Repercutiu fortemente na mídia a informação divulgada pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) a respeito da redução do rebanho bovino do Estado na ordem de aproximadamente 523 mil
í‰ plenamente compreensível esta repercussão. Afinal é grande a preocupação de toda a sociedade com possível elevação de preços desta importante fonte de proteínas. Podemos antecipar que isto não deverá acontecer, pelo menos em curto e médio prazo. No longo prazo dependerá da redução de abate de fíªmeas no país.
Devemos atentar que este fení´meno de redução de bovinos de corte em Mato Grosso aconteceu também em anos recentes, como em 2006, que reduziu 672 mil cabeças de gado em relação a 2005. E ainda continuou o processo de redução na ordem de 433 mil cabeças em 2007 em relação a 2006, portanto 1,104 milhão de cabeças em dois anos.
Os fatores responsáveis pela redução do rebanho de bovinos em Mato Grosso são bastantes conhecidos. Destacam-se a falta de investimentos em reforma ou recuperação de pastagens e, mais recentemente, a transferíªncia de áreas de pastagens para a agricultura, além do já citado abate de fíªmeas.
Para que se resolvam os problemas inerentes í questão das pastagens é necessário que se aumente a rentabilidade do setor que permitirá ao pecuarista reinvestir na atividade. Da mesma forma é necessário que se defina regras ambientais, agora sob a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal.
O Código Florestal, com tríªs Ações Diretas de Inconstitucionalidades no STF, devolvia aos produtores rurais a possibilidade de acessarem linhas de créditos como o Programa ABC do Governo Federal que permite a recuperação de pastagens e, por conseguinte, parte da renda do produtor.
Já o abate de fíªmeas se dá de forma cíclica e haveremos de conviver com este fení´meno, já que, uma matriz alcança o seu auge reprodutivo e passa a declinar em produtividade, deixando de ser interessante a sua manutenção no plantel. Acontece também abates de fíªmeas em função da necessidade de caixa do pecuarista, comprometendo fortemente a oferta de bezerros.
E a continuar esta redução vamos ver confirmada a previsão da Acrimat, divulgada recentemente pelo seu Superintendente Luciano Vacari, de que o Estado de Mato Grosso poderá experimentar nos próximos anos um apagão de bezerros, certamente que se assim for, veremos reduzida a oferta de carne bovina pelo Estado de Mato Grosso.
Como resolver esta equação? Nada fácil! Porém, já estamos vendo uma movimentação no sentido de uma convergíªncia entre frigoríficos e pecuaristas. Hoje já é possível sentar í mesa, representantes de frigoríficos e lideranças dos pecuaristas para se discutir as nuances da cadeia de carne bovina. í‰ o primeiro passo!
Já quanto í s ações diretas de inconstitucionalides que emperraram a eficácia do novo Código Florestal, muito pouco se pode fazer, a não ser torcer para que o Supremo Tribunal Federal decida logo para que tenhamos finalmente a necessária segurança jurídica esperada há décadas no campo. Porém, também se espera que o STF leve em conta tudo o que se estudou e discutiu no decorrer de 10 anos de tramitação do Código no Senado e na Cí¢mara dos Deputados.
Por outro lado, certamente as lideranças políticas do Senado da República e da Cí¢mara dos Deputados haverão de se manifestar diante do Supremo Tribunal Federal, afinal, onde inicia e termina o direito destas duas casas de leis legislarem?
Importante destacar que mesmo diante de tantos problemas o setor produtivo da pecuária de corte em Mato Grosso surpreende positivamente, aumentando a oferta de bovinos com maior peso para o abate, além do aumento da taxa de cabeças por hectare em suas pastagens. Fruto de muito trabalho e uso de tecnologias.
Fonte: Agrosoft