Pequeno produtor é o que deve sofrer mais, segundo Emater. Por outro lado, medida pode diminuir o preço para o consumidor.
O governo federal anunciou que vai retomar a importação de leite em pó do Uruguai. A compra havia sido suspensa em setembro, depois que produtores reclamaram da procedência do produto.
Uma comitiva foi até o país vizinho e, segundo o Ministério da Agricultura, constatou que o produto não oferece risco sanitário. Por isso, a suspensão foi retirada. A notícia deixou os produtores gaúchos preocupados. Eles acreditam que a retomada da importação pode causar prejuízo para o setor.
«Com o retorno da liberação para importação, tudo isso que nós estávamos contando para uma retomada, para acalmar um pouco o mercado, nessa perspectiva, não acontece», diz a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari, Cíntia Agostini.
Gilberto Horback, que é produtor de Cruz Alta, no Noroeste do Estado, teve que fazer investimentos no campo para atender a legislação e fornecer um produto de qualidade para a indústria. Com o preço do produto reduzido, ele afirma que fica difícil quitar as dívidas.
«A gente faz um investimento e no momento abaixa o preço, então fica difícil até de pagar as prestações. Com as dificuldades do preço e o governo importando então…», preocupa-se ele.
Para a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o pequeno produtor é o que mais vai sofrer com o preço baixo que recebe pelo litro de leite. «Como a gente sabe que a atividade leiteira tá muito fortemente ligada à pequena propriedade, isso interfere em toda a questão da sustentação, não só da atividade leiteira, mas também do agricultor no meio rural», avalia a agrônoma da entidade, Larissa Reis.
Se, para o produtor rural, a notícia não é animadora, para o consumidor a perspectiva é boa. Com a volta da importação de leite do Uruguai, a tendência é de redução de preço no supermercado. O consumidor agradece, mas também entende que a medida pode ser prejudicial ao produtor. «Eu sou um que estou me privilegiando pelo preço que está mais barato, mas não deixo de ser contra esta importação em massa do leite», afirma o artesão Júlio Cézar da Silva.
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