Uma sucessão de inundações e secas, seguida por uma tempestade macroeconômica, aumentou os custos, alterou as relações de preço e colocou a produção de leite argentina em uma situação muito complicada. Segundo dados do Observatório da Cadeia Leiteira Argentina, entre dezembro de 2017 e setembro de 2018 o dólar subiu 118% e o preço ao produtor subiu 39%, mas seus custos, 61%.
No curto e médio prazo, a economia argentina mostra que nosso pacote de graves desequilíbrios não poderá ser desarmado sem afetar por um tempo o nível de atividade econômica. Assim, o setor leiteiro argentino enfrenta seu labirinto mais difícil. Com os preços da produção de leite bem abaixo de seus custos e indústrias se complicando para pagar os aumentos importantes que são solicitados, é necessário diminuir os custos e aumentar os preços.
A primavera ajuda temporariamente, embora as vacas não possam expressar todo o seu potencial produtivo. Hoje se dispõe de pasto, mas em muitas fazendas leiteiras as reservas foram concluídas cedo e foi preciso renunciar a quantidade/qualidade de alimentos balanceados na ração. Além disso, em busca do «caixa» que está faltando na fazenda leiteira para enfrentar as obrigações, alguns produtores investem na agricultura e outros têm exagerado na pressão de seleção em seus rebanhos e descartaram muitos animais.
O clima parece jogar mais a favor do que no ano anterior. O «pico» da primavera já está ocorrendo e não será importante este ano. O consumo interno de produtos lácteos caiu, mas provavelmente será um dos primeiros a se recuperar. As exportações ajudam na conjuntura, embora sem a força esperada. A demanda interna e externa prevalecerá sobre a nossa oferta, e isso permitiria sustentar o processo de recuperação de preços, se o dólar estiver estabilizado.
A Argentina precisa que a economia se estabilize para restabelecer relações de preço economicamente lógicas para a produção de lácteos. Somos tão competentes, organizados sistematicamente na montagem de equipes ‘dentro da porteira’. Como não temos sido para o desenvolvimento institucional e comercial do nosso setor e da cadeia, ‘fora da porteira’?. Mas nós podemos mudar!
Nosso futuro dependerá em grande parte de quão bem ou mal organizados estamos, mais institucionalmente fortalecidos, ou mais entregues aos nossos sentimentos. As inclemências chegam para todos, mas afetam mais aos desorganizados.