Cinco principais indicadores para as exportações de lácteos em 2017

O USDEC projeta o ano novo, identificando os fatores que terão influência nas oportunidades de exportação de lácteos dos EUA. Depois que a maioria dos prognósticos políticos viu suas previsões caírem por terra na eleição presidencial
Share on twitter
Share on facebook
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

O USDEC projeta o ano novo, identificando os fatores que terão influência nas oportunidades de exportação de lácteos dos EUA. Depois que a maioria dos prognósticos políticos viu suas previsões caírem por terra na eleição presidencial deste ano, prever o futuro está ainda mais traiçoeiro do que o habitual.
Pensando nisto, ao invés de oferecer uma profecia para as exportações lácteas em 2017, relacionamos os cinco pontos-chave que serão tomados como indicadores.
1. A produção da primavera na União Europeia (UE). Demorou mais de um ano para que a produção leiteira da UE respondesse ao excesso de oferta global. Mesmo quando os preços das commodities europeias atingiram seu nível mais baixo em quase uma década, os produtores mantiveram a produção de leite, em muitos casos, reduzidos, temporariamente, quando as indústrias bonificavam a manutenção dos volumes em níveis da maximização da eficiência dos investimentos até à remoção das cotas.
Depois de 14 meses consecutivos de aumentos da produção de leite na comparação anual, os produtores de leite da UE finalmente se curvaram aos persistentes sinais negativos do mercado, em junho de 2016. A produção de leite declinou 1,8% de junho a setembro, em comparação com o ano anterior. É provável que esta tendência se mantenha no quarto trimestre, particularmente porque os produtores aderiram ao regime voluntário de redução de leite no bloco, que lhes pagarão para produzir menos leite entre outubro e dezembro (com um pequeno intervalo em janeiro). A adesão, simplesmente, não os vincula automaticamente em redução da produção, mas muitos já estão fazendo isso de qualquer maneira.
No entanto, chegando a 2017, o quadro fica menos claro. Os preços aos produtores da UE estão subindo – 10% de julho a outubro – e todo esse brilho não desaparecerá. Os preços europeus da manteiga, do leite em pó e do queijo subiram 22-68% desde a depressão da primavera.
A pergunta é: Será que a reviravolta será suficiente para revigorar os agricultores em 2017? Principalmente nos países que contribuíram com os maiores ganhos nos últimos dois anos: Dinamarca, Irlanda e Holanda?
Enquanto a produção da Nova Zelândia continuar a ser um importante fator de equilíbrio, a UE tem o poder. Deslocar 1% na produção leiteira da UE equivale à movimentação de 1,5 milhões de toneladas de leite. O declínio contínuo e a diminuição das ações globais tornaram menos impactantes as mudanças de produção na Argentina e na Austrália.
2. Demanda. A demanda global de lácteos enfrentará algumas dificuldades em 2017, já que os produtos ficarão mais caros do que em 2016. Os preços internacionais das commodities estão subindo e começarão a ser filtrados pelos consumidores ao nível de varejo. Os recentes aumentos previstos no valor do dólar dos EUA podem exacerbar os aumentos.
Desde a eleição presidencial dos EUA, o dólar tem se fortalecido consideravelmente, subindo de 2 a 8% em relação às moedas dos principais compradores de leite dos EUA e principais concorrentes. Para muitos, foi uma mudança de direção. Enquanto o renminbi chinês e o peso mexicano se depreciaram em grande parte do ano, outras moedas realmente ganharam sobre o dólar em 2016.
O índice do dólar dos EUA alcançou a maior alta em 14 anos logo após a eleição, e os economistas acreditam agora que aumentará mais na nova administração.
A principal área de preocupação para um dólar forte é o impacto potencial que tem sobre a demanda global das principais nações importadoras. Como o comércio de lácteos é estabelecido em dólares dos EUA, um dólar forte poderá elevar os preços de importação que acabarão por chegar aos consumidores e potencialmente deter o consumo. Isso pode conter o crescimento da demanda, e seria ruim para os exportadores de leite de todos os países.
Os preços do petróleo poderiam restringir ainda mais a demanda em países produtores de petróleo. A queda de dois anos nos preços do petróleo tem prejudicado as economias em todo o Oriente Médio, na Venezuela e em outros lugares, reduzindo a demanda por lácteos. Por exemplo, o petróleo representa cerca de ¼  da economia da Venezuela e 95% de suas exportações. A nação, tradicionalmente um grande comprador de lácteos, cortou o volume de importação de lácteos em quase 75% nos últimos dois anos.
Os membros da OPEP chegaram a um acordo para cortar a produção no final de novembro, o que poderá aumentar os rendimentos nacionais entre muitos importadores de lácteos, mas, esse acordo é contingente a que os não-membros contribuam para as reduções, uma proposição incerta para realmente reduzir os excedentes globais de petróleo.
3. Estoques. No final de novembro, a UE tinha 355 mil toneladas de leite em pó desnatado (SMP) nos estoques de intervenção, e um adicional de 70 mil toneladas de SMP e 75 mil toneladas de manteiga no âmbito do programa Private Storage AID (Ajuda de Estoques Privados). Os estoques de manteiga e queijo nos Estados Unidos atingiram  os recordes de 122 e 562 mil toneladas, respectivamente, no final de setembro, enquanto os estoques de leite em pó desnatado (nonfat dry milk/skim milk powder) foram de quase 100 mil toneladas.
O crescimento da produção mundial de leite pode estar em declínio e os preços das commodities subindo, mas, ainda enfrentamos um mercado substancialmente bem abastecido. A pergunta em 2017 é: Esses volumes poderão sair sem afundar a nascente recuperação do mercado verificada nos últimos meses?
Um teste sobre o apetite global foi feito antes mesmo do Ano Novo. Percebendo os sinais de recuperação, a Comissão Europeia decidiu testar o apetite com um volume limitado – 22.150 toneladas – dos estoques de intervenção de SMP através de um processo de leilão. Os lances estão sendo recebidos até amanhã, desde o dia 13 de dezembro.
4. Política comercial dos EUA. Sempre que um novo presidente se prepara para assumir o cargo, surgem questões sobre a política comercial do novo governo. Com o presidente eleito Trump não é diferente. Embora o presidente eleito tenha repetidamente criticado os acordos de livre comércio (ALC) anteriores durante a campanha, e traga consigo riscos comerciais potenciais (como ameaças anteriores para impor tarifas punitivas em mercados essenciais e lançar renegociações de ALC), ele também traz a potencial perspectiva benéfica de novos acordos bilaterais. Na verdade, existem sinais de interesse em explorar um novo conjunto de ALCs bilaterais em curto prazo.
Dada esta combinação de oportunidades potenciais e possíveis desafios, o USDEC estará fornecendo informações para a nova administração com o objetivo de assegurar que o comércio atual de lácteos continue fluindo sem ser afetado e que aproveitemos o apetite para dar uma nova olhada na política comercial dos EUA, na direção de favorecer a agricultura americana. Um exemplo seria ampliar questões de fiscalização para manter os parceiros comerciais dos EUA em seus compromissos. Muito está em jogo em 2017. Os concorrentes dos EUA não estão parados quando se trata de comércio. A UE continua a procurar agressivamente por ACLs e, apesar das pressões populistas internas em alguns mercados, provavelmente continuará. Os países asiáticos discutem um possível acordo regional paralelo ou em substituição à Parceria TransPacífico. A Austrália e a Nova Zelândia já têm acordos de livre comércio com a China, e a Nova Zelândia e a China anunciaram recentemente planos de iniciar negociações para expandir seus acordos, incluindo disposições sobre produtos lácteos. Os Estados Unidos precisam ser ativos no avanço para não ficarem para trás.
5. Mix de produtos para a China. As importações de produtos lácteos chineses subiram 15%, em equivalente leite, nos primeiros 10 meses de 2016 (em comparação com janeiro-outubro de 2015). Enquanto o volume de leite em pó integral (WMP) – o produto que cimentou o lugar da China como o maior comprador de leite do mundo – subiu 18%, os dados do comércio dos últimos cinco anos indicam que vemos uma evolução da demanda chinesa por lácteos.
As importações chinesas de leite fluido, creme, queijo e fórmula infantil estão bem, a caminho de anos recorde, com volume de 27-51%. Juntos, eles representaram 16% do volume de importação de leite da China (em equivalente leite) entre janeiro-outubro de 2016. Isso marca o segundo ano consecutivo que crescem dois dígitos- uma mudança clara da participação na importação agregada de 7% apresentada em 2012-2014.
O WMP ainda comanda a maior parte das importações de produtos lácteos – 30% (355.128 toneladas) nos primeiros 10 meses. Mas essa participação caiu 45%. O volume recorde de 621.010 toneladas ocorreu em 2014.
Poucos têm dúvidas sobre o futuro brilhante da China como importador de lácteos. Mas o mix de produtos parece estar mudando. O próximo ano fornecerá mais dicas sobre os rumos.
Outros fatores que vale a pena saber
A lista completa de fatores que potencialmente influenciam a oportunidade global de lácteos é virtualmente infinita. E enquanto acreditamos que os cinco fatores acima são os principais , uma porção de outros notáveis ​​merecem menção, incluindo:
O apetite de lácteos dos EUA no México. Apesar da significativa desvalorização do peso em 2016, as exportações de lácteos dos EUA para o México apresentaram surpreendente resistência. Mais notavelmente, as remessas de leite em pó dos Estados Unidos subiram 13% em volume nos primeiros 10 meses em comparação com janeiro a outubro de 2015, quando o país comprou 46% do total das exportações de leite em pó dos Estados Unidos. As exportações de queijos dos EUA para o México caíram 4% em outubro, mas, os Estados Unidos aumentaram sua participação e o México continua sendo o maior comprador de queijo dos EUA.
No total, o México representou 26% do valor total das exportações de lácteos dos Estados Unidos (US$1 bilhão) nos primeiros 10 meses, acima da média anual de 23% de 2010-2015. Em 2017, a questão será saber se o apetite lácteo do México aumentará, particularmente, nos principais setores norte-americanos de leite em pó e queijo de serviços alimentares, e se os fornecedores dos EUA dedicarão foco e recursos para defender e crescer sua participação neste importante mercado de cara com a crescente concorrência da Europa e da Oceania.
Mix de produtos da Nova Zelândia. A bolha chinesa de WMP em 2014 trouxe a Nova Zelândia à realidade, havendo se comprometido demasiadamente na produção do pó. O país, e sua mais notável fornecedora de lácteos – quase monopólio, a Cooperativa Fonterra, voltou a diversificar a produção em nutrição pediátrica, queijo, serviços alimentares e outros produtos de margem mais alta, por meio de investimentos em fábricas e inovação de produtos. Em outras palavras, a Nova Zelândia buscou canalizar mais leite para produtos que competem diretamente com as exportações dos EUA, ao invés do WMP, onde os Estados Unidos é apenas um participante menor.
O próximo ano fornecerá mais dicas sobre como o sucesso da indústria do país será na produção desses produtos, apesar da natureza altamente sazonal da produção de leite Kiwi e a engrenagem de sua fabricação de pó.
Regulamentos da China. A China continua a aperfeiçoar seus regulamentos de segurança alimentar para reduzir a incidência de adulteração, contaminação e falsificação que tem minado a confiança na oferta doméstico de alimentos. Essas tentativas de reforçar o seu sistema de segurança alimentar tem consequências de longo alcance para todos os exportadores de produtos lácteos e alimentos que procuram fazer negócios lá, como evidenciado pelas exigências de registro de instalações da China. Novas regras de comércio eletrônico de fórmulas infantis e outros produtos lácteos devem entrar em vigor na primavera de 2017. Mas a questão mais importante é: Poderia haver mais mudanças nas lojas?
http://terraviva.com.br/site/index.php?option=com_k2&view=item&id=9722:cinco-principais-indicadores-para-as-exportacoes-de-lacteos-em-2017

Mirá También

Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

Te puede interesar

Notas
Relacionadas