Preços dos alimentos continuarão elevados. Culpa não é do produtor

“Não culpem os produtores rurais pelo encarecimento dos alimentos”.
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“Não culpem os produtores rurais pelo encarecimento dos alimentos”. O apelo é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, ao analisar o comportamento dos preços das carnes, arroz, feijão, milho e leite no mercado nacional. Ele aponta que o clima hostil, os preços pouco remuneradores, a inexistência de estoques reguladores e falta de gestão no abastecimento criaram um quadro de escassez e de elevação de preços para os consumidores.

O dirigente mostra que a escassez de milho e o seu consequente encarecimento se refletiram no aumento dos custos de produção das carnes em geral, especialmente de aves e suínos, e também do leite. Vários fatores levaram à aguda redução da oferta de milho. Um foi a redução da produção. Em 2005, 106 mil produtores rurais catarinenses cultivavam 800 mil hectares com milho e colhiam entre 3,8 e 4 milhões de toneladas. Nesses dez anos, a área plantada foi se reduzindo paulatinamente e, em 2015, foram cultivados 350 mil hectares de lavouras para uma produção estimada em 3,0 milhões de toneladas para um consumo estadual de 6 milhões de toneladas.

No plano federal, Pedrozo entende que faltou planejamento e ação preventiva da Companhia Nacional de Abastecimento que não alertou para o perigo das exportações maciças de um insumo essencial para importantes cadeias produtivas. “É preciso também lembrar que as agroindústrias poderiam ter sinalizado a intenção de pagar melhores preços e, assim, estimular a produção e a retenção do milho no mercado interno”, observa. Lembra que no ano passado, os preços do milho não agradaram os produtores. Por outro lado, a atual situação cambial estimulou a exportação de milho.

O presidente da Faesc explica que, no País, é estimada redução de 10% da produção total em relação à safra 2014/2015. O milho primeira safra apresentou queda na área plantada de 11% e redução da produtividade em 2%, sendo que a produção total reduziu 12,8%. A área plantada de milho primeira safra tem sido substituída pelo plantio de soja nas três últimas safras. Já o milho segunda safra teve expansão de área plantada de 7,6%, porém a produtividade reduziu 14,9% em relação à safra 2014/2015. A falta de chuva que atinge o Centro-Oeste brasileiro deve gerar perdas nas lavouras de milho safrinha. Os produtores do Mato Grosso que começaram a colher o cereal contabilizam os prejuízos causados pela estiagem. Em algumas propriedades, a perda de produtividade das áreas plantadas está acima dos 50%.

ARROZ & FEIJÃO

Na esfera nacional, a produção de arroz deve cair 14,3% em relação à safra 2014/2015. Também houve redução da área plantada em quase todos os estados produtores e o excesso de chuvas ocasionou plantio fora da janela ideal e baixa luminosidade, com efeitos sobre a produtividade na região sul. Santa Catarina é o segundo maior produtor de arroz do Brasil. As principais microrregiões produtoras são Litoral Sul e Norte e Alto Vale do Itajaí. O Estado cultiva cerca de 150.000 hectares e produz em torno de 1,1 milhão de toneladas.

O Brasil é o terceiro maior produtor de feijão, atrás somente do Mianmar e da Índia. Esses três países mais o México respondem pela metade do feijão do planeta. Para abastecer o mercado interno será preciso importar 200 mil toneladas de feijão preto, pois o produto está escasso e encareceu por conta de uma intensa seca. Esta foi a principal razão que levou o Governo Federal a suspender temporariamente o Imposto de Importação aplicado ao grão, com a meta de garantir o abastecimento, sem pressionar mais os preços.

Neste ano, a área plantada de feijão vai totalizar cerca de 3 milhões de hectares no país, a menor registrada desde o início da série histórica da Conab, em 1976. A queda da produção do feijão preto, forçada pela seca e também pela incidência de pragas, que comprometeram a primeira e a segunda safras, já encerradas, disparou os preços do produto, que apenas durante maio aumentaram 23,39%, de acordo com os dados oficiais. Preços desestimulantes e a seca derrubaram a produção.

Santa Catarina cultiva 77.051 hectares e produz 140.000 toneladas de feijão.

LEITE

Pedrozo assinala que as condições climáticas também afetaram dramaticamente o mercado de lácteos. O excesso de chuvas no sul do Brasil e a seca no centro-oeste reduziram a oferta de leite no mercado interno, forçando para cima os preços dessa matéria-prima. A diminuição na oferta, decorrente basicamente da menor produção de leite, deve manter-se nos próximos meses, confirmando o viés de alta. O clima prejudicou a recuperação das pastagens, o custo da nutrição subiu muito e muitos criadores venderam parte do plantel de vacas leiteiras para abate em razão da forte valorização da carne bovina. A Faesc prevê que o preço do leite no varejo continuará em alta pelo menos até setembro, quando as pastagens começam a melhorar e a produção reagirá. Além da escassez da matéria-prima, os custos de produção se manterão elevados.

Santa Catarina é o quinto produtor nacional, o Estado gera 2,9 bilhões de litros/ano ou 8,1 milhões de litros por dia através de 80.000 produtores. Praticamente todos os estabelecimentos agropecuários produzem leite, o que gera renda mensal às famílias rurais e contribui para o controle do êxodo rural. O oeste catarinense responde por 73,8% da produção.

http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/175561-precos-dos-alimentos-continuarao-elevados-culpa-nao-e-do-produtor.html#.V3O-gKJlFsV

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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