Família de agricultores de MG tem história de trabalho e amor pelas coisas do campo

Família de agricultores - A reportagem especial que comemora os 38 anos do Globo Rural tem como personagem principal o Seu Leonardo Faria, um produtor que abriu as portas da sua fazenda à família e à nossa equipe.
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A reportagem especial que comemora os 38 anos do Globo Rural tem como personagem principal o Seu Leonardo Faria, um produtor que abriu as portas da sua fazenda à família e à nossa equipe.

 Um lugar onde o tempo parece não passar, em que é a força da água que faz girar o moinho e onde receitas são passadas de geração em geração por mais de século, nesta fazenda em Monte Alegre de Minas.
Conhecer a fazenda do Pântano é mais ou menos como fazer uma viagem ao passado. A propriedade foi comprada pelo casal que vive aqui até hoje, em 1961. E eles fizeram questão de conservar todas as máquinas, ferramentas e equipamentos que foram adquirindo ao longo do tempo. O mais interessante é que tudo funciona e ainda ajuda a cuidar da propriedade.
Seu Leonardo e dona Verinha de Faria se mudaram para a fazenda no mesmo dia em que se casaram há 56 anos, mas a luta para comprar um pedaço de terra começou quando ele tinha apenas 13 anos de idade.
“Eu peguei uma empreitinha de ranca de toco. Foi o primeiro dinheiro que eu peguei: 1200 cruzeiros. Desse dinheiro eu comprei quatro bezerras, e aí começou a história.
A primeira área que Seu Leonardo comprou não chegava a 50 hectares, mas para sustentar a família que já começava a crescer, ele trabalhava de empreita em propriedades vizinhas durante o dia e cuidava do sítio nas horas vagas.
Aos 76 anos, Leonardo é um homem inquieto e habilidoso. Com pouca ajuda, levantou todas as construções da fazenda, inclusive a casa onde vive. Ele também é um sujeito criativo, com tino para negócio, assim o dinheiro apurado com produtos da cana foi se multiplicando.
Hoje, a propriedade tem 300 hectares e a atividade comercial, que paga as contas, é a recria de gado de corte, são cerca de 200 animais vendidos por ano.
Seu Leonardo e dona Verinha tiveram quatro filhos, mas perderam o mais velho, Wolme, ainda na adolescência, num acidente com trator na fazenda. Os outros três, Vânia, João Batista e Valéria também são agricultores e vivem em propriedades vizinhas doadas pelo paí.
Ao longo de mais de meio século de trabalho, Leonardo e Verinha foram comprando terra e chegaram a ter 600 hectares. Em 2003, eles decidiram doar metade do que tinham para os filhos.
“Falei: você precisam de lugar pra trabalhar. Vou dar um empurrãozinho. Vou dar aquilo lá pra vocês. E aí passei a escritura pra eles e disse ‘vocês que agem agora’”.
Cada filho recebeu 100 hectares com casa, curral e bem pertinho da fazendo dos pais.

A fazenda da filha caçula, Valéria, com o marido João, lida com recria de gado. Há 10 anos eles decidiram investir no cultivo da gueroba, palmeira que produz um palmito amargo, muito apreciado pela região. Já são quase 100 mil plantas.
Valéria e João têm três filhos adultos, Roberto, Ricardo e Wolme, que foram para Uberlândia estudar e por lá ficaram.
A menos de um quilômetro fica a fazendo do único filho homem de Leonardo, João Batista e da Ronimar, mulher dele, que lidam com gado de leite.
“Aqui eu estou com 50 vacas em lactação, tem mais ou menos umas 90 vacas, fora novilha e bezerro. Aqui dá pra viver, tratar da família, tenho filho formando já, dois netos e tudo veio daqui”, diz João.
Dos três filhos, o do meio, Leandro, mora do lado da casa do seu Leonardo e o caçula, Lindomar, continua na fazenda, ajudando o pai na lida com o leite. Vantuildes, mais velho, mora em Uberlândia, é casado e termina a faculdade de zootecnia.
Vânia, a filha mais velha de Verinha e Leonardo, e o marido Edmílson também mexem com leite e criam um gado de corte.
Vânia tem um casal de filhos: o Edivan mora ao lado em 45 hectares de terra que ganhou dos pais e a filha Juliana vive e trabalha em Uberlândia.
A proximidade com os pais fortalece laços familiares e ajuda a conservar os costumes adquiridos ao longo do tempo. De mão em mão, fio a fio, as mulheres da família Faria tecem tapetes, colchas e tradições.
Uma vez por ano, a família inteira se reúne na fazenda do seu Leonardo para fazer o que a gente pode chamar de festa da cana. Irmão, tios, primos, agregados, todos trabalham juntos da colheita ao preparo de melado e rapadura.
Na véspera da festa, logo cedo, os netos começam a chegar. O primeiro a aparecer é o Roberto, um dos gêmeos da Valéria. Foi ele quem escreveu para o Globo Rural convidando para participar do evento.
“Primeiro eu sou fã da história do vovô. Ele e a vovó tiveram origem muito humilde, venceram na vida, conseguiram juntar um patrimônio para segurar os três filhos aqui. Infelizmente, os netos, eles não conseguiram segurar todo mundo”, conta Roberto. “É uma coisa simples, que para todo mundo é muito simples, mas a gente dá muito valor nisso.”
Aos poucos vão chegando os familiares para começar a preparar a festança.
“É bem trabalhoso, mas vale a pena, né? Porque aqui é feito tudo artesanalmente. Não tem maquinário, a gente casca mandioca na mão, então é diferente da fábrica, é a mesma coisa da tradição, de quem vem de trás”, diz Valéria.
Desde os filhos, aos patriarcas Leonardo e Verinha, todo mundo se reveza na comida. Seja para preparar a farinha de mandioca, tareco, que é uma mistura de ovo, açúcar mascavo, farinha de mandioca e um pouco de creme e de leite, além de rapadura de amendoim e moça do engenho.
Os preparativos da festa duram mais de 24 horas, mas quando chega o dia do aniversário, toda a família se reúne.
O almoço vai ser feijão tropeiro, arroz branco, carne de lata, macarronada e salada. Depois tem todas as sobremesas e o bolo feito por uma sobrinha.
Seu Leonardo arrisca até um poema na hora do discurso do aniversário:
“Um jovem ancião, sentado em pé, em cima de uma pedra de pau. Esse mundo é uma bola quadrada que gira em torno do espaço parado.”
Ao que tudo indica, a grande riqueza que Leonardo e Verinha acumularam durante a vida cabe numa foto: a da família unida, onde todos se respeitam e cultivam o bem querer. Uma história bonita que vai continuar passando de geração em geração.
http://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2018/01/familia-de-agricultores-de-mg-tem-historia-de-trabalho-e-amor-pelas-coisas-do-campo.html

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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