Importações de leite agravam crise do sector, dizem produtores e indústria

A decisão de liberalizar o mercado europeu do leite, depois de 30 anos de imposição de quotas, foi contestada pelos produtores, sobretudo açorianos (responsáveis por mais de 30% da produção de leite nacional), mas não é a única causa das dificuldades do sector.
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A decisão de liberalizar o mercado europeu do leite, depois de 30 anos de imposição de quotas, foi contestada pelos produtores, sobretudo açorianos (responsáveis por mais de 30% da produção de leite nacional), mas não é a única causa das dificuldades do sector.

Importações de leite agravam crise do sector, dizem produtores e indústria
Portugal importa 300 milhões de euros de produtos lácteos por ano, agravando a crise do sector do leite nacional que o fim do regime das quotas leiteiras reforçou no ano passado.

A decisão de liberalizar o mercado europeu do leite, depois de 30 anos de imposição de quotas, foi contestada pelos produtores, sobretudo açorianos (responsáveis por mais de 30% da produção de leite nacional), mas não é a única causa das dificuldades do sector.

Paulo Costa Leite, da Associação Nacional dos Industriais de Laticínios (ANIL), reconhece que houve outros factores “que impactaram negativa e violentamente” a oferta e a procura mundial de leite e produtos lácteos.

“No final da campanha anterior (2014/2015), doze países ultrapassaram as suas quotas leiteiras – num quantitativo total de cerca de três milhões de toneladas de leite –, o que significa que, mesmo antes de 01 de Abril de 2015, a Europa já vinha a debater-se com um excesso de oferta interna e acentuando as diferenças de competitividade entre o Norte e o Sul”, destacou, sublinhando que no final do ano passado a produção de leite europeia excedia em 13% as suas capacidades de comercialização.

Já Carlos Neves, da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), queixa-se da “imposição dos primeiros limites de produção por parte de alguma indústria” apenas três meses depois do fim das quotas, limites que se tornaram ainda mais restritos em 2016 “com mais reduções de produção e penalizações maiores para quem produzir acima da quantidade contratada”.

Produtores e indústria estão, no entanto, unidos quando criticam à actuação de outros agentes da cadeia alimentar, nomeadamente a grande distribuição, perspectivando um futuro pouco animador se nada mudar.

O responsável da ANIL acusa a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED, que representa as principais cadeias de hipermercados) de ignorar os “sucessivos pedidos da tutela para privilegiar a produção nacional”, ao contrário do que acontece noutros países europeus, nomeadamente em Espanha, e de não ajudar a esclarecer o consumidor, ao misturar margarinas com manteigas, bebidas não lácteas com o leite e produtos semelhantes a queijo com o queijo.

“Se a APED e os seus associados estão efectivamente preocupados com a baixa do consumo de laticínios também podem e devem promover o esclarecimento dos consumidores”, corrobora Carlos Neves.

O consumo de produtos lácteos tem estado a declinar nos últimos anos (6,7% entre 2011 e 2014, em Portugal), a favor de alternativas vegetais, alegadamente mais saudáveis, mas os benefícios ou malefícios do leite não são consensuais entre os especialistas.

A APED defendeu-se, salientando que as importações de leite caíram 33% entre 2011 e 2014, e exortou o setor a adaptar-se às “novas especificidades do mercado e tendências”, mas a recomendação não colhe junto dos produtores.

“Essa recomendação de adaptação dirige-se à indústria e não aos produtores que têm sido ‘obrigados’ a adaptar-se, reduzindo mais a produção do que reduziu o consumo, porque se fecharam mercados tradicionais de exportação da indústria e porque não parece haver a mesma redução na importação de leite e produtos lácteos, nomeadamente queijos e iogurtes, que representam 300 milhões de euros de importações”, contrapôs o dirigente da APROLEP.

Paulo Leite lamentou, por outro lado, a falta de vontade política dos decisores comunitários em encontrar “soluções equilibradas e efectivamente estruturantes”,estimando que a degradação de preços e de margens de comercialização conduzam “inevitavelmente ao encerramento de muitas explorações leiteiras e empresas, incapazes de competir com os preços (muitas vezes em claro ‘dumping’) dos produtos lácteos “que inundam o mercado nacional”.

http://economico.sapo.pt/noticias/importacoes-de-leite-agravam-crise-do-sector-dizem-produtores-e-industria_246067.html

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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