O aumento de 20% no custo de produção atribuído í alta dos insumos e a ausíªncia de política regulatória de importação pode decretar a falíªncia de milhares de produtores de leite no País, inclusive com reflexos no Oeste do Paraná. Em todo o Brasil são cerca de 3,5 milhões os produtores de leite. Na região, uma das principais entidades do segmento é a Associação Leite Oeste, de Marechal Cí¢ndido Rondon, integrada em sua maioria por pequenos pecuaristas.
Para forçar o governo federal a rever sua postura, produtores de leite já planejam manifestações por restrições ao crescimento das importações de lácteos do Uruguai e Argentina. No fim de 2012, uma subcomissão da Cí¢mara dos Deputados cobrou explicações sobre o volume de leite e derivado importados. A falta de controle prejudica o mercado interno.
Para líderes do Congresso, os limites diplomáticos se esgotaram. Para muitos, as importações de leite aviltam os preços e inviabilizam a produção nacional, tornando ainda mais difícil a permaníªncia dos produtores na atividade.
Uma das suspeitas gira em torno da triangulação feita pelo Uruguai. Funciona assim: eles compram leite de outros países e vendem ao Brasil. O mesmo procedimento pode também envolver a Argentina. Com isso, esses países aproveitam acordos comerciais, sustentados por isenção tarifária sem limites de quantidade para importação. Conforme apurado, há denúncias de leite vindo da Nova Zelí¢ndia, por intermédio da triangulação feita pela Argentina, Uruguai e até o Chile, entrando no Brasil como se fosse produto do Mercosul. Esse é um dos motivos do estado falimentar da pecuária nacional.
A falta de uma política mais firme do governo condena a atividade e pode resultar em problema social sem precedente. De acordo com o consultor e membro do Conseleite no Paraná, José Manoel Mendonça, a situação só não está pior porque as vacas vendidas para cobrir custos não estão chegando ao açougue. «Os pequenos são obrigados a vender seu plantel e os grandes ampliam o rebanho. A tecnificação é a forma de ter alguma margem de lucro com a atividade», diz. Brasil e Argentina produzem quase que a mesma quantidade de leite por ano. A diferença é o número de produtores. Enquanto a Argentina conta com 27 mil pecuaristas, todos de grande porte, o Brasil soma mais de tríªs milhões. «A tendíªncia é de um número maior de grandes produtores aqui e o desaparecimento dos pequenos», afirma Mendonça. Essa realidade já é observada no Oeste, conforme o especialista. Em uma cooperativa com 600 produtores de leite, 37 desses concentram 70% da produção.
Mendonça também defende o controle da entrada de leite procedente da Argentina e do Uruguai. «Não sou favorável ao corte total, uma vez que o que produzimos não é suficiente para suprir a demanda interna, mas alguns atos regulatórios precisam ser assumidos e adotados». Diante do quadro, se não ocorrer, a cadeia do leite poderá sofrer um duro impacto em 2013, com redução de produção, desemprego e abandona da atividade.
Custo de produção aumenta 20% em 2012
O preço do leite pago ao produtor se manteve estável em 2012, de acordo com levantamento divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. O ano, no entanto, foi marcado pelo aumento de 20% no custo de produção, o que fez com que muitos pecuaristas desistissem ou diminuíssem a produção.
Em dezembro, o preço médio pago ao produtor teve uma leve queda de 0,2% em relação ao míªs anterior. O preço do litro hoje gira em torno de R$ 0,80 pago ao produtor, um pouco abaixo da média nacional, de R$ 0,82 e considerando os valores de impostos e fretes, sobe para R$ 0,89.
De acordo com o índice de captação de leite do Cepea, a região Sul, prejudicada pelo atraso no plantio das pastagens de verão, contabilizou um crescimento pequeno, de apenas 0,8%. Já em Goiás, Bahia e São Paulo, o acréscimo de 9%, e em Minas Gerais, de 6%. Segundo o Cepea, a tendíªncia para 2013 é que os preços continuem estáveis. Para se manterem na atividade, muitos produtores serão obrigados a se desfazer de alguns animais.
Produção de leite deve ser menor no primeiro semestre
O Rabobank prevíª que o crescimento da produção de leite será menor nos principais países exportadores no primeiro semestre de 2013 em relação a igual período de 2012 em razão da demanda pelo produto ainda enfraquecida. No entanto, o banco pondera que qualquer aumento do consumo será suficiente para apertar os estoques que estão em níveis adequados para evitar um desabastecimento.
O banco observa que os preços internacionais do leite continuaram a sua lenta recuperação ao longo do quarto trimestre de 2012. Entre outubro e dezembro, a valorização chega a até 5%. Especificamente para os Estados Unidos, o Rabobank projeta um crescimento de produção 0,9% menor no primeiro semestre do ano que vem na comparação com 2012, reduzindo a participação do país no mercado. A instituição salienta também que o mau desempenho do setor norte-americano pode baixar os preços internacionais, diminuindo ainda mais a rentabilidade dos produtores.
No caso do Brasil, o Rabobank estima um incremento de produção de 1,5% na primeira metade de 2013, mas reafirma que os produtores ainda devem sofrer com os preços elevados dos insumos. Para a Argentina, a produção de leite deve rá aumentar de 1% a 2%.
Fonte: Independíªncia AM 1020Khz