Periparto, momento crítico da vaca leiteira

Denomina-se periparto o período que se concentra próximo ao parto, tanto antes como depois. Numa definição mais detalhista, temos o conceito de período de transição, que são as três semanas anteriores e posteriores à parição. Muito se conversa, estuda e especula sobre este período.
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Denomina-se periparto o período que se concentra próximo ao parto, tanto antes como depois. Numa definição mais detalhista, temos o conceito de período de transição, que são as três semanas anteriores e posteriores à parição. Muito se conversa, estuda e especula sobre este período.
O ponto em que todos concordam é que é um momento crítico para a vaca leiteira e influencia não somente a lactação como pode ter consequências para toda a vida produtiva do animal. Mas por que é um período tão desafiador? O que faz com que a vaca fique tão vulnerável? Para responder a estas e outras questões, precisamos levar em consideração vários fatores.
O primeiro destes fatores e um dos que têm maior impacto sobre o sucesso do periparto é o Balanço Energético Negativo (BEN), isto é, condição na qual a vaca não obtém energia suficiente para suprir a produção de leite e, portanto, lança mão de suas reservas corpóreas – principalmente a gordura corporal – para manter a produção.
O balanço energético negativo é inevitável na vaca leiteira periparturiente. Independentemente da qualidade da dieta ou de quão bem manejado seja o rebanho, as matrizes passarão por uma situação de balanço energético negativo no fim da gestação e principalmente no início da lactação.
Esse fenômeno é o que garante que as vacas consigam atingir o pico de lactação e produção máxima nas primeiras semanas após o parto. E então o produtor poderá me perguntar: “Mas onde está o problema nisso? Qual a desvantagem em estimular minhas vacas a atingirem a máxima produção?” Ele está correto, mas nada é tão simples.
A vaca leiteira moderna foi tão geneticamente selecionada para produzir cada vez mais leite que os mecanismos endócrinos, hormonais e neurológicos que controlam a intensidade do balanço energético negativo ficaram muito sensíveis e a linha que separa uma vaca saudável em máxima atividade produtiva e um animal com diversos problemas é tênue. Encontrar o ponto de equilíbrio tornou-se um grande desafio na pecuária leiteira.
E como encontrar este equilíbrio? Para nós, tudo começa no pré-parto, momento em que temos a chance de preparar nossas vacas para um bom parto, um melhor pós-parto e possivelmente uma lactação tranquila e produtiva. Essa preparação pode basear-se em um parâmetro simples, porém eficiente: o escore de condição corporal, que consiste em dar uma “nota” para quão magra ou gorda está uma vaca. Ou seja, um número que nos dará uma ideia da quantidade de gordura presente no corpo do animal.
Numa escala de 1 a 5 para gado leiteiro, esse escore é obtido pela observação de uma pessoa treinada e apesar de ser bastante subjetivo não deve variar mais do 0,25 ponto entre dois observadores.
Com este dado podemos trabalhar controlando o balanço energético negativo, pois estudos apontam que, ao contrário do que foi dito por muito tempo, o ideal não é a vaca parir com um escore elevado, ou seja, “gordinha”, mas sim moderado.
Vacas com alto escore, maior do que 3,5, têm risco maior de desenvolver distúrbios metabólicos no pós-parto. Isso ocorre porque, quando o balanço energético negativo se inicia, já no fim do pré-parto, esses animais têm bastante reserva corpórea e começam a utilizá-la, de forma que os produtos provenientes do metabolismo da gordura (ácidos graxos, triglicérides e corpos cetônicos) começam a se acumular no fígado e na corrente sanguínea.
Este acúmulo, além de gerar distúrbios, como a cetose e a síndrome do fígado gorduroso, também sinaliza ao sistema nervoso que há muita energia disponível e o apetite do animal é desestimulado, o que faz com que a vaca reduza ainda mais sua ingestão de matéria seca e desta forma acabe perdendo peso de maneira exagerada.
Animais com escore moderado terão menos gordura para ser utilizada pelo organismo e, portanto, se recuperarão mais rápido do balanço energético negativo, já que enfrentarão uma menor redução no consumo de alimento. Estudo realizado em 2007 pelo professor inglês dr. Garnsworthy apontou que o escore corporal ideal para uma vaca na parição está entre 2,5 e 3, o que muitas pessoas poderiam considerar um animal magro.
É importante lembrar que o escore da vaca ao entrar no pré-parto dependerá muito da sua condição no momento da secagem. A perda de peso durante o pré-parto é altamente contraindicada – a vaca deve entrar no lote de pré-parto já com o seu escore corporal adequado.
Isso nos faz mais uma vez pensar que, apesar de classificarmos secagem e pré-parto como momentos distintos, tudo está interligado. Uma vaca que esteja muito gorda no momento da secagem provavelmente será um problema durante o periparto.
O monitoramento do ECC deve ser constante dentro da fazenda e mais intenso próximo à parição, mas importante em todos os momentos. Na próxima edição continuaresmos a abordar o assunto.
*Matéria originalmente publicada na edição 78 da Revista Mundo do Leite, em abril/maio de 2016.
Fonte: Revista Mundo do Leite

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