Produtores gaúchos visitam Embrapa

Produtores da Cooperativa Santa Clara chegam à Embrapa
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O que separa Carlos Barbosa – RS, município que sedia a cooperativa Santa Clara, de Juiz de Fora – MG, cidade onde ficam os laboratórios da Embrapa Gado de Leite, são 1.508 km. Uma longa distância para um produtor de leite de base familiar percorrer, considerando que vaca tem que ser ordenhada de segunda a segunda e a lida no campo não pode parar.  No entanto, além de percorrer toda essa distância, 24 pessoas, entre produtores e técnicos da Cooperativa Santa Clara, ausentaram-se por uma semana dos seus compromissos com o rebanho para conhecer a pesquisa desenvolvida pela instituição. O objetivo: acumular informações para melhorar a produtividade em suas propriedades, quando voltarem para casa.

«Quem ficou cuidando da fazenda para garantir nossa viagem teve que trabalhar dobrado, mas quem veio para Minas Gerais também não teve folga», diz Carlos Alberto Araújo, engenheiro agrônomo que trabalha há 32 anos na cooperativa e coordenou a excursão do grupo. Eles tiveram agenda cheia todos os dias: conheceram os laboratórios da instituição; assistiram a oito palestras; visitaram os sistemas de produção do campo experimental; conheceram a Vitrine de Forrageiras, com várias espécies de gramíneas utilizadas no Brasil e ainda tiveram contato com produtores de leite da região.

Mas o motivo principal da viagem foi interagir com os pesquisadores a respeito do GEPLeite – Programa de Gestão Eficiente da Propriedade Leiteira. «A ideia da viagem surgiu em função do GEPLeite. Conhecemos o Programa há pouco mais de um ano. Já temos 36 produtores utilizando essa ferramenta de gestão e queremos expandir o seu uso», afirma Gelsi Thums, vice-presidente da cooperativa, que acompanhou o grupo na viajem.

O GEPLeite é uma ferramenta experimental desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite, que conta com a parceria da CCPR/Itambé e da Santa Clara, atendendo seus cooperados com a supervisão dos técnicos. O princípio básico da ferramenta é levar a filosofia contábil dos grandes empreendimentos urbanos para a produção de leite.  «Trata-se de uma visão diferente dos custos de produção de leite, com uma escrituração muito mais abrangente», explica o analista da Embrapa, Alziro Carneiro.

Para oferecer um diagnóstico anual ou mensal da propriedade, o GEPLeite trabalha com os seguintes indicadores:

– Indicadores financeiros: São considerados a Receita Operacional Líquida (ROL = receita total, menos impostos sobre vendas); os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA); o retorno sobre o investimento (ROI = percentual de lucro em relação a bens e direitos da propriedade) e o valor econômico acrescido ou reduzido do patrimônio após remuneração de todos os fatores de produção, inclusive capital próprio (EVA).

– Custos de produção: Custo operacional efetivo (COE = a soma de todos os custos, variáveis e fixos, exceto depreciação e mão de obra familiar); custo operacional total (COT = a soma do COE com a depreciação e a mão de obra familiar).

– Indicadores de eficiência: produção (litros/dia); percentual de vacas em lactação em relação ao rebanho; produtividade dos fatores: vaca (litros/dia/vacas em lactação e litros/ano/total de vacas), mão-de-obra (litros/dia/homem), terra (litros/ano/hectare); investimento por produção (R$/litro); ROL por área (R$/ha); concentrado/ROL (%); mão-de-obra/ROL (%).

– Indicadores de Qualidade: Contagem bacteriana (CBT= mil ufc/ml); mastite (CCS = mil células somática/ml); matéria gorda (%); proteína (%); bonificação (R$/l) e preço bruto do leite (R$/l).

Todos esses indicadores são apresentados em uma única folha impressa, frente e verso, onde o produtor tem uma compreensão global do negócio por meio de gráficos que retratam a situação do empreendimento a cada mês e sua evolução anual.

A expectativa da Embrapa é que, nos próximos meses, o modelo de planilhas seja convertido em um software, tornando o processo de escrituração mais amigável para o produtor. Foi justamente a evolução tecnológica do processo de escrituração que definiu a composição do grupo que participou da excursão. «Trouxemos para a Embrapa os nossos jovens cooperados e filhos de cooperados, que lidam melhor com a tecnologia», diz o vice-presidente da Santa Clara. «Se quisermos manter os jovens na pecuária de leite, precisamos trabalhar com as novas tecnologias», reforça.

Para a Embrapa, esse modelo de parceria com as cooperativas é relevante.  «Trata-se de uma parceria público privada, na qual as cooperativas financiam o desenvolvimento dos estudos e nós entramos com o trabalho dos analistas e pesquisadores da Embrapa», explica Carneiro. Segundo o pesquisador, os dados escriturados pelos produtores retornam à Embrapa, fomentando a pesquisa. «Com o acúmulo das informações teremos condições de apontar sistemas mais rentáveis para as características de cada negócio», ressalta Carneiro.

A Santa Clara possui 5.100 cooperados; 3.200 são produtores de leite. «É uma cooperativa voltada para o setor lácteo. Quem quiser entrar para a cooperativa tem que produzir leite» – afirma Araújo, que completa: «aqueles que exercem outras atividades são antigos produtores de leite que investiram em outro negócio». O engenheiro agrônomo diz que a pecuária de leite é uma atividade em franca expansão no Rio Grande do Sul, que é o segundo maior produtor de leite do Brasil, respondendo por 13% da produção nacional. «Mas somos o primeiro em produtividade. Nosso estado é o que produz mais leite por vaca», afirma Araújo. Segundo dados do IBGE, a produtividade média do Rio Grande do Sul é duas vezes maior do que a média nacional.

Com 104 anos, Santa Clara é a cooperativa de laticínios mais antiga do país em atividade, que se expandiu adquirindo outras cooperativas. Araújo fala, com orgulho, que a cooperativa possui um dos mais capacitados departamentos técnicos do Rio Grande do Sul. Com sua sede na Serra Gaúcha, ela capta leite principalmente na Serra, norte e noroeste do estado. A captação diária da cooperativa é de 740 mil litros de leite, que são processados pela própria entidade. São comercializados 117 produtos diferentes produtos lácteos da marca «Santa Clara».

Um dos focos da cooperativa é a realização de um trabalho educacional junto aos filhos de produtores, visando a sucessão nas propriedades. Por isso, metade da delegação que participou da viagem foi formada por filhos de cooperados. Thums afirma:

– «É preciso motivar os jovens a continuar na atividade. Os atrativos para que eles saiam da pecuária são muitos. Se mostrarmos a eles como gerir um negócio produtivo e rentável, proporcionando perspectivas para prosperar, incentivando o estudo e o trabalho desde cedo, as possibilidades de eles sucederem os pais são muitas».

Para os produtores que desejarem visitar a Embrapa Gado de Leite, a instituição possui uma hospedaria, com preços acessíveis, situada no Campo Experimental de Coronel Pacheco. As visitas podem ser agendas pelo site da Embrapa Gado de Leite (www.embrapa.br/gado-de-leite) ou pelos telefones (32) 3311-7652 ou (32) 3249-4910.

Rubens Neiva (MTb 5445)
Embrapa Gado de Leite
rubens.neiva@embrapa.br
Telefone: 3233117513
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/14784150/produtores-gauchos-visitam-embrapa

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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