Em 2018, o Projeto Campo Futuro visitou 16 regiões nos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Na maioria dessas localidades, foi relatado o abandono da atividade leiteira em função da baixa remuneração. Com base nesse cenário, a equipe de Custo de Produção do Cepea realizou uma análise comparativa de competitividade entre a pecuária de leite e outras atividades apontadas como possibilidade de arrendamento nas regiões visitadas pelo Projeto Campo Futuro.
Dentre as 16 propriedades típicas levantadas, 9 apresentaram margem bruta por hectare superior ao valor recebido pelo arrendamento mais comum da região, foram elas: Pompéu (MG), Uberlândia (MG), Cascavel (PR), Castro (PR), Chopinzinho (PR), Umuarama (PR), Cruz Alta (RS), Pelotas (RS) e Três de Maio (RS).
Analisando o estado de Minas Gerais, que registra grande heterogeneidade nos sistemas de produção, duas das cinco propriedades típicas se mostram competitivas, ou seja, a margem bruta por hectare superou o valor de arrendamento. Nestas propriedades, os diferenciais foram o uso de uma estratégia nutricional adequada, que atende às exigências do rebanho e permite a expressão do potencial produtivo dos animais, e a presença de mão de obra qualificada e especializada na atividade.
Os bons desempenhos produtivo e econômico das propriedades competitivas, por sua vez, se refletem nos indicadores de participação dos custos com alimentação do rebanho e mão de obra contratada (terceirizada ou com carteira assinada) em relação à receita da atividade. Esses dois itens representavam, respectivamente, 50,8% e 13,6% da receita. Tais valores convergem com os indicadores tidos como ideais para propriedades economicamente equilibradas: os custos com alimentação do rebanho equivalendo a 50% da receita e os com mão de obra, entre 10% e 15% da receita.
Quanto à eficiência produtiva, as regiões competitivas se destacam. Nesses locais, a produção de leite por lactação foi 31% maior em comparação aos números obtidos nas regiões não competitivas; a produção por hectare foi 92% superior e a produção por colaborador, 39% maior. Os números de produtividade evidenciam que a melhor eficiência produtiva torna as propriedades competitivas na medida em que permite diluição dos custos fixos da produção e retornos atrativos a investimentos na atividade.