“O que fazemos com o leite, guardamos nos bolsos?â€, perguntou um produtor. Os produtores de leite do Uruguai estão cientes de que um acordo entre os sindicatos e empresários está longe de ocorrer e sabem que nas próximas horas deverão começar a tirar leite, porque os tanques de reserva nas plantas e nas fazendas já não tíªm capacidade de armazenamento. Embora até agora os produtores de leite ainda não tenham começado a descartar o produto, considera-se factível que isso comece a ocorrer a partir de sexta-feira.
Nesse dia, a Federação de Trabalhadores da Indústria de Lácteos (FTIL) realizará uma assembleia nacional em Montevidéu, o que repercutirá de forma direta no funcionamento das plantas que terão menor quantidade de funcionários. “Ninguém quer reduzir sua produção, mas se chega o momento de ordenhar, o caminhão não veio e não há mais capacidade de armazenamento, o que fazemos? Se o produtor tira o leite, esse contamina, mas as vacas precisam ser ordenhadasâ€, disse o presidente da Associação de Produtores de Leite (ANPL), Eduardo Viera.
As associações de produtores de leite do Uruguai estão descontentes com os sindicatos, mas também com a atitude assumida pelo Governo durante os 20 dias de conflito. Viera disse que “preocupa†o desempenho que o Ministério do trabalho (MTSS) vem tendo, porque se entende que “deixou passar o tempoâ€. “Não devia permitir chegar a essa situação. Tem manifestado uma clara inclinação aos funcionários das indústrias e se esqueceram que os produtores e funcionários das fazendas são tão trabalhadores como os da indústriaâ€.
Para os produtores e indústrias, os ajustes devem ser feitos com base no índice de Preços de Consumo (IPC) e considerar logo a outorga de partidas extras em função da produtividade. Para os sindicatos, esse componente deve ser fixado ao salário.
“Quando o preço do leite cai ou quando vem uma seca, os trabalhadores da indústria seguirão recebendo o mesmo salário, enquanto os produtores receberão menos, de forma que esse virá do preço que é pago a nós.
“Somos contra incorporar melhoras permanentes nos salários a partir de indicadores voláteis, como são os preços internacionais. Se aceitarmos as condições do sindicato, entraremos em um caminho que levará o setor leiteiro a uma destruição seguraâ€, disse Viera.
Fonte El Observador