Elas são resistentes. Incansáveis ótimas alpinistas e encantadoras. Seja nos grandes rebanhos ou num pequeno curral. Muita gente tem o pé atrás com elas, mas as cabras estão transformando a vida na região do Cariri paraibano e seduzindo até os mais descrentes.
Orcini Vilar trouxe as cabras para o sitio do pai, Marcelo. Hoje elas são a principal fonte de sustento da família. Ariely, mulher de Orcini, não gosta nem de pensar de como seria a vida sem as cabras. O sítio chega a produzir 40 litros de leite por dia. O dinheiro do leite de cabra já deu resultado. E os planos para crescer não param. O curral já está cheio de cabritinhos.
Para muitos um visionário, Manoel Dantas Vilar filho, o Manelito, de 82 anos, provou que a seca não é castigo, nem sentença. E que é possível sim viver e produzir riqueza na aridez. Engenheiro obstinado, ele estudou a seca a fundo com o apoio de um primo famoso, Ariano Suassuna, apaixonado pelo Sertão e pelas cabras. Foi o começo de uma empreitada ousada para época: criar cabras nativas nordestinas. O clima seco traz um grande benefício: elas raramente ficam doentes.
A ideia de empacotar o leite em forma de queijo surgiu para o leite resistir aos longos percursos. Criados pela teimosia, os queijos hoje são reconhecidos e premiados pelo sabor com gosto de Sertão. A produção de queijo artesanal é um pilar onde o produtor sertanejo pode se apoiar e conseguir viver com dignidade.