UEL testa equipamento para detectar adulterações no leite

Um equipamento desenvolvido por pesquisadores das áreas de Engenharia Elétrica e de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina (UEL) promete melhorar o processo de avaliação de adulteração em amostras de leite, que provoca prejuízos à cadeia do setor e à saúde pública.
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O protótipo está em fase final de testes no Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Lipoa) e no Laboratório de Automação e Instrumentação Inteligente (CTU) e inova ao medir com precisão a quantidade de água nas amostras utilizando um princípio físico aparentemente simples. O Fotômetro Digital da UEL é capaz de aferir a mistura a partir da absorção da luz em alguns cumprimentos de onda.

Segundo o coordenador do projeto, professor José Alexandre de França, do Departamento de Engenharia Elétrica (CTU), toda substância carrega ligações químicas que absorvem luz em cumprimentos específicos. Dessa forma, o aparelho é capaz de avaliar a quantidade de água com exatidão porque afere o tamanho das ondas emitidas. “Quanto mais água, mais luz será absorvida e menos refletida”, explica o professor.

O aparelho desenvolvido na UEL representa uma tecnologia mais segura que o sistema largamente utilizado nos laticínios brasileiros, cujas análises são feitas em um equipamento eletrônico chamado crioscópio. Embora esta técnica possa ser considerada eficiente, ela é passível de adulterações porque os fraudadores normalmente adicionam outras substâncias químicas, em conjunto com a água, com o intuito de “enganar” o crioscópio.

Segundo o professor, a equipe testa uma metodologia de preparação de mistura ideal para o equipamento. Os testes realizados em laboratório demonstram, por exemplo, que a temperatura do leite é capaz de influenciar o estado dos componentes, modificando resultados. De acordo com o coordenador do projeto, nesta fase a equipe busca este padrão, além de avaliar outras possibilidades de fraudes, como sal, ureia e álcool. Os testes deverão durar pelo menos mais 12 meses, quando o equipamento poderá ter a patente requerida em nome da UEL.

Além do leite, o Fotômetro Digital tem potencial para análises em outros alimentos líquidos e até sólidos. Outra aplicação para esta tecnologia que utiliza princípios da ótica é a possibilidade de analisar com precisão a mistura de álcool na gasolina, também bastante reclamada por consumidores. Para esta função, obviamente, o equipamento precisaria passar por ajustes e novos testes.

Ainda de acordo com o professor França, a tecnologia de medição de substância por ondas de luz é utilizada em equipamentos que podem ser adquiridos no mercado formal, chamados de espectrofotômetros, capazes de aferir propriedades da luz em uma determinada faixa do espectro eletromagnético. O problema destes equipamentos, segundo o professor, é o preço, que gira na faixa dos US$ 100 mil. O Fotômetro da UEL poderá em breve representar uma alternativa bem mais acessível.

Tecnologia terá impacto em toda cadeia produtiva — Para a professora Vanerli Beloti, coordenadora do Lipoa, os testes de pureza do leite são considerados complicados porque os componentes existentes no líquido interferem nas análises.

A pesquisadora esclarece que o potencial de mercado desta nova tecnologia é grande, podendo atender toda a cadeia produtora do leite. É uma cadeia que reúne mais um milhão de produtores rurais, responsáveis pela produção de mais 30 milhões de litros/dia e pela geração de cerca de 4,6 milhões de empregos, tanto no campo como na indústria, totalizando aproximadamente R$ 9,6 bilhões em impostos arrecadados.

Há cerca de 30 anos trabalhando na área, Vanerli explica que as fraudes ocorrem no momento do transporte de carga em caminhões, com adição de 10% de água. A adulteração é grave, pois pode comprometer a saúde dos consumidores. Há ainda casos de fraudes envolvendo produtos químicos como ureia, soda cáustica, água oxigenada e cal virgem.

Além de ser um problema de saúde pública, a mistura no leite traz prejuízos significativos para os laticínios, que correm riscos ao adquirir um produto adulterado. Dessa forma, ela acredita que esta nova tecnologia em desenvolvimento na UEL pode colaborar para inibir fraudes, proporcionando maior segurança para a indústria e por consequência para o consumidor final.

“A ideia é que todo laticínio possa contar com um fotômetro digital made in UEL”, afirma a pesquisadora. Hoje, todo laticínio conta com crioscópios e equipes para fazer a fiscalização e o controle de qualidade do produto final.

https://www.bemparana.com.br/noticia/438673/uel-testa-equipamento-para-detectar-adulteracoes-no-leite

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