às raças Jersey, holandesa, parda suíça, entre outras.

Produtividade

Tomando por base dados da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Curraleiro Pé-Duro, as vacas e touros curraleiro são sabidamente longevas. Há vacas produzindo aos 20 anos. Nos aspectos da fertilidade, precocidade e habilidade materna, se bem alimentada, uma matriz produz anualmente um bezerro. Quanto à produtividade, uma curraleira de pequeno e médio porte necessita de pouca quantidade de comida para atingir a maioridade sexual e para entrar no cio. Em uma área necessária para alimentar uma vaca de 360 a 400 quilos de peso vivo pode-se criar duas vacas de 180 a 200 quilos de peso vivo. E estas vão parir mais cedo, produzirão dois bezerros por ano, enquanto na mesma área, criando animal maior e mais exigente, a produção é de um bezerro/ano.

As duas crias das vacas pequenas, se forem fêmeas, produzirão, no futuro, dois bezerros cada ao ano, e a outra fêmea produzirá apena um bezerro/ano e assim, sucessivamente. Conclusão da associação: a produtividade de uma raça em comparação com outra, deve ser feita, não pela tomada do peso ou do tamanho individual de seus animais, mas pela produtividade dela em uma determinada área, ao longo de um determinado tempo, nas mesmas condições oferecidas. Com bons reprodutores e um programa de melhoramento conseguiremos animais de maior porte.

http://www.dm.com.br/economia/2015/07/gado-curraleiro-e-resgatado-para-cruzamentos.html

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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