#Um dia dedicado à produção do leite

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Caravanas de diversos municípios das redondezas de Pelotas ocuparam espaços importantes durante todo o dia desta última terça-feira, 5, na Estação Experimental Terras Baixas, no Capão do Leão/RS. A Embrapa organizou o seu Dia de Campo Institucional para tratar da Produção de Leite, congregando as unidades de pesquisa da Empresa que trabalham com produção leiteira, ao apresentarem as mais variadas tecnologias de incremento ao setor. Foram 500 participantes que lotaram as áreas experimentais, preocupados em visitar as quatro estações programadas, com 11 temáticas em estudo, e levar para sua propriedade conhecimento prático.

 

A primeira estação mostrou a importância de se fazer o controle leiteiro, pois é possível identificar os momentos críticos na propriedade ao saber quais são as melhores vacas e a partir daí, estabelecer metas reais. «Um dos entraves no controle leiteiro para o produtor é depois de habituar a realizar a prova zootécnica é saber o que fazer com as informações», revelou a pesquisadora Maira Zanela, da Embrapa Clima Temperado. Ela anunciou que a Unidade de pesquisas vai lançar, em breve, um material informativo, contendo dicas de como processar essas informações pelos produtores de leite.

 

Nesta estação, o estudante do 6o. semestre de Medicina Veterinária da UFPel, Dionatas Barros, de Pinheiro Machado/RS, experienciou sua aula prática em Bovinocultura ao conhecer equipamentos mais modernos de coleta de leite. «Eu não sabia qual a forma de coletar e como fazer as amostrar para realizar o controle leiteiro. Já valeu.», comentou.

 

No mesmo local, foi mostrada a experiência de Sistemas de Criação visando o Bem-Estar Animal. O pesquisador Jorge Schafhauser Júnior, da Embrapa Clima Temperado, e a doutoranda do PPGZ da UFPel, Laila Arruda Ribeiro, mostraram o comparativo de um sistema de criação de terneiras de forma individualizada e de forma coletiva. «O sistema está sendo testado, mas tem revelado o instinto animal, levando em consideração o conforto animal, e as terneiras tem se desenvolvido melhor, inclusive, aumentando o seu sistema imunológico», ressaltou Jorge. Segundo Laila, o experimento vem ocorrendo há 30 dias na Embrapa, e observa-se que neste sistema coletivo os animais estão em maior proteção, pois estão numa condição de maior higiene. Ela vê que o sistema busca adequar a rentabilidade na produção. «Até o momento, neste sistema nenhum animal teve diarréias, é uma fase comum de isto ocorrer», observou.

 

O produtor de leite Ari Fonseca Saraiva, de Posto Branco, em Canguçu/RS disse ter problemas com o aleitamento de terneiras. Ele está trocando a produção de fumo pelo leite. E poder conhecer as vantagens e dificuldades de criação de terneiras em diferentes sistemas foi um aprendizado para ele.

 

Na segunda estação, os produtores puderam visualizar as características das forrageiras recentemente lançadas pela Embrapa como a BRS Kurumi, BRS Ponteio e BRS Resteveiro e inclusive, levaram para casa mudas da BRS Kurumi e de capim-elefante-anão. Esta foi uma das paradas que mais chamaram a atenção do público.

 

Da BRS Kurumi, foi mostrada a forma de manejo às épocas de plantio e uma novidade: a produção em copinhos diferente do cultivo convencional em parcelas. «Estamos abrindo uma oferta pública àqueles que queiram multiplicar e vender essas mudas», declarou a pesquisadora Andréa Mittelmann, da Embrapa Gado de Leite, em função da grande procura de interessados no material forrageiro.

 

«O dia-de-campo faz com que o produtores fiquem por dentro das novidades lançadas no mercado», disse o produtor Glecimar Cravo, de Rio Grande, ao destacar no evento as áreas de pastagens e o manejo de terneiras apresentados ao público.

 

Dentro desta estação, foi abordada as Alternativas de Inverno para uso na Alimentação Animal, apresentada pelo pesquisador Renato Fontanelli, da Embrapa Trigo. Os cereais de duplo propósito e a cultura do trigo tornaram-se referências, como a BRS Tarumã, que possui antecipação na semeadura. «O normal é semear o trigo no mês de junho no RS, mas com essa cultivar é possível semear em abril», ressalta. Para Zolmira Turri, produtora de Arroio Grande, o evento trouxe novidades como as pastagens de trevo branco, os azevéns e o sistema de recria de terneiras.

 

Foi abordado também nesta estação o potencial destes materiais para a produção de leite e a necessidade de suplementos, que complementam o alto valor nutricional desses cereais. «O principal limitante desses protéicos não é mais a proteína, mas sim, a energia quando essas pastagens são bem planejadas», completou a informação o pesquisador Sérgio Junchen, da Embrapa Trigo, ao relatar que alguns produtores já vem utilizando essa prática de suplementação energética nas pastagens de inverno. Já outros, utilizam o grão como suplemento principal como o milho, outros por silagem de milho com alto grão, e em maior escala, a utilização de grãos úmidos.

 

A estação foi contemplada no final com a temática da Qualidade de Sementes de Forrageiras, conduzida pelo pesquisador Gustavo Martins da Silva, da Embrapa Pecuária Sul.

 

Segundo ele, há um processo informal e desorganizado na aquisição e manutenção de qualidade deste material. Ele deu dicas de como adquirir um material de qualidade. «É preciso levar em consideração quatro aspectos fundamentais: genética, física, fisiologia e vigor da semente», explicou. E ainda acrescentou: «É necessário saber manejar a pastagem, ter cuidado com a altura, respeitar as características de cada pastagem e ter atenção aos fatores climáticos». Gustavo ensinou o produtor que para realização de uma boa compra de sementes é necessário conhecer o vendedor, se não for o suficiente, exigir o certificado de qualidade, emitido por lei, das sementes. E mesmo assim, se persistir alguma dúvida quanto a qualidade, é possível o produtor fazer a análise em laboratórios especializados da germinação e da pureza da semente.

 

Certon e campos experimentais

 

À tarde, os produtores foram dirigidos ao Centro de Recria e Seleção de Bovinos da raça Jersey do Sispel (Certon), onde foi apresentada a temática das Técnicas de Reprodução pela pesquisadora Lígia Pegoraro, da Embrapa Clima Temperado, e a extensionista Mara Saalfeld, da Emater/RS-Ascar, as quais receberam muitos questionamentos dos produtores participantes do evento. Elas foram didáticas ao mostrarem a anatomia de uma vaca e um botijão de sêmen. Tudo para elucidar a importância da Inseminação Artificial (IA) na produção leiteira. Também apresentaram técnicas de melhor controle de cio dos animais, através de uso de fitas adesivas aderentes ao lombo do animal, a qual emite um cor vermelha, quando a fêmea atinge o estágio de cio, o que melhora o planejamento reprodutivo do rebanho. «82% é a porcentagem de inseminação com sucesso no gado leiteiro», analisou Mara. Lígia Pegoraro ofereceu aos produtores a possiblidade de reciclarem seus conhecimentos ao participarem de cursos de IA oferecidos pela Unidade de pesquisas e pelo Centro de Treinamento de Canguçu. «Uma das maiores dificuldades nas estratégias reprodutivas, é que os produtores não se atualizam em técnicas, e eles podem ter acesso ao conhecimento, com um baixo investimento», respondeu Lígia.

 

Em outro local, nesta estação, o pesquisador Darcy Bitencourt, da Embrapa Clima Temperado era aplaudido pelos ensimanentos quanto à Seleção de Novilhas Jersey. O tema foi apresentado, também de maneira didática, ao colocar à pista diferentes animais, em termos de fases de recria: estágio inicial, de adaptação à campo, inseminada, vaca parida, vaca 30 meses (2a. cria), vaca 47 meses (3a. cria), vaca 70 meses (4a ou 5a. crias), dando inúmeras dicas práticas aos produtores de leite na conformação dos animais para serem identificados como bons produtores de leite.

 

Para a produtora Leoni Konzgen, da Colônia Osório, de Pelotas, os ensinamentos do dia de campo serviram muito para rotina na propriedade, especialmente o manejo das pastagens para melhorar na produção de leite. «Identificamos que nos falta gestão de manejo e de conhecimento sobre nosso rebanho», falou o filho, e também produtor, Leonardo Konzgen.

 

Nesta mesma estação, foi mostrada uma área de produção de búfalos com aptidão para leite e/ou carne. A pesquisadora Maria Cecília Damé falou sobre um comparativo de proteínas entre o leite de bovinos e bubalinos. «O leite da búfala tem mais proteínas e mais gorduras, porém o nível de produção é bem menor, cerca de 6 a 7 litros por lactação», comenta. Maria Cecília também deu informações sobre a carne, pois há estudos que demonstram que em produção de carne bubalina, os teores de colesterol são mais baixos.

 

Na área experimental desta estação, foi oportunizado também aos produtores conhecerem os resultados do projeto Sistema Pastoris de Produção de Leite, de responsabilidade da pesquisadora Renata Suné, da Embrapa Pecuária Sul. Os Sistemas Pastoris buscam a adequação dos biotipos em nível de intensificação alimentar, desde 2009, tanto vacas em lactação da raça Jersey e Holandês. «Os produtores buscam na Embrapa o modelo para usar em suas propriedade e vejo como positiva essa demanda», confirma.

 

A última estação foi dedicada ao manejo de animais de leite em pastagens do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O pesquisador Jamir Silva, da Embrapa Clima Temperado, tratou neste espaço de passar informações de como manejar as pastagens para ressemeadura e recuperação do solo, além de ajustar a carga animal para qualidade forrageira.

 

As caravanas de produtores de leite participantes vieram de Arroio do Padre, Bagé, Camaquã, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Herval, Pelotas, Pinheiro Machado, Porto Alegre, Rio Grande, São Lourenço do Sul, Santa Vitória do Palmar, Três de Maio e Turuçu.

 

Os parceiros

 

O dia de campo embora seja tradicional nas áreas experimentais da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, é um evento institucional e foi realizado em parceria com as unidades da Embrapa Gado de Leite, Trigo, Pecuária Sul e as cooperativas Coopar, de São Lourenço do Sul, e Cosulati, de Pelotas.

 

«Somos uma empresa nacional e nossa unidade trata do tema leite, então é importante viabilizar um evento de maior porte para trocar experiências. É uma oportunidade para todos nós, para fortalecemos a Embrapa no âmbito de pesquisa», disse a chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia, Stefania Damboriarena, da Embrapa Pecuária Sul, de Bagé.

 

Para o presidente da Cosulati, Arno Kopereck o evento é de improtância, por que o produtor vai ter acesso ao conhecimento. «Nada melhor do que o produtor buscar informação na Casa do Conhecimento que é a Embrapa. Não adianta ter volume de leite e não ter qualidade. E a Embrapa não tem como difundir sozinha, por isso a importância dessa parceria. E hoje, todos esses produtores que estão aqui é por que querem produzir, é quem vamos fomentar», conclamou Arno. «Podemos conviver harmoniozamente para juntos, cada vez mais, fortalecermos a nossa agricultura», declarou o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Cesar Demenech. Já o representante da Coopar, Amilton Strelow falou: «Temos que estar mais atentos por um mundo mais modernizado e para isso, temos que acompanhar para darmos um respaldo ao agricultor».

 

O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon, manifestou o agradecimento pelo trabalho em conjunto de forma significativa entre todas as instituições envolvidas na realização do Dia de campo e colocou à disposição o Laboratório de Qualidade do Leite, estrutura da Unidade de pesquisas que está à disposição de todos os produtores.

 

Fonte: Embrapa Clima Temperado

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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