Sêmen sexado: saiba por que vale a pena aperfeiçoar a inseminação bovina

Sêmen sexado - O investimento em sêmen sexado está fazendo a diferença na pecuária brasileira. Com um rebanho de 6.500 animais, a marca Nelore Mocho CV, que leva as iniciais do pecuarista
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Sêmen sexado permite que o pecuarista escolha o sexo dos animais nascidos na fazenda e acelera o melhoramento genético do rebanho
Por Bruno Santos
O investimento em sêmen sexado está fazendo a diferença na pecuária brasileira. Com um rebanho de 6.500 animais, a marca Nelore Mocho CV, que leva as iniciais do pecuarista Carlos Viacava, é atualmente referência em eficiência na seleção de bovinos. Anualmente, a empresa oferta na fazenda São José, localizada em Paulínia (SP), cerca de 1.300 animais selecionados para garantir boa fertilidade, precocidade e habilidade maternal, características indispensáveis para melhorar os resultados da pecuária (leia também: 11 cuidados no manuseio do sêmen congelado).
A marca contabiliza 31 anos desenvolvendo um criterioso trabalho de melhoramento genético para a produção de touros e matrizes da raça nelore mocho. A base desse trabalho está na inovação e adoção de novas tecnologias, sendo que vale citar especialmente o uso do sêmen sexado. “Com a técnica, passamos a selecionar com mais precisão, como, por exemplo, utilizar sêmen sexado de touros de bons índices para a habilidade maternal para produzir as matrizes de reposição”, diz Ricardo Viacava, filho de Carlos Viacava e CEO da propriedade (leia também: 7 dicas para investir na inseminação artificial em bovinos e melhorar a reprodução).
Sêmen sexado
A Nelore Mocho CV foi uma das primeiras fazendas brasileiras a apostar no sêmen sexado, logo quando a tecnologia foi importada dos Estados Unidos, em meados de 2003. A promessa era ser um divisor de águas na pecuária brasileira, já que possibilitaria a seleção do sexo na concepção e a produção direcionada de machos ou fêmeas.
No caso da Nelore Mocho CV, o sêmen sexado é utilizado exclusivamente por meio da Fertilização In Vitro (FIV). De acordo com Ricardo Viacava, por se tratar de um sêmen de alto valor, com essa técnica, consegue-se diluir o custo produzindo diversos embriões com uma só dose (leia também: saiba como verificar a qualidade do sêmen bovino).
Com a FIV, a propriedade atingiu índice de produção de embriões estatisticamente idêntico à inseminação com sêmen convencional. “Acredito que o sêmen sexado pode trazer muitos benefícios se puder ser utilizado em larga escala”, diz o CEO da Nelore Mocho CV.
Para compreender as vantagens da tecnologia, ele cita um exemplo simples: o criador pode selecionar suas vacas em dois grupos. Para inseminar as melhores matrizes, o pecuarista usaria o sêmen sexado de nelore para produzir suas fêmeas. Já nas vacas de pior desempenho, ele pode utilizar sêmen sexado de macho de outra raça. “Assim, é possível obter as vantagens da heterose e produzir mais quilos de bezerros por ano”, afirma Ricardo Viacava.
Objetivos
O sêmen sexado surgiu nos Estados Unidos a partir da necessidade da zootecnia de ter a valorização maior da fêmea ou do macho no rebanho de uma fazenda. Em um rebanho de gado leiteiro, por exemplo, o pecuarista deseja ter mais fêmeas do que machos, pois elas que vão produzir leite no sistema de produção.
No caso da pecuária de corte, o macho ganha muito mais peso do que a fêmea desde a amamentação, na recria e até a fase de engorda. Por essa razão, como o objetivo é ter animais com maior ganho de peso para o abate, neste sistema de produção é desejável ter animais do sexo masculino.
Na produção de carne também é importante fazer a reposição do rebanho e aumentar a quantidade de fêmeas nascidas para ter matrizes de genética superior. “O sêmen sexado foi uma revolução tanto para a pecuária de corte quanto para a de leite”, diz o professor Pietro Baruselli, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), especialista em reprodução animal e autoridade do assunto no Brasil.
Por que a tecnologia é rara no Brasil?
Apesar das inúmeras vantagens da sexagem, fazendas como a Nelore Mocho CV ainda representam uma minoria no Brasil, pois a técnica ainda é pouco adotada pelos pecuaristas. Segundo o professor Baruselli, diversos fatores não contribuíram para a expansão da tecnologia. No entanto, a principal explicação é a quantidade de doses inseminantes.
No sêmen convencional, por exemplo, uma dose tem entre 10 e 20 milhões de espermatozoides, enquanto que no sêmen sexado, a dose apresenta de dois a quatro milhões de espermatozoides. “Isso ocorre devido à dificuldade de ter um grande número de células sexadas por ejaculação, mas a ciência está ajustando e conhecendo a fertilidade dos touros para que possam emprenhar com concentrações menores de doses e com a mesma eficiência do sêmen convencional”, diz o especialista.
Avanço da IATF
A expansão do mercado de sêmen sexado também depende da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), que era outro grande gargalo por causa da baixa eficiência na técnica. À medida que a IATF é aperfeiçoada nas fazendas, o sêmen sexado tem condições de avançar. Para reverter os problemas relacionados à IATF, nos últimos 12 anos, o professor coordenou diversos estudos a campo para compreender a diferença entre a inseminação com o sêmen convencional e com o sexado. Leia também: método de avaliação corporal ajuda a aumentar a taxa de prenhez em 17%.
Segundo Baruselli, atualmente já se conseguiu desenvolver protocolos de IATF com sêmen sexado de elevada eficiência com concepção de 80% a 90%. Isso significa prenhezes com IATF de sêmen sexado com resultados semelhantes às prenhezes com sêmen convencional.
“A sexagem vem melhorando ano a ano sua eficiência. Com a evolução tecnológica, hoje já temos resultados muito positivos na IATF e o objetivo maior é usá-la no sêmen sexado, porque 85% do mercado de inseminação são feitos com IATF e vale muito a pena usar o sêmen sexado devido a todas as facilidades”, afirma o professor.
O processo de sexagem
A USP, em parceria com a empresa americana Sexing Technologies, com laboratório em Indaiatuba (SP) desenvolve estudos para tornar a atividade mais eficiente sem comprometer a fertilidade. “Tudo que há de mais moderno lá fora está sendo aplicado no Brasil de forma simultânea”, afirma Baruselli.
No Brasil, a Sexing Technologies é única empresa que faz o processo de sexagem. O laboratório recebe o ejaculado cru das centrais de coleta parceiras de todo o país e faz o processo de separação dos cromossomos machos e fêmeas.
A companhia foi pioneira ao desenvolver uma nova tecnologia chamada “Sexado Ultra”, que através da melhoria dos procedimentos fez com que a qualidade da liberação das palhetas alcançasse bons resultados a campo. “Temos melhorado todos os processos, o que tem tornado a tecnologia cada vez mais eficiente”, diz Sthefano Gaudenzio Panazzolo, gerente de produção.
Espermatozoides
A separação dos espermatozoides para a produção de machos (cromossomo Y) ou fêmeas (cromossomo X) é feito por um aparelho chamado citômetro de fluxo. O equipamento faz a seleção com base no conteúdo do DNA das células. Isso ocorre porque o espermatozoide que gera a fêmea possui 4% mais material genético que o gerador do macho.
Com o uso da citômetria de fluxo é possível separar os dois tipos de espermatozoides com alta confiabilidade. “O citômetro associa a emissão de raios laser com coloração diferencial dos espermatozoides viáveis e não viáveis e com as forças hidrodinâmicas direcionam o espermatozoide durante o processo de separação dos cromossomos X e Y”, afirma Panazzolo.
Pecuária de leite
Uma das centrais parcerias da Sexing Technologies é a CRV Lagoa, de Sertãozinho (SP), empresa que desde 2005 oferece aos seus clientes a opção de fazer o sêmen sexado.
De acordo com o médico veterinário e gerente de vendas e marketing da CRV, Luis Adriano Teixeira, a tecnologia conquista especialmente produtores de leite que querem aumentar o rebanho ou melhorar a genética das principais fêmeas. “A demanda do corte ainda é menor. No leite, o sêmen sexado é utilizado principalmente em função das fêmeas de alto valor”, diz Teixeira.
Por ser uma técnica que tem grande tecnologia agregada, atualmente, o preço da dose de sêmen sexado chega a ser R$ 80 mais caro se comparado com o sêmen convencional. No entanto, os especialistas defendem que as vantagens da tecnologia justificam o investimento.
Para Teixeira, no rebanho leiteiro, por exemplo, o produtor realmente gera um animal eficiente com maior valor agregado e que vai produzir mais leite. “Se tivesse um custo mais baixo, o sêmen sexado teria um potencial de uso muito maior no gado de corte assim como já é no leite”, afirma o médico veterinário.
Vendas de sêmen sexado Embora ainda não tenha um Index que especifique a quantidade de vendas de sêmen sexado, a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) já planeja fazer esse levantamento em breve.
De acordo com Sérgio Saud, presidente da Asbia, o pecuarista de leite se beneficia ao garantir um maior número de nascimento de fêmeas e a tecnologia tende a avançar. “Sabemos que o uso do sêmen sexado, principalmente, na pecuária leiteira tem crescido nos últimos anos”, diz Saud. “Em 2016, em razão do baixo preço pago pelo leite ao produtor, pudemos observar uma ligeira queda no seu uso. Mas, no início de 2017, com a recuperação dos preços, o consumo de sêmen sexado já foi retomado e voltou a crescer.”
Saud também defende que a tecnologia pode ser eficiente e importante na pecuária de corte, como é o caso da Nelore Mocho CV. “Alguns pecuaristas de corte que têm interesse em formar lotes mais homogêneos de machos, visando um nicho de mercado para carne de qualidade, também podem utilizar o sêmen sexado em suas propriedades. Assim, vão acelerar a reposição de fêmeas de alto valor genético”, afirma.
5 motivos para investir em sêmen sexado
1 – Liberdade para escolher o sexo da cria e definir os rumos do seu negócio
2 – Incrementar o número de fêmeas ou de machos
3 – Maior intensidade de seleção, acelerando o melhoramento genético do rebanho
4 – Reposição interna do rebanho com qualidade genética e sanitária
5 – Otimização das características genéticas desejadas
https://sfagro.uol.com.br/semen-sexado-inseminacao-bovinos/

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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