Santa Catarina quer transformar leite em nova estrela do agronegócio

O leite catarinense não tem só peso na pauta da agropecuária local, mas nacional. Em 2016, Santa Catarina se tornou o quarto maior produtor do país ao ultrapassar Goiás, segundo o IBGE.
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O leite catarinense não tem só peso na pauta da agropecuária local, mas nacional. Em 2016, Santa Catarina se tornou o quarto maior produtor do país ao ultrapassar Goiás, segundo o IBGE.
Os produtos mais conhecidos do setor agropecuário exportador catarinense são aves e suínos. Mas um terceiro deve entrar para essa lista de destaques nos próximos anos: o leite. De acordo com o secretário-adjunto de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, governo, entidades e produtores trabalham para melhorar a qualidade e fazer com que o produto ganhe projeção global. Os japoneses, afirmam agricultores e funcionários do governo, já sinalizaram interesse em comprar laticínios do mercado estadual.
«A força da agropecuária catarinense está assentada na conexão com o mercado global. Por isso, nosso sonho é levar o leite em escala ao comércio internacional. Esse é o próximo produto a virar uma estrela do nosso agronegócio», afirma Spies.
A bebida já é o terceiro item mais importante na composição do Valor Bruto de Produção (VBP) – o total pago aos agricultores – da agropecuária estadual, atrás de aves e suínos. Neste ano, respondeu por R$ 3,5 bilhões do resultado de R$ 29,6 bilhões, conforme a Epagri. São 60 mil produtores comerciais em Santa Catarina, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária (Faesc). Hoje, as exportações do Estado são residuais e o produto não está sequer entre os 100 mais importantes da pauta catarinense. Porém, há espaço para avançar.
O leite catarinense não tem só peso na pauta da agropecuária local, mas nacional. Em 2016, Santa Catarina se tornou o quarto maior produtor do país ao ultrapassar Goiás, segundo o IBGE. A maior parte da produção catarinense, 77%, se concentra no Oeste. Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul lideram o ranking no país.
Ano a ano, o volume catarinense vem crescendo. Há uma década, era 1,7 bilhão de litros e, em 2016, foram 3,1 bilhões, alta de 82%. No mesmo período, o crescimento nacional foi de 32%, menor que a variação em SC, mas acima do aumento do consumo. Por enquanto, o Brasil ainda precisa importar leite e a quantidade exportada é insignificante. Mas, se a tendência de alta na produção se mantiver, vender para o exterior será uma necessidade.
«O cenário para 2025 pede que estejamos exportando 10% da produção de leite do Brasil ou teremos que reduzir o ritmo de produção. Logo estaremos com suprimento pleno», diz Spies.
Grandes companhias do setor sediadas em Santa Catarina estão de olho no consumidor externo. De acordo com o diretor de mercado da Tirol, Edson Martins, em 2017 a empresa deu o primeiro passo para a globalização ao iniciar cotações para embarques a países da América Latina, da África e do Oriente Médio. A meta para 2018 é exportar itens como manteiga, leite condensado e em pó.
Desafio é melhorar qualidade
Santa Catarina tem bons indicativos para o aumento da quantidade de produção de leite no Estado. A qualidade é o principal desafio nos próximos anos. Para conseguir competir com neozeolandeses, europeus e norte-americanos, que detêm 67% das exportações de laticínios, a cadeia catarinense precisa se aprimorar. Parte desse trabalho tem relação com o melhoramento genético, que está sendo feito por produtores, indústria e Epagri.
A sanidade do rebanho é outro ponto que demanda investimento. Segundo a secretaria de Agricultura, a Companhia Integrada para o Desenvolvimento da Agropecuária (Cidasc) trabalha junto aos criadores de gado para que o Estado fique livre de brucelose e tuberculose e ganhe certificação internacional, como a que já tem referente à febre aftosa sem vacinação.
Conforme o secretário-adjunto da Agricultura, é preciso também superar a ineficiência logística. Hoje, o Estado transporta 47 litros de leite por quilômetro rodado enquanto a Nova Zelância leva 400 litros e a Argentina, 220. Além da infraestrutura, o produtor de Chapecó e membro do Conselho de Produtores de Leite de SC (Conseleite) José Carlos Araújo aponta outros problemas estruturais:
«A energia elétrica, por exemplo, é uma coisa que precisa melhorar. A cobertura e a qualidade do fornecimento são ruins. Hoje, qualquer produtor precisa ter um gerador, que é caro. Na última chuva que teve, eu fiquei 24 horas sem energia, se não tivesse gerador, teria perdido 4 mil litros de leite», reclama. Araújo, que cria cerca de 100 cabeças de gado, também aposta na exportação. Segundo ele, o Conseleite está montando um programa para promover a melhoria do produto catarinense e começar as vendas para o exterior no ano que vem ou em 2019.
Para Spies, o modelo catarinense deve evoluir gradativamente como ocorreu em outros setores. «Ainda temos (no leite) o modelo da suinocultura das décadas de 1970 e 1980, de pouca produção e muito trabalho. Com a organização da cadeia produtiva, vamos aumentar a produtividade, vender no mercado global e gerar mais empregos também», afirma.
Essas melhorias, prevê o secretário-adjunto, podem vir acompanhadas da redução do número de produtores – ao mesmo tempo em que haverá mais empregos em outros setores –, uma vez que só os mais eficientes conseguirão competir.
http://guialat.com.br/?p=detalhar_noticia&id=1855

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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