O administrador de insolvíªncia da Indústria de Laticínios da Madeira (ILMA) disse hoje que a proposta que tem para apresentar é o encerramento da empresa, com cerca de 60 trabalhadores, e a venda dos seus ativos.
«A proposta que vou apresentar é a liquidação», disse í agíªncia Lusa Pedro Ortins de Bettencourt, no Tribunal Judicial do Funchal, onde esta tarde estava prevista a realização da assembleia de credores da empresa, que reclamam créditos na ordem dos 7,6 milhões de euros.
A assembleia não se realizou porque o juiz estava impedido devido í audição, para memória futura, de uma menor noutra comarca da ilha.
O administrador de insolvíªncia explicou que não apresenta um plano de recuperação da única empresa de laticínios da Madeira porque «sem uma injeção de dinheiro a empresa não é viável».
«A empresa não tem dinheiro para pagar eletricidade, água, comunicações e grande parte dos trabalhadores tem os seus contratos de trabalho suspensos por falta de pagamento de retribuições», adiantou o responsável.
Pedro Ortins Bettencourt acrescentou: «Se não aparecer ninguém com dois milhões de euros para injetar na empresa, das duas uma, ou vende-se a totalidade do ativo de uma só vez ou vende-se o ativo de forma fracionada».
O administrador de insolvíªncia referiu que a sua preocupação são os
trabalhadores e a desvalorização dos ativos.
Quanto aos cerca de 60 funcionários, explicou ter ordenado í ILMA – «para evitar um prejuízo maior» para aqueles – a comunicação í Segurança Social das retribuições correspondentes, «apesar de não haver dinheiro para as pagar».
«Existiu, também, uma situação de ‘layoff’ [redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho] que foi feita aparentemente sem cumprimento dos requisitos legais», afirmou, assegurando ter ordenado procedimento idíªntico ao anterior.
O responsável informou ainda que a generalidade dos funcionários da ILMA, onde a região tem 2% do capital social, recebeu uma carta «dando início a um processo de cessação de contrato de trabalho por caducidade».»Com este adiamento vou ter que ouvir os responsáveis da empresa sobre esses contratos de trabalho. O mais natural é que […] deverão ser todos terminados», declarou, salientando, contudo, que, se até dia 3 de Setembro – quando está prevista a assembleia de credores – «for encontrada uma outra solução, í partida será ainda possível a manutenção de toda a capacidade produtiva».
Sobre os ativos, Pedro Ortins Bettencoutt admitiu que podem ser desvalorizados por estarem parados, afiançando que «não cobrem, nem de perto nem de longe, os créditos, sobretudo nas atuais condições económicas».
A responsável do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Alimentares de Conservas do Centro Sul e Ilhas, Maria José Afonsca, lamentou o adiamento de «uma solução» para a empresa que está «parada», alertando que muitos funcionários, com salários e subsídios em atraso, estão a passar por «grandes dificuldades».
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