Uso de aditivos na dieta animal gera leite e carne de melhor qualidade, além de promover economia com ração
Por Naiara Araújo (naiara@sfarming.com.br)
Mesmo aquele pecuarista que conhece o rebanho como ninguém tem algo para melhorar no manejo da fazenda. Alguns detalhes microscópicos podem fazer a diferença na rotina da fazenda e refletir no bolso do produtor. Novas fórmulas chegam o mercado com o objetivo de aprimorar a nutrição bovina e resolver gargalos que o produtor nem sabia que existiam.
A amilase exógena é um bom exemplo disso, uma enzima capaz de melhorar a degradação do amido ingerido pelos animais. Disponível no Brasil há dois anos, agora o aditivo começa a se popularizar. Segundo os especialistas, com a aplicação de um pequeno volume da enzima na ração, é possível melhorar a digestibilidade de bovinos de corte e de leite. “O produtor precisa fazer um custo de conversão, conversar com o nutricionista, avaliar o custo e acreditar nas pesquisas”, diz o professor Marcos Neves Pereira, da Universidade Federal de Lavras.
Entenda a digestão de amido
O milho utilizado para a produção de silagem no Brasil é duro. Mesmo com cuidados na moagem, no tratamento térmico e na ensilagem, os animais ainda têm dificuldade para digerir o alimento e absorver o amido contido no milho. “O produtor de milho não quer saber se você precisa fazer leite depois, esse é um problema para o pecuarista”, diz Pereira.
Por esse motivo, há perda de nutrientes, ou seja, a perda fecal de amido é um problema comum nas fazendas brasileiras e os pecuaristas buscam melhorar o aproveitamento da ração animal.
Segundo Pereira, em uma dieta para gado de leite com até 30% de amido, o ideal é ter apenas 5% de amido nas fezes. Isso significa que 95% do amido presente na alimentação do animal foi digerido. Esse resultado pode ser alcançado com algumas modificações na dieta e, também, com o uso de enzimas exógenas, como a amilase.
A depender do manejo, a digestibilidade pode variar de 70% a 100% do amido consumido. Por meio do exame de fezes, avalie a quantidade de amido excretado pelo animal. Para avaliar se a média na fazenda é adequada, saiba como calcular a disgestibilidade aparente no trato digestivo total (DamidoTT): DamidoTT = [(amido consumido – amido excretado nas fezes) / amido consumido] x 100.
Conversão alimentar
Segundo Pereira, um dos principais ganhos que a adição de amilase pode trazer é o ganho com conversão alimentar, já que com a melhora na digestibilidade os animais devem comer menos. “Se eu estiver produzindo a mesma quantidade de leite, com a vaca comendo menos, eu ganho mais”, explica o professor da UFLA.
A adição de amilase na dieta é uma prática sutil e que gera bons resultados para o pecuarista que deseja intensificar a produção. Após um experimento em um rebanho em lactação, o professor da UFLA conta que foi possível observar aumento nos níveis de proteína e queda de gordura no leite produzido, o que gera maior retorno financeiro para o produtor.
Quando utilizar a enzima?
O objetivo da enzima não é fazer milagre, já que depende de outros fatores ligados à dieta, como, por exemplo, a moagem e a ensilagem. Além disso, esse tipo de tecnologia só vai trazer benefícios para quem tem um alto nível de conhecimento sobre a alimentação e o retorno do rebanho. “Quando você tem um amido mais resistente você pode tentar a amilase”, diz Pereira.
O uso do aditivo pode ser usado em qualquer rebanho, mas vale a pena investir nesse produto quando o índice de digestibilidade é baixo. Nos Estados Unidos, por exemplo, mesmo com um milho farináceo, essa enzima é usada em situações especiais. Pereira explica que o produtor americano só usa o aditivo quando o milho tem menos qualidade.
http://sfagro.uol.com.br/bovinos-amilase-na-alimentacao-melhora-o-desempenho-gado/