Dos muitos estragos deixados pela chuva das últimas semanas no Rio Grande do Sul, um será a redução do volume de leite produzido em média, 13 milhões de litros/dia. A diminuição varia, mas projeção da Comissão de Leite da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) indica que pode chegar a até 10%. Ao mesmo tempo em que o resultado encolhe, os custos aumentam.
Sem poder colocar os animais no pasto — devido ao alagamento ou excesso de umidade —, a oferta de alimento ficou restrita. E o produtor precisou buscar alternativas — suplementação com silagem —, que tem custo adicional.
Essa diferença entre redução em volume e alta nos custos, com projeção de estabilidade nos preços pagos pela indústria, faz com que o momento seja de preocupação, afirma Jorge Rodrigues, presidente da Comissão de Leite da Farsul. Para quem não tem como oferecer suplementação, a redução pode ser ainda maior.
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O estresse no rebanho, provocado pela necessidade de confinamento, da manutenção em locais fechados, também afeta o ritmo. E até retomar o ritmo normal, vai levar ainda um tempinho.
— Depois da queda, leva-se de 30 a 60 dias para conseguir recuperar — afirma Nestor Bonfanti, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Para os consumidores, a redução também terá um efeito. É que no Rio Grande do Sul, o pico de produção de leite costuma ser em setembro e outubro. Para chegar ao ápice, há que se manter um ritmo. Neste ano, a projeção é de que seja diferente.
— O excesso de chuva travou a curva de crescimento. O preço final não vai ter a queda que costuma ocorrer no período. Em alguns casos, pode até haver alta — estima Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS).
A enxurrada seguirá cobrando seu preço, mesmo sob o céu claro.
Gisele Loeblein
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