Programa Balde Cheio modifica a vida do pequeno produtor de #leite

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Umuarama – A qualidade de vida e os lucros da atividade rural estão melhorando para 40 pequenos criadores de gado de leite de Umuarama, inseridos há 10 meses num programa que, com baixo investimento, permite aumentar a produção de forma substancial. Alguns já dobraram o volume ordenhado diariamente antes da adesão às novas técnicas. Os resultados mostram que com mudanças no manejo de pastagens, orientação de profissionais treinados especificamente para o clima e solo da região, observando as características do gado, é possível sair do ‘vermelho’ e tornar a propriedade muito mais lucrativa.

As técnicas aplicadas não são inovadoras. Muitos já ouviram falar da divisão das pastagens em piquetes, para que o gado se alimente com grama ou capim sempre viçoso. A diferença é que após muita pesquisa e experimentos, a Embrapa aprimorou a prática e agora ela pode ser aplicada com um pequeno investimento, favorecendo o produtor que convive com dificuldades financeiras em virtude da baixa produtividade.

O embrião do Programa Balde Cheio foi lançado pela agência local do Banco do Brasil. Ele envolve as prefeituras das três cidades onde foi implantado – Umuarama, Perobal e Tuneiras do Oeste – bem como a Associação dos Municípios da Região Entre Rios (Amerios). Estão inseridos 80 produtores, divididos em quatro módulos de 20 cada, sendo dois em Umuarama e os outros dois nas demais cidades.

“Tudo começou com o Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) da nossa agência, que envolvia o BB, a Prefeitura, Emater, sindicatos, a Sociedade Rural e a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), que despertou a atenção da Fundação Banco do Brasil e resultou no financiamento ao Balde Cheio. A opção por produtores destas três cidades foi da nossa agência”, lembra o gerente local, Sérgio Vercezi Filho.

A fundação investe R$ 737 mil na formação de técnicos extensionistas e garante assistência técnica aos produtores, por pelo menos dois anos. Já os municípios investem R$ 49.100,00 em cada módulo – no caso de Umuarama são R$ 98.200,00 – cerca de R$ 4.100 por mês – na melhoria genética do rebanho.

O gerente reforça a simplicidade do programa e destaca os resultados. “Não é nenhuma ideia mirabolante, nem revolucionária. É uma técnica simples, que o produtor aprende e põe em prática com ótimos resultados. A produção começa a aumentar em escala, dobrando em menos de um ano. Temos produtores que passaram de 60 litros/dia para 150, sem aumentar o rebanho”, comenta Vercezi.

Os resultados são monitorados pela gerente do programa, a auxiliar administrativo Viviane Butarello, que atua junto à Amerios, e encaminhados pela agência local à fundação. O desafio é disseminar as técnicas e convencer os municípios a disponibilizarem orientação, através de técnicos capacitados.

“As propriedades que aderiram se tornam unidades de demonstração, verdadeiras salas de aula prática. Ao mesmo tempo em que atualiza os conhecimentos de pesquisadores, extensionistas, instrutores e produtores, a propriedade torna-se modelo de viabilidade técnica, econômica, social e ambiental na produção de leite. Depois, essas informações são repassadas às demais propriedades, através de visitas, dias de campo e mesmo no convívio entre vizinhos de sítio”, afirmou Viviane.

INSEMINAÇÃO

O município de Umuarama já atende dezenas de produtores rurais com o Programa de Inseminação Artificial (PIA), que melhora a qualidade genética do rebanho e permite um ganho significativo de produção. Com o reforço do Balde Cheio, e a extensão da inseminação a mais 40 produtores, visitados periodicamente pelos técnicos, a expectativa do secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Antônio Carlos Favaro, é tornar a atividade leiteira rentável e atrativa para que a produção cresça 50% nos próximos quatro anos.

“O programa tem potencial para causar uma revolução no setor, com a disseminação das técnicas para mais produtores. Os exemplos mostram que é possível aumentar a renda com o aumento na produção, e isso resulta em uma vida mais tranquila para os produtores. Do outro lado, o município tem mais condições de atrair indústrias, agregar valor ao produto, gerar empregos e divisas. Para isso, precisamos elevar a nossa produção anual de 24 milhões para 36 milhões de litros por ano até 2018”, defendeu Favaro. Esse crescimento vai mostrar o potencial de Umuarama para grandes empresas do setor de laticínios e atrair novas unidades de processamento.

Através do Balde Cheio, o produtor vê que dá resultado trabalhar com orientação técnica e deve adotar as medidas recomendadas de forma definitiva. “A Prefeitura mantém assistência técnica permanente e agora os nossos extensionistas estão qualificados nessas técnicas, aptos a levarem a todos os produtores que buscarem nosso apoio”, completou, lembrando que o foco do programa é a pecuária leiteira, mas as mesmas técnicas aplicadas ao gado de corte surtem resultados positivos, encurtando o período de engorda e aumentando o ganho de peso.

 

Renda vai de R$ 54,00 a R$ 140,00

 

Criando gado de leite pelo sistema tradicional, o produtor rural Carlos Novak já teve que arrendar pastagem para as 16 cabeças que mantém no Sítio São Sebastião. Com muito esforço, ele conseguia entre 50 e 60 litros de leite por dia e, como a maioria, não acreditou ‘de cara’ que poderia dobrar a produção utilizando apenas uma parte de sua propriedade. Mas ele decidiu apostar no Balde Cheio e, apesar das dificuldades de investimento em insumos, viu a produção aumentar de maneira surpreendente.

Hoje, 10 meses após aderir ao programa, ele consegue uma produção de 155 litros por dia, com o mesmo número de animais e utilizando dois hectares da propriedade. O ganho de produção se reflete no bolso. Vendendo o leite a R$ 0,90 o litro, a renda diária saltou de R$ 54,00 para em torno de R$ 140,00.

O ‘segredo’ está na técnica. Primeiro é preciso recuperar a pastagem, com aplicação de calcário e adubação nos períodos certos. Depois a área é dividida em pequenos piquetes – entre 20 a 30. Cada dia o gado se alimenta em um destes espaços. No dia seguinte vai para outro, e assim sucessivamente até completar o ciclo. Quando as vacas terminam o último piquete, a grama ou capim do primeiro já estão recuperados e viçosos. Desta forma, sempre há comida farta e de qualidade, o que reflete imediatamente na produção leiteira.

“Em pouco tempo consegui sair do ‘vermelho’, porque a produção não pagava as contas. Agora já começo a ganhar um dinheirinho e sei que posso ampliar o plantel e a área de pastagem do sítio, para aumentar a produção e a renda. Esse é o objetivo”, disse Carlos Novak. Como suas terras estavam bem degradadas, os resultados melhoraram de forma gradativa. O produtor acredita chegar aos 200 litros de leite/ dia até o final do programa (dois anos). Perguntado se vai voltar para o sistema antigo, de gado solto, ele diz apenas “nunca mais”.

Hoje ele pode reservar uma área para plantar milho, capim napier e cana, para garantir um reforço alimentar no inverno. Os dois hectares foram divididos em 23 piquetes, uma parte com grama e outra com capim. As técnicas do Balde Cheio permitem dobrar e até triplicar a produção de leite utilizando um espaço bem menor que na pecuária convencional. No longo prazo, o plantel pode ser ampliado sem a necessidade de aumentar a propriedade ou arrendar pastagem.

Os resultados despertam o interesse de vizinhos das propriedades onde o programa foi implantado. “Muitos pecuaristas estão ‘copiando’ as técnicas, depois de ver a produtividade do vizinho aumentar. Isso é ótimo para a produção como um todo, e o objetivo é esse mesmo, disseminar as técnicas para que todos ganhem, desde o produtor – com mais renda e qualidade de vida – quanto o comércio de implementos, insumos, e o município com arrecadação e novas iniciativas empresariais”, completa o chefe da Divisão de Vigilância Sanitária Animal da Prefeitura, Pedro Thiago Fenato.

 

 

PRODUTORES DE DESTAQUE

 

Alguns produtores se destacam nos 10 primeiros meses do programa. A evolução estimula outros pecuaristas a conhecerem as técnicas do Balde Cheio e colocar o conhecimento em prática. Os números são animadores.

Produtor – Produção inicial – Produção atual

Ademar Antonio Giarola – 45 litros/dia – 90 litros/dia

Carlos Novak – 60 litros/dia – 150 litros/dia

Elio Itiro Sakata – 70 litros/dia – 120 litros/dia

José Sanches Gonsalves Filho – 100 litros/dia – 230 litros/dia

José Alberto Gussem – 110 litros/dia – 270 litros/dia

Cláudio Osmar Reske – 90 litros/dia – 170 litros/dia

Emerson Leonardo Sequini – 200 litros/dia – 250 litros/dia

João Aparecido Pagangliso – 250 litros/dia – 290 litros/dia

Santo Scapin – 80 litros/dia – 120 litros/dia

Alexandre Novak – 145 litros/dia – 200 litros/dia

 

http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=53825&Not=Programa%20Balde%20Cheio%20modifica%20%20a%20%20vida%20do%20pequeno%20produtor%20de%20leite

 

 

 

 

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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