#SIMLANDÊS: Surge uma nova raça leiteira no Brasil

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No contexto da pecuária leiteira, há quatro fontes de renda em potencial: vendas de leite, de novilhas, de bezerros e de fêmeas selecionadas. Os produtores brasileiros estão ávidos por melhorar o desempenho de seus rebanhos de olho nessas oportunidades de negócio. E para isso precisam de boa produção, úberes sadios e volumosos, baixa contagem de células somáticas e longevidade. Essa exigência mercadológica tem levado criadores e pesquisadores a desenvolver cruzamentos que promovam produtividade em todos esses quesitos.

 

 

 

 

Nos últimos tempos, os produtores de leite têm investido na hibridação de raças europeias com zebuínas (como é o caso do Girolando), mas parece que o cenário deve mudar. Cruzamentos genéticos desenvolvidos nos últimos oito anos por produtores do Paraná ligados ao POOL ABC (Arapoti/Batavo e Castrolanda) – entidade que integra um seleto grupo de cooperativas de sucesso do país formado por 754 sócios – vem aprimorando uma nova raça híbrida com alto potencial econômico. O Simlandês, formado a partir da combinação de genes de animais das raças Simental e Holandês, foi apresentado oficialmente em agosto durante a Agroleite (Castro/PR), umas das principais feiras da pecuária leiteira.

 

Oficialmente o Simlandês surge na capital brasileira do leite, em Castro, mas há mais de 30 anos são realizadas experiências em cruzar as raças Simental e Holandesa, em particular no interior do estado de São Paulo, obtendo animais resultantes do cruzamento absorvente entre estas duas raças. Hoje, porém, o projeto evoluiu para um trabalho totalmente dirigido com o propósito de formar a nova raça.

 

A prática deste cruzamento (Simental x Holandesa) já é comum na Europa há quase quarenta anos e promete ser a alternativa mais consistente tanto para pequenos e médios produtores de leite como para grandes produções, inclusive aquelas que enfrentam problemas com o índice reprodutivo de seu rebanho. O cruzamento industrial da raça Holandesa com a Simental de dupla aptidão, cuja linhagem selecionada para a produção leiteira é chamada de Fleckvieh, resultou no Simlandês, animal 3/8 holandês e 5/8 Simental.

 

 

Experimento nacional

 

Testes realizados em duas propriedades com controle de produção em animais em lactação demonstraram que as características da raça Simental em qualidade de leite são passadas com grande intensidade para as fêmeas F1 (vacas resultantes do cruzamento entre raças puras). As vacas em lactação mostraram excelentes porcentagens nos indicadores zootécnicos de efeito econômico: em média, o leite produzido obteve 3,98% de gordura, 3,45% de proteína e a lactose sempre acima da casa dos 4% com contagem de células somáticas (CCS) muito baixas, isto são 65 CCS, indicando uma excelente sanidade de úberes. A média da Cooperativa está próxima de 450 CCS.

 

“Isto indica que o leite da vaca Simlandês não perde em nada para a vaca Simental pura, e com produção média na primeira cria em torno de 35 litros/dia”, explica Luiz Geraldo Barreto Almeida, coordenador da Agroleite e um dos pesquisadores da nova raça. A vaca F1 mais velha na região de Carambeí pertencente ao criador Alberto Reinaldo Los, Tieta Von Morello de sete anos de idade, está na quinta cria com o menor intervalo entre partos de 345 dias. “Isto mostra uma fertilidade muito boa, vaca esta que teve seu pico de lactação com 70 quilos de leite/dia”, completa.

 

No rebanho de Alberto Reinaldo Los (Fazenda Bela Vista, Carambeí/PR) existem dezenas de vacas na mesma condição, sendo mais de 30% do rebanho composto por animais Simlandês, mesmo ele sendo tradicional criador de vacas Holandesas. O exemplo de Los tem sido utilizado para fomentar o Simlandês, já que ele pretende transformar toda a base de seu rebanho na nova raça, mantendo um plantel de exemplares holandês puro para produção e cruzamento.

 

Fleckvieh na Áustria

 

Mestiços Fleckvieh x Holandês são ordenhados na Áustria, República Checa, Eslováquia, França, Alemanha, Turquia, Itália, Holanda, Canadá, Colômbia, Costa Rica, EUA e no Reino Unido e em toda parte o mesmo cenário: vacas produtivas fortes e duradouras que são rentáveis para os seus proprietários. Em média, a raça Holandesa pode produzir mais leite do que o Simental Fleckvieh. No entanto, este leite é produzido a um custo maior, o que impulsiona a hibridação e o conceito do Simlandês para o mercado, segundo seus idealizadores.

 

Pesquisas feitas na Europa mostraram que a raça Holandesa vem exibindo aumento na endogamia e isso está reduzindo o desempenho reprodutivo. Na Áustria, vacas Simental Fleckvieh precisam de cerca de 15% menos palhetas de sêmen para emprenhar como resultado de uma melhor fertilidade. O Simental também apresenta baixo índice de mastite, custando menos em tratamentos, com menos leite jogado fora e com a consequente perda na produção. Na experiência austríaca, o Fleckvieh apresentou 30% menos CCS que as fêmeas Holandesas. Outro aspecto apontado é que as vacas Fleckvieh, em média, vivem mais do que as Holandesas, cerca de meio bezerro a mais por tempo de vida; em 2.000 vacas, isso é um monte de bezerros extra.

 

O fato é que o cruzamento entre as duas raças proporciona inúmeros benefícios para o rebanho como melhoria da fertilidade das fêmeas, diminuição de problemas de parto, aumento da fertilidade do sêmen e redução intervalo entre partos. O Simlandês apresenta ainda elevados percentuais de gordura e proteína, maior longevidade e produção de vacas resistentes e fáceis de manutenção e a redução de custos veterinários. Outras vantagens são: a qualidade de úbere, os baixos índices de células somáticas, excelente persistência de lactação, boa produção em sistemas de pasto natural e mais valor comercial na venda da carcaça.

 

Alternativa competitiva

 

Aqui no Brasil a diferença é que o Simental já está adaptado ao clima tropical e conquistou seu espaço como uma alternativa competitiva aos cruzamentos hoje feitos com raças zebuínas. “O Simlandês torna-se uma excelente alternativa para a pecuária leiteira brasileira em função do alto teor de sólidos e baixa contagem de células somáticas (CCS), pois com o pagamento por qualidade de leite, estes fatores rendem ao produtor hoje, um acréscimo em torno de R$ 0,06 por litro de leite pago pelo laticínio”, lembra Alan Fraga, criador e presidente da Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil – ABCRSS.

 

O pagamento por sólidos totais (% na forma de proteínas, lactose, gordura, sais minerais e outros componentes de menor presença no leite) é a chave para o Brasil se tornar grande exportador de lácteos, caminho que seguiram a Nova Zelândia e Austrália, para se consolidarem no mercado mundial. “Mesmo tendo somente 30% do leite de vacas Simlandês na Fazenda Bela Vista, o produtor já obteve um aumento significativo no volume total de sólidos produzidos em função dos altos teores do leite destas vacas”.

 

As vacas Simlandês também provaram ter maior longevidade do que a média de vida útil de uma Holandesa HPB: enquanto estas chegam ao máximo próximo dos cinco anos, existem casos comprovados de vacas na Áustria com mais de 15 anos e produzindo. As vacas Simlandês descartadas do rebanho também estão gerando uma renda superior. “A fêmea Simlandês de descarte rende em média 25 arrobas (algo como 375 quilos de carne), que a preços de hoje dá algo próximo de R$ 2.000,00 enquanto uma Holandesa HPB (em lactação) no descarte rende R$ 400,00 no máximo”, aponta Almeida. Mesmo após a lactação as fêmeas mantêm o escore corporal e vão para o frigorífico bem terminadas.

 

Outro fator que faz a diferença é o aproveitamento dos machos F1, que são criados confinados alcançando 500 kg de peso vivo aos 13 meses, dando aos produtores uma renda extra. Bezerros podem ser terminados em confinamento a base de silagem de milho como volumoso e concentrado. Em 18 meses, chegam a pesar entre 18 e 20@ e estão prontos para o abate, com rendimento de carcaça entre 54% e 58% no frigorífico. O bezerro holandês, por exemplo, é vendido na região de Castro/PR ao nascer por R$ 10,00 sem aproveitamento nenhum.

 

Crescimento da raça

 

Para Alan Fraga, presidente da ABCRSS, a expansão e consolidação da nova raça estão baseadas na enorme necessidade que os produtores têm em aumentar seus rebanhos com mais velocidade e qualidade. Segundo Fraga existe uma escassez de novilhas puras no mercado e também há uma dificuldade natural na reprodução dessas fêmeas, fato que impulsiona os criadores a focarem nos cruzados.

 

Almeida já faz suas projeções: “o Simlandês vai ocupar seu devido espaço pelo Brasil principalmente por conta da condição dos pequenos e médios produtores. É preciso corrigir características do rebanho, como habilidade reprodutiva e rusticidade para algumas regiões onde o gado puro não suporta o clima mantendo a produtividade”. Para ele, a bacia leiteira do Paraná, por exemplo, não seria o foco do produto cruzado. “Aqui as propriedades são muito tecnificadas. Mas o rebanho Simlandês vai muito bem onde o produtor tem problema quanto à longevidade produtiva, sanidade e a produção de sólidos no leite. Esta é uma alternativa viável economicamente para atender também o grande produtor”.

 

 

AGROLEITE 2013 – SIMLANDÊS – Grande Campeã

 

Os resultados técnicos apresentados durante a Agroleite 2013 vão reforçar o pedido de registro da raça junto ao Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – encaminhado pela Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil. O processo depende, entretanto, do interesse dos produtores. “É o mesmo procedimento que a associação adotou para o registro do Simbrasil. Vamos acompanhar a evolução e crescimento da população de animais em produção para fazer o pedido do registro do Simlandês como raça”, conclui.

 

Fonte:Associação Brasileira de Criadores da Raça Simental

 

 

 

 

 

 

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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