Um programa fácil de melhoria genética totalmente aplicado a pequenos produtores de leite

Melhoria genética - Um sistema simples e de fácil aplicação vem sendo utilizado para melhorar a qualidade genética do rebanho leite de uma pequena Coop
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Um sistema simples e de fácil aplicação vem sendo utilizado para melhorar a qualidade genética do rebanho leite de uma pequena Cooperativa Agrícola localizada no Departamento de Itapúa, região Sul do Paraguai, situada a 150 km da divisa com Foz do Iguaçu/PR. O engenheiro agrônomo Michael Cristan e o médico veterinário Rodrigo Sechi desenvolveram um programa de melhoria genética a seus produtores de leite visando um melhor aproveitamento do potencial de cada propriedade e com custo beneficio acessível às pequenas propriedades leiteiras assistidas por eles.
Segundo Michael, as propriedades leiteiras possuem uma baixa carga genética e a média de produção gira em torno de 11 a 13 litros de leite/vaca/dia. «Hoje a rentabilidade destas propriedades poderia ser muito maior agregando animais de melhor qualidade, tendo em vista que o fator nutricional nelas esta bem avançado. A nossa região é conhecida como grande produtora de grãos (soja, milho, trigo, aveia, canola e girassol) além de possuir um clima favorável para a produção de forragens de alta qualidade nutricional».
O programa criado por esses dois profissionais surgiu pela necessidade de se otimizar a produção leiteira da região, uma vez que, a principal atividade destas propriedades é a agricultura familiar. Rodrigo, que trabalha exclusivamente com produtores da cooperativa explica que as propriedades rurais se desenvolveram baseadas na agricultura, na produção de grãos (principalmente soja). Hoje a necessidade de diversificação da atividade agrícola – aliada aos altos custos de produção – criam a busca por novas fontes de renda, principalmente aos pequenos produtores. «O que buscamos na cooperativa é que o pequeno produtor tenha opções de novas fontes de renda», comenta ele.
Como funciona o programa de melhoramento genético?

Primeiro passo

Os profissionais selecionaram os produtores que possuíam dados atualizados de produção como identificação animal, medição de leite individual dos animais, data de serviço dos animais (parição, inseminação, fim da lactação) e anotações básicas quanto à sanidade do rebanho. O programa se iniciou com quatro produtores que produziam em média 150 litros/leite/dia e possuíam um rebanho de 12 animais em produção.
Segundo passo

Os animais foram classificados seguindo um critério avaliativo com cinco pontos básicos para se obter os melhores animais da propriedade. São eles:
1. Característica morfológica de estrutura

Os animais foram avaliados seguindo uma classificação quantitativa de 15 características estruturais. Foram usados parâmetros padrões de acordo com cada raça (angulosidade, tamanho, ângulo de patas, altura de úbere etc). A classificação foi por escala: sendo 1 ruim e 5 ótimo para cada característica.
2. Idade produtiva

Foi estipulada uma vida útil de 5 lactações. Elas foram classificas em ordem decrescente de 5 a 1. Os animais de primeira lactação recebem nota 5 e os animais de quinta lactação, nota 1.
3. Rendimento animal

A medição de leite individual foi realizada mensalmente. Após essa medição, um gráfico de produção foi confeccionado para cada animal em sua lactação. Para avaliação deste item foi utilizada uma média geral da propriedade, representada como escala 3. Cada ponto na escala representa 25% sobre a média geral, para mais ou para menos.
Exemplo:

melhoramento genético leite

4. Sanidade geral dos animais

Cinco principais problemas que acometem os animais da região foram avaliados: mastite ou problemas de úbere, abortos, repetição de cio, problemas de cascos e incidência de parasitas externos, intoxicações. A classificação deste item inicia em 5 e a cada enfermidade diagnosticada se reduz um ponto na classificação.
5. Comportamento animal
Neste ponto, os animais foram classificados como: (5) Muito Dócil, (4) Dócil, (3) Normal, (2) Agressivo, (1) Muito Agressivo.
Terceiro passo

Foi criada uma planilha para que os dados dos animais fossem carregados nos cinco itens avaliados.

Clique na imagem para ampliar*

Quarto passo

Após realizar a classificação dos animais foi obtido um valor total somando todos os itens descritos. Com base neste valor, os melhores e piores animais do rebanho foram classificado.
Os melhores animais (40% do rebanho) foram indicados para melhoria genética da propriedade. Nestes animais, foram realizados procedimentos de acasalamento genético e escolha do melhor touro para corrigir ou ressaltar as características. Os animais deste lote foram utilizados para reposição do rebanho.
Os animais que apresentam os menores valores (20% do rebanho) são indicados para descarte. Este, será realizado gradativamente com a reposição das filhas das melhores vacas já selecionadas.
O restante do rebanho que estaria no meio da classificação (40% do rebanho) é composto por animais de produção e a genética não será replicada futuramente, entrando como opção a utilização de sêmen de touros para produção de carne. Assim, uma das vantagens é a fácil comercialização dos terneiros, evitando assim, uma prática muito comum na região que é o abate de machos recém nascidos.
Resultados esperados com a instalação deste programa de melhoramento

«Esse trabalho teve inicio no inicio de 2016, com quatro produtores, hoje contamos com 15 produtores aderidos ao programa. Nossa meta é abranger 100% dos nossos associados com este trabalho», comenta Michael.
«O programa vem sendo realizado de forma contínua. Os seus resultados já estão começando a aparecer em algumas das propriedades assistidas. Sabemos que um trabalho assim leva seu tempo até aparecer os resultados, mas, buscamos conscientizar as pessoas e mostrar a elas que pequenos produtores podem sobreviver na atividade, podem dar um vida digna a sua família e que é possível melhorar a cada dia. Nossa satisfação como técnicos é chegar nas propriedades e ver os avanços diários que cada uma das propriedades assistida esta realizando», pontua Rodrigo.
A cooperativa possui hoje 65 pequenos produtores que juntos produzem 15.000 litros de leite/dia. Ela trabalha com sistema de pagamento por qualidade em parceria com outras cooperativas da região e seus produtos abastecem a rede pública de ensino e merenda escolar do departamento de Itapúa-PY. Além disso, ocorre a comercialização a nível nacional e internacional dos produtos lácteos produzidos por eles.
Referências consultadas:

Schafhäuser J., J.; Cantarelli P., L. M.; Balbinotti Z., M. (2016). Tecnologias para sistemas de produção de leite. Embrapa, Brasília-DF.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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