Produção rural é tema de série de reportagens da TV Rio Sul – parte 2

Importância do setor para história da região é contada no mês de novembro. Projeto 'Histórias para Contar de Novo' comemora 25 anos da emissora.
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Importância do setor para história da região é contada no mês de novembro.
Projeto ‘Histórias para Contar de Novo’ comemora 25 anos da emissora.

 

Com 75 anos senhor Vicente trabalhou a vida toda em fazendas. E já fez de tudo um pouco… Hoje ele está feliz da vida: realizou o sonho de ser dono do próprio negócio. Virou patrão, mas continua trabalhando duro. Na pequena propriedade onde produz leite tudo fica por conta dele. Da ordenha das vacas até os cuidados com os bezerros. É trabalho para o dia inteiro, mas senhor Vicente não tem do que reclamar.

«Vou continuar se Deus quiser. Enquanto Deus me der vida eu vou continuar. Se a gente parar a gente enferruja, que nem ferro velho, não pega mais», contou Vicente Justino de Oliveira, produtor rural.

O volume de leite é pequeno, cerca de 100 litros por dia. Todo leite produzido na fazenda é beneficiado aqui mesmo, onde senhor Vicente produz queijo minas fresco.

«Eu coloco coalho e fica de 30 minutos a uma hora descansando», disse. A massa pronta é colocada na forma e depois de um dia de descanso vira o queijo que a gente conhece, prontinho para ser vendido.

O dia inteiro senhor Vicente atende clientes assim, na porta de casa. A propaganda boca a boca estimula as vendas que complementam a renda da aposentadoria e garantem o sustento da família.

Pequenos, médios e grandes produtores ajudam a fortalecer a bacia leiteira do Sul do estado. Só em Paraíba do Sul são 210. E muitos enxergaram as oportunidades desse mercado. Foi o caso do Carlisson. Depois de ver o avô e o pai a frente da fazenda ele não teve como fugir do destino.

«Tem mais de 70 anos que a gente já produz leite. Passou pro meu pai e agora eu que tô aqui na frente da fazenda junto com a minha mãe», contou Carlisson Costa de Souza, produtor rural.

Desde a infância ele acompanhava o negócio, mas foi há 17 anos, com a morte do pai, que assumiu a fazenda. De cara percebeu que o desafio seria lidar com a oscilação no preço do leite e reduzir o alto custo da produção. Foi então que o Carlisson começou a fazer algumas mudanças. Melhorou o pasto, implantou a ordenha mecanizada e comprou animais de raças mais leiteiras, que produzem um volume maior e durante um período mais longo.

O resultado apareceu logo. Com 52 cabeças de gado ele tira em média 500 litros de leite por dia. Fica tudo armazenado em tanques resfriados. Depois a produção é vendida para um laticínio em Barra Mansa e para cooperativa de Paraíba do Sul.

Se por um lado as coisas melhoraram, por outro ele enfrenta o mesmo problema que a maioria dos produtores. «Maior gargalo que eu vejo aqui na propriedade rural é em relação a mão de obra. A gente não tem mãe de obra qualificada pra trabalhar com a gente no meio rural. A gente tem essa dificuldade de arrumar um cerqueiro, de alguma pessoa que vai trabalhar dentro da propriedade», disse Carlisson.

Conseguir gente para trabalhar no campo está cada dia mais difícil. E isso é resultado do êxodo rural, que é a migração do homem do campo para as cidade em busca de melhores condições de vida. Um processo que se acentuou nos últimos 30 anos. De acordo com dados da Emater, na década de 70, 25% da população de Paraíba do Sul vivia na zona rural. Hoje esse índice não passa de 7%.

O resultado foi uma queda brusca na produção de leite. O município, que chegou a um volume de 15 milhões de litros por ano na década de 70, fechou 2014 com a marca de 9 milhões de litros.

Foi então que o Governo do Estado viu a necessidade de trazer de volta o homem para o campo e fixar os que já estavam aqui. Vários programas foram criados para ajudar pequenos e médios produtores. Como feiras de venda de animais de raças leiteiras com facilidade de financiamento e juros mais baixos. Criada em 2009, ela vem ajudando a fortalecer a bacia leiteira na região. Para se ter uma ideia só em Paraíba do Sul 18 produtores adquiriram novos animais, somando 109 cabeças de gado ao rebanho do município. Além disso, a estrutura oferecida para o produtor e para família dele também melhorou.

«Apesar da redução do número de produtores, da redução da produção de leite, o rebanho melhorou muito. Então a produtividade de leite por vaca cresceu nesses últimos 25 anos», explicou Geraldo Rivelo Pereira, supervisor da Emater.Reportagem mostra qual o papel do leite na economia do Sul

Os incentivos deram novo fôlego a produção e atrairam grandes indústrias ligadas ao setor. Valença já é segundo maior produtor do estado. Fica atrás apenas de Itaperuna, no Norte fluminense. Foi na década de 90 que passou a atrair os laticínios.

De acordo com dados da Emater atualmente o município tem 750 produtores e 51 mil cabeças de gado. Só para ter uma ideia o tamanho do rebanho é quase igual ao número de habitantes, que segundo o último censo, é de 71 mil pessoas. O volume de leite produzido é de 90 mil litros por dia. Mesmo alto, ainda não é suficiente para demanda da agroindústria local. Só uma das fábricas que beneficia o leite consome 85 mil litros diariamente.

Levando em conta toda a cadeia produtiva, em Valença o setor movimenta quase R$ 60 milhões por ano. Em 2012 a empresa considerada a maior compradora individual de leite no Brasil começou a operar em Três Rios. A escolha levou em conta a localização geográfica e a proximidade com grandes centros consumidores, o que facilitaria o escoamento dos produtos. Mas a presença de uma bacia leiteira com potencial de crescimento foi ponto chave para instalação da empresa.

«Quando a gente chegou aqui em 2012 era uma bacia leiteira já desenvolvida, algumas empresas já atuavam aqui na região, mas a gente percebia que havia uma oportunidade pra empresa desenvolver esses produtores tanto do ponto de vista de produção quanto da qualidade e da gestão dessas propriedades», disse Luiz Guedes, coordenador de qualidade.

A presença da fábrica foi um novo incentivo. Quando entrou em funcionamento eles compravam de apenas 20 produtores. Hoje são 108, além de duas cooperativas, o que representa 70% do leite que é beneficiado aqui. O padrão de qualidade é a principal exigência.

«A qualidade da matéria prima inicial ela é fundamental. Então nós temos que sempre olhar desde a fazenda, todo trabalho que nós fazemos com o produtor de leite até a chegada na nossa fábrica», explicou Carlos Kiyochi Kitamura, gerente industrial.

O leite passa por um rigoroso processo de avaliação. São feitos mais de 500 testes para analisar indicadores, como a acidez, por exemplo, que aponta a presença ou não de bactérias. E todos os dias um grupo de funcionários fica responsável pela degustação dos produtos.

«Nós consumimos esse produto pra verificar se eles estão dentro dos padrões de qualidade durante toda a vida desse produto. Desde o momento que ele nasce até o último dia de vida dele na prateleira nós vamos acompanhando e vendo como ele vai se comportar lá na mesa do consumidor», disse o gerente.

Em três anos a região deu o retorno esperado pela fábrica. A qualidade do leite melhorou e o volume de captação aumentou mais de 300%. E para o futuro a expectativa continua boa.

«A ideia é seguir aumentando. A gente ainda não chegou onde a gente quer. A gente ainda tem espaço pra captar mais leite e seguir fomentando e trabalhando o produtor pra que ele possa entender os padrões de qualidade da empresa», disse Luiz Guedes, coordenador de qualidade.

http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2015/11/producao-rural-e-tema-de-serie-de-reportagens-da-tv-rio-sul-parte-2.html

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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