Entidades tentam enfrentar a crise na cadeia leiteira

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Essa é a maior crise das últimas décadas, que têm afastado da produção leiteira milhares de famílias do RS
CALAMIDADE: crise no leite no RS é uma das mais graves das últimas décadas – Lidiane Mallmann
Vale do Taquari – A crise leiteira afeta todo o estado do Rio Grande do Sul. A situação é de calamidade e já foi reportada recentemente pelo jornal O Informativo do Vale. Com objetivo de discutir a questão e realizar encaminhamentos efetivos na tentativa de corrigir os problemas enfrentados pela classe produtiva, diversas entidades estiveram reunidas na última semana em Porto Alegre. O final do encontro foi marcado pela elaboração de um ofício, que será encaminhado nos próximos dias ao Departamento de Defesa Comercial (DECOM) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
As entidades que se encontraram na última semana pedem, entre as medidas emergenciais, a abertura de investigação sobre a possível prática ilegal de comércio de produtos derivados do leite vindos do Uruguai. A reunião realizada nesta semena foi o segundo encontro do Grupo de Trabalho do Leite. O primeiro ocorreu durante a Expointer 2017.
O deputado estadual Zé Nunes (PT), um dos responsáveis pela criação do Grupo de Trabalho do Leite, diz que «estamos assistindo à falência da cadeia do leite no Rio Grande do Sul. Em alguns pontos do estado os produtores estão recebendo R$ 0,66 pelo litro do produto, que tem um custo de produção de R$ 1,27» (veja no gráfico a relação média de preços de referência pelo litro do leite para cada mês de 2017).
O Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) é uma das entidades que se envolve efetivamente nas discussões sobre a cadeia produtiva leiteira. A região tem a terceria maior bacia produtora do RS. A presidente, Cíntia Agostini, lamenta o fato de que outros Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) não estejam trabalhando ativamente com o tema.
Uma das principais pautas levantadas pelo Codevat nas reuniões mais recentes para tratar o tema faz referência aos empréstimos contraídos pelos produtores via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que agora não conseguem quitar os vencimentos em razão da baixa dos valores do leite. Para Cíntia, «o produtor está trabalhando no prejuízo». Isso evidencia o estado de urgência em que se encontra a cadeia. Na próxima semana, o secretário de Agricultura, Pecuária e Irrigação Ernani Polo e o deputado Zé Nunes devem ir para Brasília para cumprir agenda sobre a crise com ministérios e com bancadas do RS, SC e PR. Estão agendadas reuniões com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e Ministério do Desenvolvimento Social.
O deputado Zé Nunes diz que, com a crise, «toda a cadeia produtiva do estado é envolvida. Os produtores investiram e é necessário ampará-los», ele defende. Conforme Nunes, o quadro geral da crise se agravou no último período. «A queda média do preço do leite é R$ 0,08 (por litro) e a cada mês vem caindo mais». Conforme o deputado, «quanto mais trabalha mais prejuízo se têm». As entidades envolvidas têm o mesmo entendimento. «Os agricultores produzindo sem a cobertura do custo de produção», ele finaliza.
Para Cíntia Agostini, as tratativas sobre o leite avançaram em nível estadual, com os encaminhamentos desta semana, porém ainda precisam avançar na esfera federal. Mesmo que todas as reivindicações das entidades gaúchas sejam acatadas, Cíntia acredita que, no RS, a virada positiva no setor ocorreria somente no ano que vem. Cíntia defende que as atitudes têm de ser imediatas. Conforme Cíntia, não há conhecimento de crise recente tão drástica quanto essa no setor leiteiro.
O Codevat defende a reestruturação do Instituto Gaúcho do Leite. O Codevat defende a reestruturação do Instituto Gaúcho do Leite e a investigação sobre a importação do Uruguai de leite e derivados.
Estas são as entidades envolvidas com o Grupo de Trabalho do Leite
– Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi)
– Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL)
– Instituto Gaúcho do Leite (IGL)
– Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS)
– Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf)
– Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
– Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat)
– União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes)
– Cooperativa Sul-Rio-Grandense de Laticínios (Cosulati)
– Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR)
– Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat)
Entenda alegação de suposta triangulação
Os números oficiais de produção, consumo interno e exportação para o Brasil de leite e derivados vindos do Uruguai, apontam para um déficit de mais de 52 milhões de litros de leite no país, em relação ao montante oficialmente revelado da totalidade da produção realizada na república vizinha. Esses são dados que um levantamento realizado no RS revelou. O total produzido no Uruguai é 1.775.024.809 litros (conforme dados do Banco Mundial para 2016). As autoridades defendem que o leite exportado para o Brasil não estaria sendo produzido pelo Uruguai, mas por um terceiro país, que pode ter a presença da república vizinha no Mercosul como porta de entrada para seu produto na América Latina.
Conheça o panorama do leite no RS
O Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul para 2017, com dados elencados a partir de junho de 2016, e apresentados pela Emater na Expointer deste ano revelam dados completos sobre a cadeia produtiva no Rio Grande do Sul.
– 173.706 propriedades rurais produzem leite no RS, distribuídas por 491 municípios do estado. Cada cidade possui, em média, 349,5 propriedades rurais que produzem alguma quantidade de leite;
– Estima-se a existência de 1.309.259 vacas leiteiras no RS, o que indica uma média de 7,5 cabeças por produtor;
– A estimativa de volume de produção é de 4.473.485.610 litros por ano (com uma média de aproximadamente 9 milhões de litros por município produtor).
Conheça algumas das demandas do Grupo de Trabalho do Leite nas esferas estadual e federal.
– Redução das taxas de juros aos produtores;
– A investigação, pelo Ministério Público Federal, das importações do Uruguai, em razão dos indícios de «triângulação;»
– Aquisição pelo governo federal de 50 toneladas de leite em pó (para limpar o mercado);
– Implantação urgente do sistema de cotas de importação com o Uruguai;
– Criação de linhas de crédito com juros subsidiados em nível estadual e federal;
– Retomada das atividades do instituto Gaúcho do Leite;
– Capitalização do Fundoleite.
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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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