Se a perda de rentabilidade ocorrida em dezembro e janeiro pode ser atribuída à queda nos preços das commodities lácteas, a recuperação, no mês de fevereiro também foi possível graças à melhoria das cotações nos mercados internacionais, voltando aos níveis de novembro de 2017. A recuperação do índice de rentabilidade do produtor só não foi maior, porque, depois de 18 meses de relativa estabilidade, os custos dos insumos para produção de alimentação animal subiram. Em decorrência de secas no Hemisfério Sul, principalmente, Uruguai, Argentina e Nova Zelândia, houve redução na previsão de colheitas de milho e soja, impactando no custo da ração animal. O índice de preços subiu 10% de janeiro para fevereiro, mas, os custos subiram 8% na mesma comparação.
Em relação a fevereiro de 2017 o índice do preço das commodities lácteas caiu 6%, enquanto o índice dos custos subiu 4%. Esse desempenho inverso prejudicou a rentabilidade do produtor, que caiu 10% na comparação entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2017.
Em reais, com alteração cambial de 28%, os índices de preços e custos ficaram distorcidos, havendo aumentos de 20% e de 33%, respectivamente, na comparação entre fevereiro de 2017 e fevereiro de 2018, não refletindo o comportamento dos mercados internacionais. Também não representa a situação do mercado interno. De acordo com dados do CEPEA, a média Brasil do preço do leite ao produtor, no período de referência acima, caiu 18%, e os preços da soja e do milho, subiram 6% e 2%, respectivamente.
– O Índice IFCN dos preços do leite, é uma combinação dos preços médios de uma cesta de commodities lácteas negociadas no mercado mundial.
Representa o quanto uma indústria poderia, teoricamente, remunerar seus produtores, se os produtos lácteos fossem vendidos com as cotações vigentes no período.
O indicador IFCN é elaborado da seguinte forma: 1 – Leite em pó desnatado & Manteiga (35%); 2 – Queijos e Soros de leite (45%); e 3 – Leite em pó integral (20%).
– O Índice IFCN dos custos da alimentação representa o nível dos preços no mercado mundial de insumos para ração, farelo de soja e milho.
A relação entre o preço do leite e a cotação da ração, indica a rentabilidade. De uma forma simplificada, mostra quantos quilos de ração o produtor pode comprar com a venda de um quilo de leite. A relação leite/ração maior que 1,5 é considerada favorável. Se o aumento da produção se dá via utilização de concentrados, e a razão continua subindo, o sistema é recomendável.
Por outro lado, se a razão for caindo em direção a 1, ou menos, o concentrado pode significar aumento do prejuízo.