#Leite: Inflação e travas do governo corroem o campo argentino

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A Argentina tem se mostrado um celeiro de paradoxos. Há poucos dias, ao mesmo tempo em que admitiu uma inflação de 7,3% no bimestre, o governo anunciou redução de 14% no preço do pão. Se por um lado, trava-se uma dura batalha para impedir que a entrada de produtos importados afete o já combalido nível de reservas cambiais, no sentido inverso é mantido um duro controle às exportações do setor agropecuário, que é responsável por 60% das divisas que entram no país.   Nesse ambiente contraditório, o país que no passado se consagrou como grande exportador de grãos e carne assiste, quase paralisado, ao crescimento da demanda mundial de alimentos. Faz cinco anos que a produção anual de grãos da Argentina estacionou em um patamar próximo de 100 milhões de toneladas. Há oito, o país ostentava o posto de terceiro maior exportador de carne do mundo. Está, atualmente, no 11º lugar.   A produção de leite repete volumes de 1999 e a de trigo parou na história. «Os 9 milhões de toneladas do ano passado representaram a menor marca dos últimos 110 anos», afirma o presidente da Sociedade Rural Argentina, Luis Miguel Etchevehere. Tampouco a expectativa de recorde na safra de soja este ano (52,5 milhões de toneladas) é motivo de alegria. «Como vamos comemorar produzir um pouco além dos 48 milhões de toneladas do ano passado quando teríamos potencial para volumes muito acima disso?», questionou.   Quando o Banco Central permitiu a súbita desvalorização do peso, em janeiro, parecia um sinal para entusiasmar os exportadores de grãos. Mas nem a alta do dólar anima. «O ajuste cambial se perde com a inflação», diz Etchevehere. Era de se esperar que nesse momento de reservas baixas – em torno dos US$ 27 bilhões -, um setor que ostentou superávit de US$ 32 bilhões no ano passado chamasse a atenção. «O governo vive do campo, mas não quer deixar o campo viver», diz Etchevehere.   A perda de participação no mercado mundial continua calcada basicamente nas restrições às exportações, segundo o presidente da Sociedade Rural. Trata-se de uma estratégia que o governo adotou na tentativa de manter os preços internos baixos. Da mesma forma como controla as guias de importação de uma série de produtos, o governo argentino só autoriza exportações de alimentos mediante seu próprio entendimento de que existe produto suficiente para atender a demanda da população a preços justos. «Essa política já mostrou ser fracassada», diz Etchevehere.   A redução do preço do pão na semana passada foi feita por meio de acordo do governo com a indústria de panificação dentro do programa de controle de preços de uma cesta de produtos. Já o preço da maior parte dos cortes carne subiu mais de 20% este ano. Mas o governo culpa os «especuladores».   Para Etchevehere, é por falta de interesse em acordos com o governo dessa natureza que frigoríficos brasileiros desistiram de investir na Argentina. «Não quiseram se submeter a baixar os preços para determinados supermercados», destaca o dirigente, que lamenta ver não apenas investimentos brasileiros seguirem para outros países, caso do Uruguai, como ver os próprios vizinhos ocupar parte do espaço que um dia já foi dos argentinos.   Buenos Aires recebe esta semana produtores de todo o mundo para um encontro que acontece a cada ano. Além dos empresários do setor, somente políticos da oposição ao governo são esperados para a festa de abertura. Fonte: Valor Econômico

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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