A pesquisa é desenvolvida no âmbito do Projeto Biomas, uma parceria da Embrapa, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e instituições de ensino, pesquisa e extensão, e foi apresentada na última sexta (19/06), em dia de campo do projeto.
Além de proporcionar conforto ao gado, a árvore introduzida no pasto também pode servir de alimento ao animal para suplementar a dieta. A afirmação é fruto do resultado do trabalho de pesquisa realizado em propriedade rural no Sudeste do Pará por especialistas da Universidade Federal do Pará e Embrapa.
A pesquisa avalia o desenvolvimento das plantas em função dos cortes e a qualidade nutricional delas sob as condições do produtor. “A ideia é fornecer uma alternativa para a alimentação animal de valor nutricional superior às gramíneas utilizadas na região, além de indicar a melhor forma de plantio e manejo das plantas”, explica Rosana Maneschy, engenheira agrônoma do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará e coordenadora da pesquisa.
Ela explica que a escolha das espécies é fruto de um trabalho anterior da universidade, que identificou árvores presentes em pastagens do Sudeste do Pará com potencial para compor sistemas silvipastoris, que integram a produção pecuária e florestal. O levantamento indicou 59 espécies, sendo nove com características adequadas para alimentação do gado. “Para este experimento do projeto Biomas foram selecionadas quatro espécies nativas e uma exótica em função da disponibilidade de sementes na região”, conta a pesquisadora.
Economia – As informações sobre o potencial da gliricídia para alimentação animal e como estaca viva para a construção de cercas em unidades de produção familiar na região Sudeste paraense já estão validadas pela pesquisa. A pesquisadora explica que a espécie apresentou teor médio de 26% de proteína bruta (PB) sem o uso de fertilizantes.
“Esse teor é superior ao encontrado nas gramíneas comumente utilizadas em pastagens na região, que fica entre 5,8 e 6,8%. E a taxa de ‘pegamento’ com estacas de 2 m para uso como cerca foi de 87%”, detalha a agrônoma. A análise econômica do uso de cerca viva com gliricídia em sistema de bovinos para corte demonstrou a possiblidade de economia em até 16% por hectare comparado ao uso de cercas tradicionais.
Fungos – Um outro aspecto do trabalho é a forma de tratamento das plantas no campo. Elas são inoculadas com fungos micorrízicos arbusculares (FMAs), organismos que fazem associação com a raiz da planta aumentando a capacidade de absorção de água e nutrientes do solo, “principalmente o fósforo que na maioria das vezes não está disponível na solução do solo”, completa Rosana Maneschy.
Esses fungos conferem maior resistência ao estresse hídrico ou a chuvas prolongadas, ao ataque de pragas e às temperaturas elevadas, permitindo o desenvolvimento e perenização da planta no campo mesmo em condições adversas, como em áreas degradadas. É uma alternativa ao uso de insumos químicos.
Fonte: Embrapa Amazônia Oriental