Agricultura familiar sente os efeitos da crise

Elevação da taxa de juros dos financiamentos e preço do dólar deixou produção mais cara e compromete sobrevivência financeira no campo
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Elevação da taxa de juros dos financiamentos e preço do dólar deixou produção mais cara e compromete sobrevivência financeira no campo

Família Stertz procura há um ano complementar a renda através da diversificação da produção, mas a burocracia entrava o processo.

Os efeitos da crise econômica estão impactando diretamente no trabalho dos pequenos produtores rurais. O aumento do dólar e a elevação da taxa de juros, de 2% para 5,5% ao ano, torna ainda mais onerosa a produção e, a demora para liberação de crédito, dificulta a vida de milhares de famílias do campo.

A principal consequência deste cenário são os altos custos para produzir e as adversidades financeiras enfrentadas que não geram lucro ao produtor. Muitas vezes, o resultado disso impacta na elevação do produto para o consumidor final. Para enfrentar esse quadro, o economista da Univates, Eloni Salvi, afirma que essas dificuldades são reflexo do quadro econômico vivido por toda a população. Segundo ele, para driblar essa realidade os agricultores devem aprimorar as técnicas, através de investimentos em tecnologia que ampliem o potencial produtivo das propriedades.

Porém, quando os agricultores tentam seguir esta regra e buscam crédito para modernizar a produção se deparam com os entraves burocráticos. O fato foi vivenciado pelo agricultor e presidente da Associação dos Pequenos Agricultores da Região de Travessa (Asparta), Eduardo Stertz. Ele tentam desde setembro de 2014, a liberação de R$ 600 mil, do programa Mais Alimentos, que seriam utilizados para a construção de dois ‘chiqueirões’. Mas , até agora, os entraves burocráticos impediram a liberação do financiamento. ‘Nossa projeção era já estar com as estruturas montadas e criando animais para comercializar. Hoje nos viramos apenas com a produção leiteira’. Segundo ele, além dos bancos exigirem toda documentação é necessária a apresentação de um fiador. Porém, Eduardo destaca que conseguir um avalista que tenha um patrimônio desta ordem, por exemplo, muitas vezes inviabiliza totalmente a possibilidade do agricultor obter o crédito. A realidade enfrentada por Eduardo é a mesma de milhares de produtores do Estado. Em Venâncio Aires, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Elemar Walker, comenta que essa realidade se intensificou diante do cenário econômico instaurado.

Permanência
Eduardo trabalha de forma conjunta com seu pai Ernio Stertz, e busca através da aquisição deste crédito diversificar a produção e tentar garantir a permanência dele e da família na agricultura. Segundo Ernio, três famílias vivem da renda da produção de leite das 22 vacas em lactação na propriedade de aproximadamente nove hectares.

Maior prazo
Eduardo terá 10 anos para pagar o financiamento obtido a partir do programa Mais Alimentos, mas comenta que este período deveria ser ampliado para 15 anos. Segundo ele, durante estes 10 anos ele deverá pagar aproximadamente R$ 120 mil em juros. ‘A cada mês trabalhado precisarei direcionar R$ 1mil para o pagamento dos juros do financiamento’.

Reivindicação
Segundo Walker, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais não tem uma ação específica para pautar, este item, neste momento. Mas todos os anos a entidade através da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) realiza o Grito da Terra, um espaço onde demandas da agricultura familiar são debatidas com os ministérios competentes.
Diante disso, para tentar criar uma sensibilização, Eduardo foi até a Câmara de Vereadores, na segunda-feira, 28, no espaço da Tribuna Livre, para pedir o apoio dos parlamentares. Após expor o quadro vivido por milhares de pequenos agricultores ele solicitou que o Legislativo encaminhasse uma moção de apelo ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) pedindo a ampliação do prazo de pagamento dos financiamentos e agilidade na liberação de crédito.
A presidente da Casa, vereadora Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT) disse que na próxima semana a Mesa Diretora apresentará uma moção que ainda passará pelo processo de tramitação regimental.

Stertz também solicitou que a demanda seja encaminhada pelo prefeito Airton Artus à Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) e cada município, através dos seus poderes, encaminhassem ao Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) o mesmo pedido. Segundo, Artus, que presidente a associação, a demanda será encaminhada para discussão dos gestores da região. Conforme o chefe do Executivo, ao contrário de outros setores, a agricultura continua mantendo o mercado de produção de alimentos, mas precisa de novos incentivos que estejam de acordo com o perfil do pequeno agricultor. ‘Os nossos planos de aquisição de créditos são bons, mas a adequação à uma nova realidade, com juro menor é necessária.’

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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