Preços internacionais de leite devem reagir apenas no segundo semestre

Em seu relatório sobre o setor de lácteos do primeiro trimestre deste ano, o banco holandês Rabobank prevê que o mercado de leite em 2015 vai continuar “um lento processo de reequilíbrio”, estimulado pelo colapso dos preços em 2014.
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De acordo com o banco, o crescimento da produção nas sete maiores regiões exportadoras vai perder força no primeiro semestre deste ano, uma vez que os preços baixos reduzem as margens na produção, os produtores da União Europeia buscam evitar multas por conta do regime de cotas — que acabou este mês — e a recente estiagem se enfraquece na Nova Zelândia, o maior exportador mundial de lácteos.

Segundo a análise do Rabobank, com o consumo subindo 1,5% nessas regiões com excedentes, o volume de produto para exportação irá cair no primeiro semestre (cerca de 3,6%). Mas essa redução do excedente exportável deve ser mais do que compensada por uma forte diminuição das compras por parte de da China e Rússia no mesmo período, diz o relatório.

Isso levará os exportadores a buscar aumentar os embarques para outros destinos, regiões que estão vendo crescimento econômico, mas enfrentando queda em suas moedas em relação ao dólar, repasse limitado dos custos para os consumidores e estoques provavelmente elevados entre 2014 e 2015.

Para o banco, preços baixos serão necessários para atingir esse equilíbrio (sem acumulação significativa de estoques), limitando as perspectivas para mais recuperação das cotações no curto prazo. “De fato, é plausível que os preços possam ver um enfraquecimento no segundo trimestre do ano, no pico da primavera no Hemisfério Norte”.

Já para o segundo semestre, a expectativa é de um mercado mais ajustado, diz o banco holandês. Isso porque o crescimento da produção deve continuar fraco e a redução nas importações pela China na comparação anual deve ser menor. Assim, os preços devem começar a subir a partir do terceiro trimestre, ganhando mais força no quarto trimestre deste ano.

Ainda conforme o relatório do Rabobank, no curto prazo quedas de preços dos lácteos são possíveis, uma vez que o mercado não está tão ajustado quanto as cotações parecem indicar.

A avaliação do banco é que à medida que 2015 avança, a oferta continuará a se reduzir, os preços mais baixos deverão estimular o consumo e as compras mais fortes em outros mercados irão ajudar a compensar a fraqueza da demanda da China e Rússia.

O banco observa que enquanto houve uma desaceleração no crescimento da oferta exportável de lácteos, os dois maiores importadores mundiais continuaram a reduzir suas compras. No quarto trimestre de 2014, as importações chinesas caíram 55% na comparação anual e as da Rússia, 30%. Maior disponibilidade de produto, preços mais baixos e vendas resultaram em enormes aumentos no volume de produto absorvidos por outros importadores.

Isso parece ter evitado acumulação de estoque significativa nos fornecedores finais nos últimos meses, mas o problema para esses agentes é que os importadores estão agora com os armazéns cheios e podem reduzir compras nos próximos meses, diz o banco.

Na avaliação do Rabobank, o preço em 2015 será muito influenciado pelo tamanho do freio na produção nas regiões de exportação e pela capacidade de outros importadores de sustentar as compras recentes na ausência de China e Rússia.

Para a União Europeia, o Rabobank espera que a produção de leite do bloco comece a subir acima dos níveis do ano anterior a partir deste mês, com a entrada no rebanho de novilhas — o que se esperava que ocorresse antes da eliminação das cotas de produção — e enquanto a pressão sobre os preços chega ao fim. Mas a taxa de expansão será limitada pela persistência das margens modestas, principalmente.

Em relação aos EUA, o Rabobank espera que a produção deve continuar a crescer cerca de 2% no primeiro semestre na comparação com o mesmo intervalo de 2014. Os preços ao produtor caíram de forma expressiva em janeiro e em fevereiro no país, mas com o baixo custo da alimentação do gado leiteiro e altos preços para animais abatidos, isso permanece um ponto de equilíbrio para muitos produtores.

No que diz respeito ao consumo nos EUA, a expectativa é que avance de forma modesta (alta de 1,5%) sobre o mesmo período do ano anterior, refletindo alta de salários e preços mais baixos dos lácteos. Mas ainda assim a indústria do terá um crescimento no excedente exportável no primeiro semestre (alta de 13%), o que significa que será necessário esforço para colocar essa sobra no exterior. Isso deve resultar em estoques maiores do que o usual, segundo o relatório.

No caso da Nova Zelândia, destaca o Rabobank, os níveis de produção em toda a temporada devem terminar com queda de 1,5% a 2%, como resultado da previsão de preços mais baixos para o leite. Essa perspectiva em relação aos preços desestimula o investimento em suplementação alimentar.

Além disso, o abate antecipado de vacas também deve acelerar o declínio da produção. Dessa forma, com a menor expansão do rebanho em 2015, a produção de leite na Nova Zelândia no segundo semestre deste ano e início de 2016 deve manter níveis similares ou ligeiramente mais altos que um ano antes, uma base de comparação elevada, observa o relatório. Para as exportações neozelandesas, a previsão é de que sejam 3% a 5% menores que o ano de 2014.

No caso do Brasil, a expectativa do Rabobank é de que o país se torne um exportador líquido no primeiro semestre deste ano, com o excedente exportável de leite crescendo. Com a expectativa de uma produção mais fraca de leite no segundo semestre, o volume total do ano deve aumentar 3% nos cálculos do banco.

A reportagem é do Valor Econômico, adaptada pela Equipe MilkPoint

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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