Preço justo para a produção de leite

Os produtores de leite aguardam com expetativa os resultados do Conselho de Ministros da Agricultura que vai decorrer na próxima segunda-feira, 7 de Setembro, em Bruxelas.
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Os produtores de leite aguardam com expetativa os resultados do Conselho de Ministros da Agricultura que vai decorrer na próxima segunda-feira, 7 de Setembro, em Bruxelas.

A União Europeia é a principal responsável pela atual crise, por ter decidido o fim das quotas sem antecipar o real impacto dessa decisão. Os baixos preços ao produtor e as limitações de quantidades produzidas que estão a ser impostas pelas indústrias de laticínios são consequência da redução do consumo na Europa, do embargo russo e da redução de compras da China, mas também do aumento de produção estimulado pelas previsões otimistas da Comissão Europeia para o mercado internacional de lácteos. Falharam as previsões e sofrem os produtores na Europa e em Portugal, acumulando dívidas a fornecedores, abatendo animais, limitando a alimentação e resistindo estoicamente à espera da luz que tarda em surgir ao fundo do túnel.

A nível europeu, apoiamos as propostas de subida do preço de intervenção do leite, mas consideramos que devem também ser tomadas medidas para prevenir novos excedentes. Cremos que deveria ser analisada com atenção a proposta da Federação Europeia de produtores de Leite, EMB, European Milk Board, que, em situação de crise com excedentes no mercado, prevê um mecanismo de compensação aos produtores que reduzam voluntariamente a produção. Apoiamos também a proposta de reutilizar como apoios aos produtores de leite os milhões de euros de multas pagas pelos produtores pela ultrapassagem da quota no último ano.

A nível nacional, devemos ainda ter presente que o preço médio do leite ao produtor, em Portugal, permanece desde há 5 anos abaixo da média comunitária, entre 2 a 3 cêntimos. Em Junho, o preço médio na Europa foi 30 cêntimos e em Portugal 28, abaixo do custo de produção. Recordamos que há produtores a receber menos de 23 cêntimos por litro. Portanto, o Governo português, além das posições conjuntas que estrategicamente defenderá em Bruxelas, deve trabalhar para que os produtores de leite em Portugal tenham ajudas e preço equivalente aos colegas europeus.

Registamos como positiva a atenção que o leite tem merecido nos últimos dias bem como as medidas apresentadas pelo governo e por diversas organizações do setor, no sentido de antecipar ajudas para acudir aos produtores que estão em dificuldades financeiras.

Apoiamos também todas as iniciativas para esclarecimento dos consumidores sobre as qualidades reconhecidas do leite e estamos disponíveis para abrir as portas das nossas explorações para visitas de estudo de modo a explicar de forma transparente como alimentamos e tratamos as vacas com todos os cuidados de segurança e bem-estar animal.

Da parte da APROLEP, contudo, insistimos que, mais do que ajudas, os produtores de leite desejam um preço justo, capaz de cobrir os custos de produção. Sabemos que isso dependerá de um compromisso entre produção, indústria e distribuição, tal como foi anunciado, em França, recentemente um acordo que aponta para 34 cêntimos / litro de leite. Desafiamos em particular as grandes cadeias de distribuição a darem o exemplo assumindo a responsabilidade de garantirem um preço justo e um tratamento digno para os fornecedores. Propomos que esse compromisso seja assinalado com um rótulo de “Produto lácteo sustentável” que garanta ao consumidor não apenas a origem nacional do produto mas também um preço ao produtor que permitirá a sua permanência na atividade bem como de todos os que trabalham na fileira e mantêm o meio rural vivo, habitado e cultivado.

Por último, verificámos que em Portugal, nos últimos anos, a defesa da agricultura parece tarefa solitária da Ministra do setor, enquanto no exemplo recente da França o Presidente da República e o Primeiro-ministro envolveram-se diretamente nas negociações e na resolução das dificuldades concretas dos agricultores. Cremos que também no nosso país as mais altas figuras do Estado devem passar das declarações genéricas de circunstância em campanha eleitoral para um acompanhamento direto das negociações com os vários agentes económicos de que dependerá a manutenção da atividade agrícola, a ocupação do território e a segurança alimentar. Um país que não protege a mão que lhe dá de comer não terá futuro.

A Direção da APROLEP

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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