PROJETO SOCIAL BENEFICIARÁ 40 MIL PEQUENOS AGRICULTORES

Seis iniciativas de cinco municípios sergipanos já foram contempladas pelo projeto.
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O Governo do Estado traz um novo projeto social para Sergipe. Através de uma parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), pequenos produtores rurais de 15 municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito baixo, vão poder ter a oportunidade de receber apoio financeiro e suporte técnico para desenvolver negócios em áreas como a criação de animais, produção de artesanato e turismo rural. O projeto Dom Távora beneficiará cerca de 10 mil famílias de agricultores sergipanos, atingindo aproximadamente 40 mil pessoas. O investimento total é de US$ 28,6 milhões, sendo US$ 16 financiados pelo Fida e US$ 12,6 pelo Estado.

Seis iniciativas de cinco municípios sergipanos já foram contempladas pelo projeto. Os grupos de produtores rurais selecionados são chamados planos de negócio piloto, que já desenvolvem atividades econômicas independente de terem um empreendimento formal. Através do Dom Távora, os agricultores poderão desenvolver os negócios, promovendo o acesso das produções aos mercados consumidores.

Poço Verde, Brejo Grande, Pacatuba, Tobias Barreto e Neópolis são os municípios contemplados inicialmente. Suas áreas de atuação são, respectivamente, caprinocultura de leite, ostreicultura, apicultura (pólen) e artesanato de palha de taboa, artesanato de bordado Richelieu e psicultura (cultivo em tanque de rede).

De acordo com o governador Jackson Barreto, essas ações incisivas de desenvolvimento da agricultura familiar fortalecem a vocação dos produtores e dinamizam o potencial de outras atividades produtivas. “Queremos promover projetos como este, que leva a organização de gestão para os pequenos produtores, contribuindo na promoção de um estado socialmente justo e equilibrado”, enfatizou.

Caprinocultura

No povoado Cacimba Nova, em Poço Verde, 18 famílias se reuniram para criar cabras e tentar comercializar o leite e derivados, como o iogurte. Há 15 anos os produtores rurais desenvolvem a atividade, que surgiu como uma nova oportunidade de geração de renda.

De acordo com o coordenador do projeto Dom Távora, Eduardo Barreto, o grupo desse município receberá apoio através do investimento para melhoria da unidade produtiva. Isto facilitará o recebimento da certificação, garantindo, assim, a possibilidade de abertura de mercado. “Vamos elaborar um plano de negócios que organize passo a passo as atividades e os negócios. O projeto é feito em conjunto com os produtores e em cima das expectativas deles”, revela.

Em 2014, membros do projeto estiveram em quatro ocasiões diferentes no povoado Cacimba. Eles identificaram as necessidades, entenderam como o grupo atua e elaboraram um plano de negócios.

Da plantação de milho e feijão a criação de cabras

Buscar melhores condições de vida. Era esse o objetivo das 18 famílias de Poço Verde há 15 anos, quando resolveram apostar na criação de cabras. Eles tinham a perspectiva de lucrar com a venda do leite, porém, na prática, nada foi fácil, segundo conta a produtora rural Ana Maria de Oliveira.

“A gente espera que o grupo de caprinos tenha sua instalação devida, comece a vender os produtos, e que abra as portas para a comercialização, que é tão difícil. Aguardamos que seja feito um trabalho voltado para isso, pois o que vem empacando em nosso negócio é a venda. Falta-nos certificação e instalação correta”, destaca.

A família de Ana e as demais plantavam milho e feijão e resolveram investir na criação de cabras por acreditar que faturariam mais. Apesar das condições de vida terem melhorado, a produtora rural conta que ainda faltava muito para que o grupo se estabelecesse. Para auxiliar nessa nova jornada, eles foram em busca da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), que, segundo Ana Maria, foi “a terceira perna” dos produtores rurais, pois prestou o auxílio necessário nos momentos de dificuldade.

O funcionário da Emdagro, Luiz Alberto Souza, acompanha de perto a atuação do grupo de produtores de caprinos e afirma que a grande necessidade deles é a agroindustrialização. “Eles são capacitados, têm o produto, mas o grande problema é entrar no mercado, pois não há instalações de acordo com a legislação. Isso dificulta e, automaticamente, os deixa sem receitas maiores. Com o projeto Dom Távora, vamos produzir e comercializar em pontos que não sejam só na localidade. Poderemos distribuir os produtos para outros estados, inclusive a Bahia, que faz fronteira aqui”, destaca.

Além da convivência com a falta de equipamentos necessários para realizar o manejo do leite e a produção de derivados, o grupo de 18 famílias relata que é atingido pelo preconceito, pois muitas pessoas acreditam que o leite de cabra seja ruim. “Tem gente até aqui na comunidade que diz que leite de cabra é muito ruim. Mas durante nossas visitas a outros lugares, intercâmbios e cursos, descobrimos que o gosto ruim era na verdade por conta do cheiro do bode”, conta Ana, acrescentando que ela e os demais produtores souberam lidar com a situação e realizar o manejo de modo que o leite não adquirisse mais cheiro.

A produção de cabras acabou aumentando consideravelmente a renda das famílias, que passaram a ter constantemente leite e carne em suas mesas. Segundo a liderança do grupo de Cacimba Nova, outro benefício da criação de cabras é que, as crianças que cresceram ingerindo apenas este tipo de produto, têm uma saúde melhor que as demais.

Com o auxílio de um projeto do governo, um programa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do montante reunido com o trabalho, as 18 famílias sobrevivem nesses 15 anos. Eles possuem uma cozinha simples, com dois freezers, uma seladora manual de embalagens e uma iogurteira, na qual conseguem produzir iogurtes que abastecem ocasionalmente as escolas do município de Poço Verde.

“Apesar de passar 15 anos e não termos evoluído tanto, a gente ainda tem esperança e quer trabalhar para que as coisas aconteçam. Estamos super esperançosos com o projeto Dom Távora. Já fui para a Bahia visitar iniciativas que estão dando certo há anos. Vi que têm realidades bem mais difíceis que a nossa, em relação ao clima, ao terreno e a seca também, mas que as coisas lá acontecem de verdade”, comenta Ana Maria.

Esperança por uma vida melhor

José Rodrigues de Araújo e Paulo César Souza Araújo são pai e filho. Ambos atuam na criação de cabras e produção de leite. Eles veem no projeto Dom Távora a oportunidade de crescimento e melhoria nas condições de vida.

“Desde quando começamos a trabalhar com a cabra, apesar do trabalho que dá, já achei que houve uma melhora. Viver só de saco de feijão e milho é difícil, principalmente atualmente. E com a criação de cabras nós vendemos leite, cabritos e sempre entra um dinheirinho. Se com o Dom Távora sair um negócio no qual a gente tenha lucro, vamos tentar melhorar as coisas, tanto na área de genética, quanto de manejo”, disse José.

Maria Alves também vislumbra a oportunidade de uma vida melhor. Ela quer ter uma renda fixa e, mais do que isso, poder proporcionar que seus filhos possam estudar em uma universidade de ensino superior e voltar para Poço Verde graduados e com conhecimento para auxiliá-la no manejo das cabras.

“Na minha casa não tem ninguém assalariado ou aposentado. Sobrevivo das cabras. Esse projeto vai ser bom para me reanimar, pois vai entrar mais dinheiro em casa e vou ampliar o número de cabeças. Planejo pouca coisa para o futuro. Só que meus filhos estudem, façam uma faculdade”, projeta Maria.

Manoel Rodrigues de Oliveira também quer ter a chance de passar o negócio de criação de cabras para seus filhos. Ele iniciou com a produção em 1999, na esperança de te condições dignas de sobreviver.

“Se esse projeto vier vai ser bom demais. As condições dentro de casa vão melhorar muito. Se der certo, vou criar mais animais, comprar mais terra e ir levando. Quero passar o negócio para eles. De geração para geração, se Deus quiser. Vou ficar muito orgulhoso. Vai ser bom demais amanhecer o dia e ver meus filhos juntos comigo”, comenta Manoel.

Projeto Dom Távora

Segundo o coordenador do Dom Távora em Sergipe, o projeto vai desenvolver durante cinco anos 300 planos de negócio nos municípios de Pacatuba, Ilha das Flores, Brejo Grande, Neópolis, Japoatã, Santana do São Francisco, Canhoba, Tobias Barreto, Simão Dias, Poço Verde, Carira, Nossa Senhora Aparecida, Pinhão, Graccho Cardoso e Aquidabã. A previsão é começar, pelo menos, 40 planos de negócios ainda neste ano.

Ainda de acordo com Eduardo Barreto, o projeto terá quatro escritórios regionais, localizados nos municípios de Carira, Neópolis, Aquidabã e Poço Verde. “Esse é o projeto mais moderno que o Fida vai financiar no Brasil, voltado para desenvolvimento de negócios. Vamos trabalhar junto às comunidades rurais, organizando grupos de negócios para que esses agricultores se organizem desde a produção até a comercialização”, relata.

O responsável pela administração de programas do Fida na América Latina, Hardi Vieira, destacou a importância do projeto Dom Távora para Sergipe. “Este é um projeto que trabalha a produção rural com foco nas cadeias produtivas e na sustentabilidade. O nosso objetivo principal é atuar nessas comunidades ensinando as pessoas mecanismos de gestão, para que elas possam, após o encerramento do projeto, dar continuidade aos trabalhos sem necessitar do suporte do Estado”, conclui.

Ascom ASN

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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