Se o fim de ano é sinônimo de despesas extras, a boa notícia é que pelo menos um item básico da alimentação está com o preço em queda. Parceiro do café ou do achocolatado no café da manhã e de variadas receitas de doce, o leite longa vida está mais barato na prateleira. Levantamento da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) mostra que, depois de custar R$ 3,26 (preço médio) em julho, o valor médio do litro chegou a R$ 2,93 na terceira semana de novembro, um recuo de 10,1%. O relatório do Instituto de Estudos e Pesquisas Econômicas da UFRGS (IEPE-UFRGS) também mostra praticamente a mesma redução em período semelhante: 10,4% de julho a outubro (os dados de novembro só são disponibilizados em dezembro).
O motivo da queda nos preços é o aumento da oferta do produto no mercado brasileiro. O excesso de produção em Minas Gerais, principal Estado leiteiro do país, ajudou a derrubar o valor nas gôndolas.
– As interferências do clima aumentaram a produção e houve necessidade de baixar os preços em função do excesso. Leite é perecível: ou vende ou joga fora – destaca o presidente da Agas, Antônio Longo.

Economia na prática

Na prática, essa redução pode representar uma economia de cerca de R$ 20 por mês, em uma família de quatro pessoas, considerando o consumo de dois litros diário.
– Em famílias com crianças em idade escolar, o consumo médio é de dois a dois litros e meio por dia. Em casas com crianças menores, o consumo aumenta – indica a nutricionista Cláudia Marchese Strey.
Além da folga no orçamento familiar, a baixa do preço também dá uma mãozinha para os comerciantes, principalmente aqueles que usam o leite como insumo para outras preparações, como Luís Fernando de Oliveira, proprietário de uma padaria no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.
– Tudo vem aumentando, a luz, a farinha… A baixa no leite está dando uma ajuda. A gente trabalha muito com o leite longa vida na produção de doces, salgados, tudo praticamente usa leite – comenta.

Redução não deve impactar nos derivados

A expectativa tanto da indústria quanto dos supermercadistas é de que os preços se mantenham no mesmo patamar nos meses de verão enquanto a produção estiver alta e o consumo menor. Bom para o consumidor e para parte do comércio. Contudo, os valores mais baixos podem não chegar até o outono.
– Não é salutar ficar nesse patamar de preço, há necessidade de valor superior em função de custos do produtor e da indústria. O leite é um dos itens com menor margem no supermercado – avalia Longo.
Ainda que a matéria-prima esteja mais em conta, os derivados não devem sofrer grandes alterações, estima secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini. Queijo, leite em pó, nata e manteiga devem manter-se na mesma faixa de preço.
– O custo da manteiga e da nata não caem porque são a gordura, como se fosse a «picanha» do gado: é pequena e o mercado absorve todo o consumo – diz o secretário.