O Globo Rural visitou uma fazenda em Bodocó que luta para continuar funcionando e produzindo o leite. Hoje são ordenhados, no máximo, 1.400 litros de leite por dia. Bem menos do que há seis anos.
“Era uma produção de 2.500 litros de leite/dia. Tinha uma quantidade de funcionários maior, um rebanho melhor e maior. Quando veio a seca a gente não teve mais condição de sustentar a seleção que vinha sendo feita, porque tínhamos que vender sempre os que dava mais dinheiro para sustentar o rebanho”, explica o gerente da fazenda Frediano Siqueira.
Em 2011, a produção chegava a 140 mil litros de leite por dia. Hoje não passa de 60 mil. Bodocó tem quase 38 mil habitantes e a economia gira em torno do leite e seus derivados. O doce feito na cidade é famoso em toda a região. As fábricas passam por dificuldades. “Agora o leite diminuiu, o preço do leite aumentou e a gente tem que aumentar o preço do doce também”, conta o dono da fábrica de doces Luiz Carlos da Silva.
Quem fabrica queijo também sofre. João Belarmino está no ramo há 30 anos. Recentemente fez um investimento e reformou todo o laticínio, mas só tem tido prejuízos. “Nós tivemos seis anos de seca, vendemos o rebanho e ficamos com pouco leite”.
Uma das soluções para alimentar o gado durante a estiagem é a palma. A planta é forte e resistente. A prefeitura está cultivando uma área e vai distribuir cinco mil raquetes de palma para cada produtor rural do município.
“Um hectare de palma plantado você sustenta, no mínimo, 20 vacas durante o ano inteiro. Se você for fazer esse cálculo com o que você gastaria de ração, o valor é exorbitante”, diz a secretária de Agricultura de Bodocó Lusimar Lima.