Alguns cuidados, ótimos resultados

Fazendas/producao - Fazendas brasileiras estão obtendo maior qualidade, eficiência operacional e rentabilidade com programas de certificação
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Fazendas brasileiras estão obtendo maior qualidade, eficiência operacional e rentabilidade com programas de certificação
O produtor Tomé Alves Pereira, de 83 anos, demonstra uma vitalidade e uma paixão pela atividade leiteira que impressionam. “Comecei sozinho, tirando apenas 12 litros por dia. Hoje, vendo tudo isso, me sinto muito realizado. Com o leite é assim: tem que trabalhar com muito amor para seguir em frente e progredir”, afirma com brilho nos olhos.
Seu Tomé é proprietário da Fazenda Pinheiro, localizada no município de Três Corações, MG, e possui, atualmente, 186 vacas holandesas em lactação, responsáveis por uma produção diária de 5,2 mil litros de leite. Sempre atento às inovações que contribuam para a melhoria da performance da fazenda, o produtor vem colhendo bons frutos com a adoção do programa de certificação de boas práticas instituído pelo laticínio mineiro Verde Campo, situado na cidade de Lavras. A decisão de ingressar no programa aconteceu no final de 2016; o processo de implementação foi concluído em março, com a primeira auditoria.
“A certificação de boas práticas melhora toda a gestão da fazenda, pois ela está apoiada em quatro pilares vitais para qualquer projeto pecuário: segurança alimentar, segurança do trabalhador, saúde animal e preservação do meio ambiente, diz o supervisor de Qualidade da Verde Campo, Thiago Teodoro. “Se a propriedade age com eficiência nestes quesitos, ela obtém muitos ganhos”. Segundo Teodoro, 67% do leite recebido pela empresa já está certificado e a meta para este ano é chegar aos 80%. Atualmente, a Verde Campo processa 4,5 milhões de litros de leite por mês.
Um dos benefícios mais tangíveis ao produtor é a remuneração. As fazendas certificadas pela Verde Campo ganham R$ 0,02 a mais por litro de leite fornecido à empresa. Há também bonificações por índices favoráveis de contagem de células somáticas (CCS) e de contagem bacteriana total (CBT). Além disso, a implementação de processos bem definidos gera mais controle e eficiência, otimiza a mão de obra, previne falhas e desperdícios e amplia o nível de profissionalização. Consequentemente, a fazenda ganha em qualidade, produtividade e rentabilidade.
A metodologia do programa de certificação da Verde Campo foi desenhada pela consultoria neozelandesa Quality Consultants of New Zealand (Qconz), que também é a responsável pelas auditorias nas fazendas. Conforme destaca o sócio- -diretor, Bernard Woodcock, tudo gira em torno de uma infraestrutura adequada, da organização dos processos e do correto registro de todas as informações relacionadas ao manejo do rebanho. “O programa de certificação contempla todas as áreas que impactam na segurança alimentar e na sustentabilidade da produção”, esclarece o especialista.
Mantendo a atual média de produção, o ganho da Fazenda Pinheiro, do seu Tomé, no período de um ano, apenas com a bonificação de R$ 0,02 por litro, chegará a um total de R$ 37,9 mil. “Com a certificação, estamos conseguindo obter melhor rentabilidade e, consequentemente, maior margem para investirmos na propriedade”, conta o produtor, que tem ao seu lado, na administração e na operação da fazenda, as filhas Anelise e Aparecida. Elas destacam que o programa de certificação da Verde Campo proporcionou maior organização dos processos e facilidade no manejo. “Antes, a farmácia carecia de maior controle e a marcação das vacas não era feita a contento. Com a certificação, temos agora processos bem definidos para essas demandas e, além disso, promovemos diversas melhorias que já refletiram na qualidade do leite (a atual média de CCS é de 156 mil células/ml), na produtividade, na saúde das vacas e na redução de custos”, aponta Aparecida.
Do ponto de vista estrutural, um exemplo prático destacado pela irmã, Anelise, foi a melhoria realizada na sala de resfriamento do leite, um dos ambientes mais importantes de uma fazenda leiteira. “O teto não tinha forro, a lâmpada não possuía proteção e as telas das janelas não eram apropriadas para a contenção de roedores e insetos. Tudo agora está em conformidade com a certificação de boas práticas.”
Passo a passo até a certificação – O processo de certificação de boas práticas (BPF) da Verde Campo começa com uma visita à propriedade parceira do laticínio no fornecimento de leite que deseja adotar o programa. Neste momento, é realizada uma primeira análise que indica as não conformidades e o que precisa ser corrigido para que a certificação possa ser concedida.
A partir daí, a fazenda tem três meses para realizar as adequações sinalizadas e já passa a receber R$ 0,02 a mais por litro de leite. No final deste período, acontece a primeira auditoria por parte da Qconz, que depois passa a ser anual. “Se na auditoria for constatado que a fazenda não está preenchendo os requisitos propostos pelo programa, ela pode perder a bonificação e a certificação. Dependendo do problema encontrado, ela pode, até mesmo, deixar de ser fornecedora da Verde Campo”, esclarece Thiago Teodoro.
O supervisor de Qualidade da Verde Campo acrescenta que a aprovação da fazenda nas auditorias anuais depende da nota concedida à propriedade, sendo 71 pontos o resultado mínimo aceitável. Abaixo disso, a fazenda perde a certificação. “Cada não conformidade encontrada gera um desconto de um total de 100 pontos. Há problemas que possuem um grande peso, que descredenciam a fazenda automaticamente, como a presença de galinhas perto do tanque de refrigeração ou roedores na sala de alimentos”, complementa Bernard Woodcock, da Qconz.
Em relação às fazendas destacadas nesta reportagem, a nota obtida pela Fazenda Içara em sua primeira auditoria, em 2015, foi de 90 pontos. No ano passado, a propriedade não apresentou problemas e obteve a nota máxima. A Fazenda Pinheiro, por sua vez, auditada pela primeira vez em março deste ano, recebeu 80 pontos.
Para aderir à certificação, não há nenhum custo para o produtor. O único desembolso acontece na auditoria anual que, de acordo com Teodoro, não chega a R$ 400. O valor é destinado ao custeio da diária do auditor.
Programas semelhantes de certificação de boas práticas também são oferecidos por outros laticínios. Os produtores interessados em organizar e padronizar seus processos de produção e, com isso, obter melhores resultados, devem ficar atentos a esta oportunidade.
*Matéria originalmente publicada na edição 85 da revista Mundo do Leite.
Fonte: Portal DBO

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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