#Desorganização trava cadeia do leite

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Hoje, produtor de MT não sabe quanto gasta para produzir um litro, o que dificulta o retorno

Mato Grosso possui um potencial indescrití­vel de produção em várias cadeias. Entre elas a leiteira, que poderia estar entre as cinco maiores do Brasil se não fosse a «desorganização» do setor, como o próprio segmento relata. Hoje, o Estado figura em 10º lugar no paí­s. Muitos produtores não sabem se quer quanto recebem por um litro de leite e se o valor traz rentabilidade. Atualmente, a média recebida pelo litro de leite é de R$ 0,67 e os gastos para produção, conforme o 1º Diagnóstico da Cadeia do Leite de Mato Grosso, divulgado em abril, fica entre R$ 0,50 e  R$  0,60. Ao ano, o Estado produz 700 milhões de litros.

Os dados foram apresentados aos produtores de São José dos Quatro Marcos, anteontem, durante a Famato em Campo Leite, o 1º dia de campo voltado para a cadeia leiteira, o qual foi acompanhado pela reportagem. O evento ocorreu na fazenda Irmãos Santos. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite), Alessandro Casado, existe uma grande desorganização do setor no Estado, o que impede o desenvolvimento da cadeia leiteira.

«O produtor de leite é individualista. Se houvesse organização e assistíªncia técnica a todos chegarí­amos em no  máximo tríªs anos ao patamar de 5º maior produtor». Casado comenta que em 2011 81% dos produtores do Estado não tiveram assistíªncia técnica.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, o objetivo
dos dias de campo é unir a categoria, além de levar conhecimento e trocar informações. «Os produtores de leite de alguma forma são dispersos uns dos outros. í‰ preciso mais organização e união para fora da porteira para que se possa lutar pelos objetivos, em especial o preço do leite que em Mato Grosso oscila, enquanto em São Paulo é em linha crescente».

GASTOS
Prado e Casado comentam que a maioria dos produtores não sabe o quanto gasta para produzir um litro de leite. Os irmãos Luiz Carlos, José Carlos e í‚ngelo Carlos Santos abriram em 1981 a Fazenda Irmãos Santos, em São José dos Quatro Marcos, e inicialmente trabalhavam com arroz, feijão e milho. Há 10 anos, José revela, migraram para a cadeia do leite. «Tí­nhamos na época 15 vacas em lactação que nos davam de 70 a 80 litros/dia. Hoje são  90 vacas em ordenha e a produção é de 1,1 mil litros/dia com duas ordenhas. Conseguimos atingir isso com melhoria de genética e alimentação adequada». A migração de atividade deveu-se í  saca do milho em 2002  custar em média R$ 5.

Apesar dos investimentos e resultados, Luiz revela que não sabe o quanto gastam para produzir um litro de leite. «Estamos buscando nos qualificar para saber o quanto gastamos e se os R$ 0,76 que recebemos do laticí­nio da cidade é remunerador ou não. Criamos gado de corte também e não diferenciamos os ganhos com cada».

Casado comenta que um painel de custos foi realizado em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e verificou-se que para o produtor ter retorno de seus gastos e condições de investimentos, seria necessário que este recebesse R$ 0,81 por litro no Estado e não a média de R$ 0,67. «O que se ganha hoje só dá para se manter», frisa.

Prado comenta que será feito em cima do diagnóstico feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), uma polí­tica pública da cadeia do leite para ser apresentada ao governo do Estado.

De acordo a pesquisadora da Embrapa Sinop, Roberta Carvanelli, que palestrou no evento, se houver  planejamento adequado e os produtores cuidarem do animal e da pastagem, 80% dos problemas do setor são resolvidos. «Se deixar a vaca no sol, por exemplo, ela produz 20% menos leite e se não cuidar a mastite cai 25% a produção. Os cuidados mais simples não só ajudam a aumentar a produção, mas também a qualidade», comenta, informando que técnicos estão em formação para auxiliar os produtores.

(*) A repórter viajou a convite da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).

Folha do Estado
Autor: Viviane Petroli

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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