«O que vai cercar o leite é o preço pago ao produtor.» Assim se manifestou na tarde desta segunda, 16, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e da Federação da Agricultura do Tocantins, sobre a possibilidade levantada nesta segunda, pelos representantes da indústria de laticínios de criar mecanismos na forma de barreiras fiscais, para que produtores associados í Cooperativa de Leite de Araguaína não possam mais comercializar seus produtos com laticínios de outros Estados. Segundo Kátia, o setor dá a maior importí¢ncia aos laticínios, mas não pode concordar com a criação de instrumentos que tentariam, com medidas fiscais, proibir os produtores de venderem o seu leite para outros Estados, inviabilizando, assim, a busca por melhores preços.
Para Kátia, deve haver a divisão de lucro em toda a cadeia produtiva, especialmente porque a Cooperativa de Produtores de Araguaína é composta por pequenos e médios produtores. “Nós moramos no estado da livre iniciativa e da justiça socialâ€, lembrou Kátia Abreu. Para a Senadora, como há preço melhor fora, não se pode criar concentração de lucro na cadeia produtiva.
Para Kátia, uma medida neste sentido representaria um grande prejuízo para os produtores. Ainda mais que a Cooperativa de Araguaína desenvolve o projeto com o apoio do Ruraltins, Secretaria da Agricultura e Unitins/Agro. E mais ainda Sebrae, FAET, Senar, UFT e Prefeitura de Araguaína. O projeto de revitalização da bacia leiteira da região, beneficia milhares de produtores, em sua grande maioria pequenos e beneficiários da reforma agrária. O projeto DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável da Bovinocultura do Leite) está sendo executado em 16 municípios e faz parte do planejamento das ações do Banco do Brasil, no desenvolvimento de cadeias produtivas.
Segundo a senadora Kátia Abreu, os produtores de leite estão buscando preço seguindo as leis de mercado, que regulamentam a economia. Proibir o expediente, somente beneficiaria o cartel dos laticínios. Segundo ela, a industria se posiciona desta forma porque os produtores se uniram na cooperativa, ficaram fortes e buscaram melhores preços.
Kátia explica que antes da formação da cooperativa dos produtores, os preços médios na região pelo produto giravam em torno de R$ 0,30 a R$ 0,40/litro e era formado pelo cartel de laticínios, decisivos na precificação do produto, praticamente estabelecendo um preço único e alinhado por baixo. “Hoje este produtor recebe R$ 0,67 liquidos em seu tanque,a empresa que faz a captação paga R$ 0,17 de frete e R$ 0,10 de ICMS que as indústrias locais já estão isentasâ€, disse a senadora Kátia Abreu.
Ainda conforme Kátia Abreu, os produtores do Sul do Pará, por exemplo, que entregam os seus produtos nos laticínios de Araguaína, recebem R$ 0,45/litro. Como estima-se que exista no consumo, comercialização e fabricação de queijos e subprodutos artesanais um volume diário de 300 mil litros, poderia haver uma distribuição de renda da ordem de R$ 45 mil/dia a estes produtores, caso o seu produto fosse comercializado R$ 0,15 ou R$ 0,20 superiores, como tem ocorrido com a Cooperativa. “As indústrias estão chiando devido í organização dos produtores e querem ganhar mais í custa do sacrifício de quem realmente produz e quer o melhor preço para seus produtos e isto quem determina é o mercadoâ€, raciocina a Senadora.
Segundo Kátia Abreu, os laticínios estão preocupados também com o laticínio a ser construído pela cooperativa de produtores em Araguaína. Os projetos já estão em curso na Caixa Econí´mica Federal e estão sendo viabilizadas com duas emendas parlamentares. Uma de R$ 287 mil, do senador João Ribeiro e outra no valor de R$ 1 milhão, viabilizados por Kátia Abreu. O laticínio será construído em uma área de 35 mil e 800 metros quadrados, dentro do Distrito AgroIndustrial de Araguaína, terreno cedido pela prefeitura municipal. “Os recursos já estão disponíveis na Caixaâ€, salienta Kátia Abreu ressaltando que a cooperativa é um instrumento mercadológico fundamental para o produtor, tanto que conseguiu alcançar melhor preço no mercado, provocando a reação.
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